Notícias | 15 de abril de 2004 | Fonte: Valor Econômico

Universidade do seguro promoverá salto de qualidade

A Fundação Escola Nacional de Seguros (Funenseg) prepara uma revolução no mercado segurador brasileiro. A entidade, encarregada de formar e certificar os corretores, está com tudo pronto para abrir a primeira turma do curso de Bacharel em Ciências Securitárias do Brasil.

Pela primeira vez na história dos seguros no país, os profissionais da área ganharão formação de nível superior – hoje, com exceção dos empresários (nem todos) donos das seguradoras e das empresas de corretagem, e seus principais executivos, a maioria dos profissionais tem nível médio, requisito básico para obter um registro na Superintendência de Seguros Privados (Susep).

O projeto, desenvolvido no ano passado, só depende agora do sinal verde do Ministério da Educação (MEC), onde já está protocolado, aguardando registro. O economista Claudio Contador, secretário executivo da Funenseg e idealizador do projeto, está otimista e espera que o registro saia em maio.

No segundo semestre de 2004, a primeira turma, de 50 alunos, ocupará uma sala no prédio da Funenseg, no Rio de Janeiro. Em 2005, a “universidade do seguro” chegará em São Paulo e as turmas aumentarão. O curso terá três anos de duração e será pago – ainda não está definido o valor da mensalidade. Claudio Contador diz que a idéia é que a “Escola Nacional de Seguros”, como será chamada, seja auto-sustentável.

Como em qualquer curso superior, os candidatos deverão se submeter a um vestibular, de acordo com as regras do MEC. “A vantagem em relação aos cursos atuais é que haverá uma formação mais completa em disciplinas como economia, estatística e atuária”, explica Contador. Com o diploma de bacharel em ciências securitárias, o profissional estará habilitado a atuar como corretor de seguros ou executivo em empresas dos três segmentos em que se divide o mercado – seguros, previdência e capitalização.

A inauguração Escola Nacional de Seguros representa também uma nova fase para a própria Funenseg. Fundada em 1971, a entidade acumulou um patrimônio educacional e cultural tão denso em seguros que é, na prática, a mais importante fonte de informações sobre o setor. Parcerias com outras universidades e convênios com instituições internacionais disponibilizaram cursos de especialização, atualização e até pós-graduação e MBA em seguros.

A Funenseg representa no Brasil o American Institute for Chartered Property Casualty Underwriters (AICPCU) e o Insurance Institute of America (IIA), organizações americanas que oferecem programas educacionais e certificação a profissionais de seguros dos chamados Ramos Elementares (não-vida). Para a área de seguros de vida, há um convênio com a Life Office Management Association (Loma), que abrange desde cursos de especialização a pesquisas e intercâmbio de informações.

“As oportunidades profissionais que se abrem são imensas”, diz o secretário executivo da Funenseg. Claudio Contador avalia que o mercado segurador brasileiro deu um salto a partir de 1994, elevando sua participação no Produto Interno Bruto (PIB) do país de menos de 1% para 3% no ano passado. A expectativa é atingir 5% nos próximos anos.

O mercado de previdência privada simplesmente ignora as crises econômicas e políticas. Enquanto o PIB patinava entre 2% positivos e 0,2% negativo, os negócios em previdência crescem em um ritmo de mais de 40% ao ano. “Trata-se de um dos mercados que mais crescem no Brasil”, afirma o economista, lembrando que no ano passado, em plena crise econômica, o setor de seguros deu um salto da ordem de 23,8% em comparação a 2002. A continuar nesse ritmo, a expansão vai exigir cada vez mais profissionais especializados e bem preparados.

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