Notícias | 25 de agosto de 2020 | Fonte: Sindseg SP

Setor busca manter os bons resultados

Após balanços fortes, empresas se preparam para período desafiador

O Valor Econômico informa que, se nos primeiros três meses do ano o início da pandemia já havia penalizado o resultado das seguradoras, era de se esperar que, no segundo trimestre, momento mais agudo da crise causada pela covid-19 e que causou estrago nos balanços de empresas em vários setores, as companhias responsáveis pelas coberturas de riscos sairiam igualmente machucadas. No entanto, o que se viu foi uma melhora dos números, tanto nos lucros quanto no desempenho operacional e financeiro, que serão difíceis de ser mantidos daqui em diante.

O motivo principal, que teve um peso inesperado, foi a forte redução de sinistros entre abril e junho, devido ao isolamento social. Na Porto Seguro, a sinistralidade do seguro auto, principal produto da companhia, recuou 15,4 pontos percentuais na comparação com o mesmo período de 2019, diante da menor circulação de carros.

Na SulAmérica, o índice de sinistralidade geral do grupo caiu 11,7 pontos na mesma base de comparação. A queda da sinistralidade e a consequente economia com indenizações mais que compensaram a retração nas vendas devido à pandemia.

A Porto, por exemplo, registrou recuo de 6,8% nos prêmios emitidos, quando se consideram todas as linhas, e um recuo de 8,9% no seguro auto frente ao primeiro trimestre. A SulAmérica teve pequena redução de 0,9% nas receitas vindas da principal área da companhia, os seguros de saúde e odonto, na mesma base de comparação.

No caso de BB Seguridade, a maior companhia do setor na bolsa, a situação diverge dos pares de capital aberto, porque a holding de seguros, previdência e capitalização controlada pelo Banco do Brasil, tem um mix de produtos diferente. Na área de coberturas, a companhia tem forte atuação na proteção do setor agrícola, que tem passado relativamente incólume pela crise da pandemia. A previdência privada representa um dos principais negócios do grupo, com peso equivalente ao de seguros em termos de resultados.

“O agro é a parte da economia que não foi afetada pela pandemia e nosso produto tem um impacto grande do financiamento rural”, afirmou o presidente da BB Seguridade, Bernardo Rothe, ao Valor. O seguro rural cresceu 15,9% em prêmios emitidos na comparação anual, mas apresentou alta de 5,3 pontos percentuais na sinistralidade do produto devido às perdas com a estiagem na região Sul do país.

Já a oscilação dos mercados, que havia prejudicado as receitas financeiras de todas as seguradoras no início do ano, mostrou uma recuperação de abril a junho. Daqui para frente, porém, a situação pode ficar mais difícil, segundo executivos do setor. As três seguradoras de capital aberto – BB Seguridade, SulAmérica e Porto Seguro – mais a Bradesco Seguros tiveram um lucro líquido consolidado de R$ 3,5 bilhões no segundo trimestre deste ano, o que representa um crescimento de 52,8% em comparação aos três meses imediatamente anteriores. Já na comparação com o mesmo período do ano passado, houve uma leve queda no lucro de 1,5%. O resultado financeiro, proveniente da aplicação das reservas técnicas, teve a maior recuperação no período, depois de ter sido reduzido pela queda das bolsas no início do ano.

No primeiro trimestre, no acumulado das quatro companhias, ele havia atingido R$ 833,4 milhões, mas saltou para R$ 1,5 bilhão de abril a junho, um crescimento de 82%. “No trimestre passado, após a queda acentuada da bolsa, aumentamos a alocação em renda variável, que era em torno de 5% da nossa carteira, cerca de R$ 500 milhões, para R$ 900 milhões, ou seja, quase dobramos”, disse o vice-presidente financeiro, de controladoria, investimentos e relações com investidores da Porto Seguro, Celso Damadi, em entrevista sobre o balanço ao Valor. A seguradora tinha reportado um prejuízo financeiro no primeiro trimestre de R$ 1,5 milhão, mas lucrou R$ 497,6 milhões no trimestre seguinte.

Já a SulAmérica teve uma melhora significativa da rentabilidade do portfólio de investimentos, que foi de 143,7% do CDI no segundo trimestre deste ano, mostrando recuperação em relação ao primeiro trimestre, quando a carteira teve um retorno de apenas 47,5% sobre o referencial conservador, e ao mesmo período do ano passado, que registrou 113,9%. Já o resultado operacional das quatros seguradoras analisadas, decorrente da venda e renovação de apólices e redução de custos com sinistros e despesas, subiu de R$ 2,5 bilhões no primeiro trimestre para R$ 3,5 bilhões no segundo trimestre, avanço de 37,4%. A elevação reflete a queda nas indenizações, mas também traz um componente de redução de gastos administrativos e operacionais.

No entanto, uma linha em que as seguradoras ainda têm sido impactadas pela crise é na quantidade de prêmios emitidos, que refletem a venda e renovação de apólices, e nas contribuições líquidas para planos de previdência privada. Esses resultados somaram R$ 27,76 bilhões para as quatro seguradoras no segundo trimestre, uma queda trimestral de 12,7% e anual de 14,5%.

Na BB Seguridade, este foi o caso da previdência privada, fortemente impactada pela crise. As contribuições caíram 36,7% no segundo trimestre, em comparação com o mesmo período do ano passado. A captação líquida dos planos PGBL e VGBL alcançou R$ 489 milhões entre abril e junho deste ano, uma forte queda ante os R$ 2,9 bilhões do segundo trimestre de 2019. “A previdência tem um caminho a andar, mas a captação líquida de julho já é a melhor do ano”, afirmou Rothe, da BB Seguridade. “Para frente, vai depender de não ter uma segunda onda de pandemia”, acrescentou.

Devido ao isolamento social, houve redução no pagamento de sinistro por parte das seguradoras. As pessoas têm usado menos carros e evitado procedimentos médicos, como consultas, exames e acesso ao pronto-socorro, o que contribuiu para o resultado das seguradoras.

No caso da SulAmérica, o índice de sinistralidade recuou para a taxa de 69,1% de abril a junho, bem abaixo dos 80,8% um ano antes e dos 81,6% no trimestre anterior. O presidente da SulAmérica, Gabriel Portella, diz que a companhia projeta uma retomada gradual dos atendimentos acumulados, o que diluiria o impacto sobre a sinistralidade nos próximos trimestres. “Esperamos que as frequências represadas se somem ao retorno das frequências normais”, afirmou durante apresentação dos resultados.

O executivo Vinicius Albernaz, presidente da Bradesco Seguros, tem outra percepção sobre os sinistros. “É provável que as receitas de prêmios e contribuições voltem a crescer de escada, enquanto os sinistros subirão de elevador”, afirmou durante teleconferência com analistas.

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