Notícias | 16 de julho de 2018 | Fonte: Seguradora Lider

Três perguntas para Idair Antonio Vieira, idealizador da ONG Heitor Rodrigues Graciano

A indenização do DPVAT, recebida pela morte do filho caçula, ficou por meses parada na conta bancária do motorista de ônibus Idair Vieira. “Eu até precisava. Mas não via o que fazer com aquele dinheiro que, para mim, era sinônimo de dor”, conta o mineiro de 53 anos, nascido em Ferros, que 17 anos após o acidente que tirou a vida do pequeno Heitor Rodrigues Graciano, de apenas 5 anos, não contém as lágrimas. No 29 de abril de 2001, um carro dirigido por um menor, embriagado, invadiu a calçada e atropelou os dois filhos de Idair – Daniela, então com 6 anos, e Heitor – e outras duas crianças, que brincavam, no bairro de Vila Nova, na região metropolitana de Belo Horizonte. Os recursos da indenização do Seguro DPVAT fizeram nascer um projeto que hoje presta assistência a 1.300 famílias em situação de vulnerabilidade social, o “Amigos de Minas”, liderado pela ONG Heitor Rodrigues Graciano, idealizada por Idair como homenagem ao filho.

Como surgiu a ONG Heitor Rodrigues Graciano?

Pouco tempo depois do acidente, eu vi uma matéria na TV sobre a seca e a fome na região do Vale do Jequitinhonha mostrando a situação de uma família que estava passando por muitas dificuldades. Essa cidade, de pouco mais de 5 mil habitantes, tem o pior IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do estado. Uma semana depois, a mesma emissora noticiou a morte da mãe dos meninos. Aquilo mexeu muito comigo e, naquele momento, decidi o que eu faria com o dinheiro da indenização do DPVAT: compraria alimentos para doar às pessoas daquela cidade. Mas eu achava que o valor recebido não era suficiente. Na época, eu trabalhava como motorista de ônibus e mobilizei todos para que doassem qualquer quantia para ajudar. A grande maioria doou tíquetes de alimentação, que usamos para comprar 17 mil quilos de alimentos. Meu irmão, que trabalhava numa transportadora de carga, conseguiu que a empresa emprestasse um caminhão para o trajeto até a região e o dono da empresa onde eu trabalhava ofereceu um ônibus que usamos para transportar 40 voluntários para a distribuição dos alimentos. Houve muita solidariedade. Quando retornamos a Belo Horizonte, houve consenso: precisávamos voltar mais vezes. E assim o grupo se estruturou e surgiu a ONG.

Como funciona o trabalho?

Nós atuamos nos 10 municípios com menor IDH do estado, que estão situados no Vale do Jequitinhonha e no Norte de Minas, os mais afetados pela seca. Fazemos viagens a cada três meses – quatro por ano – levando cerca de 130 mil quilos de alimentos no total. A cada visita distribuímos cerca de 1.200 cestas básicas, além de roupas, brinquedos, guloseimas, kits de higiene pessoal e material escolar. A ONG possui um núcleo fixo, atuante, que hoje está organizado em quatro grupos, de 256 pessoas cada, que se comunicam diariamente.

O que mudou depois que a ONG passou a atuar?

Ao lado de políticas públicas de âmbito federal e estadual – hoje temos muitas casas de alvenaria e a distribuição de cisternas plásticas de 10 mil litros capazes de suprir o consumo de água de famílias com até cinco pessoas, por oito meses, por exemplo – as iniciativas dos “Amigos de Minas” têm contribuído para não deixar faltar alimento na mesa de 1.300 famílias. Mas não só: hoje prestamos assistência a algumas clínicas e asilos. Nós promovemos eventos como as festas juninas. Mas é no Natal que temos um dos pontos fortes da nossa atuação: nesse período conseguimos arrecadar muito mais e, somente no ano passado, foram 2.300 cestas. Ainda assim estamos levando uma gota de água para apagar um incêndio. Por isso, qualquer ajuda é muito bem-vinda, pois essas famílias só sobrevivem pelo apoio externo, uma vez que, nessas localidades, ninguém tem condições de ajudar ninguém.

Clique aqui para entrar no site da ONG Amigos de Minas e conferir mais sobre o trabalho.

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