A implementação de novas regras de controle de solvência deverá aumentar a velocidade do processo de consolidação do setor de seguros. `Com certeza a mudança no arcabouço legal do setor, que visa deixar o mercado brasileiro dentro do padrão internacional, atrairá recursos estrangeiros. Mas a consolidação dependerá da postura dos agentes privados`, diz João Marcelo dos Santos, diretor da Superintendência de Seguros Privados (Susep).
Já o presidente da Mapfre Seguros, Antonio Cássio dos Santos, ressalta os impactos para o setor das mudanças geradas pela Susep. “As estrangeiras já obedecem à filosofia das normas de Basiléia II. As locais terão aumento de custos para cumprir o que chamamos de compliance. Num cenário de queda de rentabilidade incentivado pela redução dos juros, a compensação terá de vir da escala. Aumentar a massa segurada induz à consolidação, que significa aumento da concentração”, frisa.
Na opinião de René Garcia, titular da Susep, as mudanças nas regras de solvência – que envolvem gestão de riscos como mercadológico, de crédito, operacional, legal e de subscrição – são responsáveis por atrair para o Brasil mais capital estrangeiro. `Em poucos anos, o setor deverá ser dominado pelas estrangeiras, principalmente as de capital japonês, pois eles têm grande interesse no Brasil`, diz.
Hoje, no ranking das dez maiores, Bradesco e Itaú são 100% nacionais. A Porto Seguro, há um ano na bolsa, tem boa parte das ações nas mãos de estrangeiros.
São regras que levam a um controle sofisticado de gestão, levando a fiscalização a ser quase individual. `Temos recursos do Banco Mundial para nos aparelhar, ótimos técnicos e tenho certeza de que o governo também irá contribuir para que a Susep fique pronta`, afirma Santos.