Notícias | 28 de outubro de 2019 | Fonte: Jota

Tecnologia & Trabalho: o futuro profissional do corretor de seguros

Corretor de seguros deve vislumbrar a inovação tecnológica como uma aliada e não como uma inimiga.

Os processos de inovação tecnológica estão reconfigurando diversos mercados profissionais, incluindo os mais tradicionais, como o de seguros. Em outubro de 2018, o Programa de Cadastro de Insurtechs, da Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico mapeou a existência de 78 (setenta e oito) insurtechs atuando no mercado, o que vem gerando novas modelagens de ofertas, distribuição e contratação de seguros.

Insurtech é o termo criado a partir da junção das primeiras letras das palavras Insurance (seguros) e Technology (tecnologia), servindo para indicar as startups que atuam especificamente no mercado segurador, o qual representa cerca de 6% do Produto Interno Bruto no Brasil (CNseg, 2019).

A Superintendência de Seguros Privados (SUSEP), autarquia reguladora do mercado de seguros, observando o crescimento das Insurtechs no Brasil, criou em 2017 a Comissão de Inovação e Insurtech com a finalidade de estudar e discutir temas referentes à tecnologia e inovações relacionados ao mercado de seguros, cujos frutos começaram a ser percebidos mais recentemente.

Desde agosto de 2019, a SUSEP vem emitindo Circulares que permitem novas formas de contratação, como a Circular nº 592 publicada em 29 de agosto de 2019 no Diário Oficial da União que autorizou a contratação de seguros de forma temporária, por semanas, dias, horas ou minutos, contrapondo-se a clássica apólice anual, além de permitir o seguro intermitente, cuja cobertura é definida em intervalos previamente estabelecidos pelo segurado.

Assim, um consumidor que utiliza seu veículo apenas aos finais de semana, ficando o mesmo estacionado em sua garagem nos demais dias pode contratar um seguro de automóvel cuja cobertura ocorra apenas quando se der à efetiva utilização, ficando os outros dias, nos quais não se utiliza o veículo, sem a cobertura securitária.

A forma de contratação por minutos, segundo reportagem da revista Exame, publicada em 17 de setembro de 2019, reduz em até 80% o preço do seguro quando comparado ao seguro tradicional, em decorrência do menor tempo de cobertura da exposição ao risco, o que afeta a sinistralidade e impacta no preço, possibilitando um maior acesso dos consumidores a esse tipo de proteção.

Por seu turno, a Carta Circular Eletrônica nº 2/2019/SUSEP publicada em 16 de setembro de 2019 deixou claro que em casos de contratação direta de seguros, o recolhimento de comissão é opcional. Vale lembrar que o relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) indica que o Brasil possui um dos maiores percentuais de comissão em relação ao prêmio, o qual se encontra em torno de 9,77%. Quando se exclui o produto Vida Gerador de Benefícios Livres (VGBL), o percentual de relação de comissão/prêmio se eleva a 19,80%, conforme se observa pelo gráfico abaixo:

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A possibilidade de contratação de seguros de forma direta por meio de plataformas digitais de uma gama de produtos que podem ser customizados de forma rápida e totalmente virtual pelo consumidor, em um contexto de utilização de bots para realização da maior parte das atividades da empresa aliada ao uso de inteligência artificial e de Machine Learning para desvendar costumes e características dos consumidores, obrigará a uma adaptação do corretor de seguros para sobreviver no novo cenário que se desvela.

O corretor de seguros ainda hoje é a força motriz da distribuição de seguros, mas os novos consumidores, formados por gerações de millennials e Z são cada vez mais afetos a contratações online em detrimentos das presenciais e demandam uma nova forma de relação comercial, principalmente se essa relação proposta for mais dispendiosa do que uma contratação online direta por aplicativo em uma plataforma digital.

O corretor de seguros que permanecer na zona de conforto, replicando fórmulas padronizadas ao longo de décadas de atuação crendo que as ondas inovativas passarão ao largo estará fadado à extinção.

Novas competências como a comunicação e o marketing via mídias digitais, a atualização constante principalmente para conhecer os produtos que surgirão no mercado frente aos novos riscos como os cibernéticos, e um compromisso de garantir uma experiência positiva ao cliente ofertando produtos customizados com base em análise prévia de dados e fidedignos as necessidades reais do segurado, são condições fundamentais para a evolução desse profissional no novo cenário que se aproxima.

O corretor de seguros deve vislumbrar a inovação tecnológica como uma aliada e não como uma inimiga, pois essa tem o poder de ampliar mercados, reduzir custos e eliminar burocracias, podendo transformar o corretor de seguros em um brokertech, o que não somente permitirá sua permanência no mercado, como também possibilitará seu crescimento em um setor que está à beira da disrupção e com potencial de autorregulação.

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