Notícias | 17 de dezembro de 2008 | Fonte: Valor Econômico | SP

Shell fecha seguro de US$ 1 bilhão

O setor de seguros descobriu um novo nicho. Os novos investimentos no segmento de petróleo viraram um dos principais mercados para as seguradoras especializadas em grandes riscos e já registra crescimento de 75% este ano. Um dos contratos mais disputados de 2008 é um projeto da Shell, com valor em risco de US$ 1 bilhão.

Após um concorrido processo, que demorou seis meses, a corretora de seguros Marsh, a maior do mundo, e a Itaú XL, seguradora especializada em grandes riscos, ficaram com apólice milionária. O seguro fará a cobertura dos riscos da construção e montagem dos equipamentos da plataforma do campo BC-10 para a Shell.

O bloco está localizado na Bacia de Campos, no litoral do Espírito Santo, a cerca de 120 km da costa. A empresa de petróleo fará a exploração de quatro campos em um projeto que conta com a parceria da Petrobras (35%) e da petroleira estatal indiana Oil and Natural Gas Corporation (ONGC, com 15%).

O fechamento da apólice não foi dos mais simples. Por envolver a exploração de petróleo em águas profundas (1,7 mil a 2 mil metros), definir os riscos e as taxas foi difícil e envolveu viagens dos corretores e até dos executivos da Shell a Londres, onde está o principal mercado ressegurador para esse tipo de risco no mundo.

Os executivos da Marsh também procuraram resseguradoras especializadas da Índia, Paquistão, Golfo Pérsico e Arábia Saudita, onde estão as maiores reservas de petróleo do mundo. O contrato final contou com a participação do IRB-Brasil Re, maior resseguradora da América Latina, e mais 16 resseguradoras estrangeiras. Do risco, 16% ficaram no Brasil (tanto o IRB quanto a Itaú XL quiseram usar toda sua capacidade de retenção).

Eduardo Takahashi, diretor executivo da Marsh, conta que, por ser um assunto muito técnico e específico, foram inúmeras reuniões com resseguradoras e acompanhamento quase que diário dos executivos da Shell. Além disso, o mercado de resseguros passa por um momento de revisão das taxas, por conta do maior número de sinistros com catástrofes no primeiro semestre. Há ainda o contexto da crise financeira. “Há um movimento de redução de capacidade. As resseguradoras oferecem menos limites e coberturas.”

A Shell lançou a concorrência no primeiro semestre e contou com a participação de seis corretoras. Dessas, três foram finalistas (Marsh, JLT e Lockton). Segundo Leonardo Baeta Neves, gerente de riscos da Shell, o critério de escolha não foi o preço, mas os serviços oferecidos. Escolhida a vencedora, veio a parte mais trabalhosa, que foi colocar o risco no mercado. “Foi uma colocação conturbada. A maioria do risco é em águas muito profundas. Isso dificulta a precificação.” O executivo não revela o valor do prêmio do seguro. “Foram muitos milhões de dólares.”

A primeira extração de óleo vai ocorrer no segundo semestre de 2009. O projeto tem ainda uma segunda fase, com a construção de uma quarto campo. O seguro envolve a cobertura desde a construção dos equipamentos em qualquer lugar do mundo, além do transporte, instalação, montagem e ainda a responsabilidade civil (danos a terceiros).

O segmento de riscos de petróleo é o que mais cresce no mercado de seguros este ano. De janeiro a outubro, os prêmios somaram R$ 193 milhões, alta de 75% em relação a igual período de 2007, segundo a Superintendência de Seguros Privados (Susep). O mercado de seguros cresce 16% este ano.

Na Marsh, o crescimento foi de 30%. A carteira já conta com mais 50 empresas do setor, entre operadoras de petróleo, fornecedoras de máquinas e equipamentos e prestadoras de serviços. Takahashi conta que, desde o anúncio das descobertas do pré-sal, vários projetos apareceram, incluindo a construção de navios petroleiros e projetos de exploração.

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