Notícias | 5 de outubro de 2005 | Fonte: Gazeta Mercantil

Setor se adaptará às normas internacionais, diz Swiss Re

Informações inadequadas vão acarretar em recusa do risco ou aumento do preço. As seguradoras brasileiras se adaptarão rapidamente às exigências do mercado internacional de resseguro. Essa é a opinião de Fabio Magalhães, Head of Broker Desk Latin America, da Swiss Re, segunda maior resseguradora do mundo e presente no Brasil desde 1997. “As grandes seguradoras do mercado brasileiro que trabalham com riscos que normalmente requerem colocação facultativa nunca tiveram oportunidade de exercitar os mecanismos de contato direto com os resseguradores internacionais. Esta é uma grande oportunidade”, comentou o executivo.

A grande preocupação com a abertura do mercado de resseguros é o que acontecerá com as empresas acostumadas a trabalhar num mercado protegido há mais de 60 anos. O IRB Brasil Re é o único ressegurador autorizado a operar no País até que seja aprovada pelo Congresso a regulamentação da abertura do setor. Para treinar o mercado, o presidente do IRB, Marcos Lisboa, divulgou, em junho, uma circular que estabelece regras para que as seguradoras busquem suporte no mercado internacional de resseguros para os riscos que não recebem amparo nos contratos automáticos do IRB, os chamados riscos facultativos.

Segundo Magalhães, logo após a emissão da circular do IRB várias seguradoras fizeram contato com a Swiss Re para discutir os procedimentos que envolvem a submissão de informações para subscrição e obtenção de cotações. “As primeiras experiências nos mostram que elas logo se adaptarão aos procedimentos de um mercado aberto”, disse.

Segundo o executivo, com o endurecimento do mercado de resseguros de ramos elementares a partir do ano 2000, e principalmente depois dos ataques terroristas em setembro de 2001, o mercado internacional de resseguros retornou às suas bases e, como mandam os manuais de subscrição, voltaram a exigir informações adequadas para subscrição. Como conseqüência, um baixo nível de informação ou estatísticas inadequadas resultam hoje em recusa automática do risco, ou numa penalização do mesmo, seja através de taxas maiores ou de restrições na cobertura, nos termos, e nas condições.

“A lógica é que o tomador do risco (o ressegurador) necessita conhecer todas as suas exposições a fim de precificá-las adequadamente. Quanto maiores as incertezas, maiores serão as chances de recusa, ou o nível de penalização”, disse.

Os risco facultativos oriundos do Brasil, e que necessitam de colocação facultativa no mercado internacional, também têm de se submeter ao mesmo nível de exigência. “Nossa experiência recente com o mercado brasileiro, em que lidamos principalmente com corretores de resseguros, confirma que o nível de informação melhorou muito nos últimos anos”, acrescentou.

Segundo Magalhães, as seguradoras vão passar por um período em que terão que se adaptar à forma de negociar com os resseguradores internacionais. As empresas de resseguro, principalmente aquelas com alto nível de classificação de risco e com maior sofisticação e know-how de subscrição, buscam remuneração adequada para o seu capital, tendo portanto foco no resultado.

“Neste sentido, é fundamental que os processos de subscrição das seguradoras se sofistiquem e se alinhem com aqueles dos principais resseguradores. Cremos que o fato de o IRB estimular o contato direto de seguradoras com resseguradores seja uma boa oportunidade para que esta integração ocorra”, acredita.

Um fato importante para as seguradoras observarem, segundo o executivo, é que por força de exigências regulatórias, de regras de governança corporativa e de “compliance”, e a fim de minimizar seus riscos operacionais, os resseguradores internacionais exigem alto nível de disciplina na documentação e na formalização de cada transação. “Confirmação de coberturas sem documentação apropriada é absolutamente inconcebível para o ressegurador internacional hoje em dia”, afirmou. “As seguradoras brasileiras encontram-se diante de uma enorme oportunidade de se adaptar e operar dentro dos padrões dos mercados mais desenvolvidos, como o americano e os da União Européia. Se deixarem passar a oportunidade, a adaptação já num mercado aberto poderá gerar ineficiências para toda a cadeia”.

kicker: Confirmação de coberturas sem a documentação exigida é inconcebível para os resseguradores de primeira linha

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