Notícias | 2 de janeiro de 2006 | Fonte: Fonte: JORNAL DO COMMERCIO

Tragédias naturais foram pesadelo para seguradoras

O mercado mundial de seguros teve em 2005 seu ano mais pesado em termos de catástrofes naturais, com perdas estimadas em mais de US$ 75 bilhões, superando de longe os prejuízos recordes registrados em 2004. Essas tragédias também foram as mais mortíferas, com mais de 100 mil vítimas, um número alcançado apenas duas vezes nos últimos 25 anos, segundo um levantamento anual divulgado na semana passada pela segunda maior resseguradora do mundo, a Munich Re. A número um do setor, a Swiss Re, havia mencionado na semana passada cerca de 112 mil vítimas. O número de ocorrências registradas, entretanto, permaneceu estável, em cerca de 650 em um ano, de acordo com a Munich Re.

No total, os prejuízos causados por estas catástrofes deverão ultrapassar os US$ 200 bilhões, dos quais mais de US$ 75 bilhões estão a cargo das seguradoras, acrescenta a resseguradora alemã. A Swiss Re estima que o custo total das catástrofes poderá chegar a US$ 225 bilhões, e as seguradoras deverão desembolsar US$ 80 bilhões.Estas perdas recordes são explicadas por “uma temporada de furacões particularmente intensa e destrutiva”, constatou a Munich Re.

Na zona do Atlântico, em termos de número de furacões e de sua força, “a temporada 2005 supera todas as outras dos anos antecedentes, desde que as medições começaram a ser feitas em 1851”, acrescenta a nota da seguradora suíça. O Wilma, que assolou o litoral do México em outubro, é o furacão mais potente jamais registrado. Já o Katrina, considerado a catástrofe natural mais cara da História, deverá pesar sozinho em torno de US$ 45 bilhões nas contas das seguradoras, segundo a Munich Re e a Swiss Re. O Katrina levou a uma paralisia quase geral das instalações petrolíferas do Golfo do México, e atingiu uma região onde diversos bens estão segurados.

Estes números superam com folga os prejuízos registrados no ano passado, que a Munich Re já havia classificado na época como o ano “mais custoso da História dos seguros”. Os gastos chegaram a US$ 145 bilhões, dos quais as seguradoras tiveram que pagar cerca de US$ 40 bilhões.

A Europa também não foi poupada, com grandes inundações que atingiram em agosto a Alemanha, Áustria e Suíça. Para os suíços trata-se da tragédia mais cara da sua História, com perdas de cerca de US$ 3 bilhões, das quais US$ 1,7 bilhão para as seguradoras, de acordo com a Munich Re. “As catástrofes naturais continuarão, contudo podendo ser asseguradas, considerando-se o fato de que os preços e as condições aumentem com a elevação dos riscos”, considera a Munich Re.

Em termos de perdas humanas, as catástrofes naturais foram também mais mortíferas. O tremor de terra que sacudiu o Paquistão em outubro, por exemplo, causou a morte de cerca de 87 mil pessoas. O terremoto foi o quinto mais devastador do planeta desde 1900, atrás dos que atingiram a China em 1976 (242.800 mortes) e em 1920 (235 mil mortes), o Sudeste Asiático em 2004 (mais de 200 mil) e Tóquio em 1923 (142.800), acrescenta a Munich Re. No futuro, o setor de seguros deverá levar em conta o risco crescente dos furacões, “com um quadro de riscos mais elevados no Atlântico Norte”, região mais prejudicada pelo aquecimento global.

Ainda em relação aos terremotos, um esforço crescente deverá ser feito “para melhorar a prevenção e o controle nas metrópoles” como Tóquio ou Miami que poderão enfrentar tremores de terra maiores, como o que arrasou São Francisco em 1906 e cujo centenário será lembrado no dia 18 de abril.

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