Notícias | 16 de novembro de 2005 | Fonte: Correio Braziliense

Seis meses do escândalo Correios/Mensalão

O que falta saber

A CPI ainda não traçou a radiografia completa do esquema montado por Marcos Valério para operar o Caixa 2 das campanhas eleitorais do PT e do PSDB nem como funcionou o ?mensalão? ? o suposto pagamento de mesada a deputados alidados ao governo para aprovar aprovar leis de interesse do Palácio do Planalto. As operações bancárias realizadas pelos fundos de pensão de estatais e pelo Instituto de Resseguros do Brasil (IRB) não foram inteiramente analisadas. Não foram investigadas a movimentação financeira em paraísos fiscais feitas por Marcos Valério.

A origem do dinheiro

O primeiro relatório setorial sobre movimentações financeiras aponta quatro fontes potenciais de financiamento do esquema montado por Marcos Valério. A primeira é o Banco do Brasil, que antecipou R$ 35 milhões ao publicitário para que a DNA Propaganda fizesse a publicidade do cartão Visa-Ourocard. A segunda fonte são os contratos de publicidade da agência de Valério com os Correios. A CPI suspeita de superfaturamento nos preços dos serviços prestados.

A terceira pode ter sido o setor privado. A quarta fonte seria a bonificação recebido por Valério nos contratos de publicidade ? entre 10% e 20% dos R$ 150 milhões que ele movimentou entre 2003 e 2005.

Investigação atrasada

A bancada do governo adiou várias vezes a quebra de sigilo bancário e a convocação de suspeitos de envolvimento no valeriduto. A CPI recebeu um mar de documentos oficiais, mas custou a montar um bom corpo de técnicos e de peritos para analisar as informações obtidas. Nos primeiros meses, não houve agilidade na troca de informações entre a CPI e a Política Federal, que abriu um inquérito para investigar a corrupção nos Correios. As empresas telefônicas enviaram relações de telefonemas em formatos diferentes e atrasaram a remessa de informações sobre alguns nomes. Custou a chegar a movimentação bancária integral de Marcos Valério.

Os fujões

O presidente do PL, Valdemar Costa Neto (SP), foi o primeiro a renunciar, no dia 1º de agosto. Foi acusado de receber R$ 10 milhões do PT. Ele afirmou que usou o dinheiro para cobrir despesas de campanha. Bispo Rodrigues (PL-RJ) renunciou no dia 12 de setembro, sob a acusação de ter recebido R$ 400 mil de Marcos Valério.

Ex-líder do PT, acusado de receber R$ 920 mil, Paulo Rocha (PA) renunciou na véspera da abertura do processo no Conselho de Ética. O ex-líder do PMDB José Borba (PR) renunciou no mesmo período, depois de ser acusado de ter sacado R$ 2,1 milhões das contas do publicitário.

O cassado

O ex-presidente do PTB Roberto Jefferson (RJ) não conseguiu provar a existência do ?mensalão? nos moldes que havia denunciado e foi cassado pelo plenário da Câmara no dia 14 de setembro por 313 votos ? 56 a mais do que o mínimo necessário. Ele não informou para quem entregou os R$ 4 milhões que confessou ter recebido do esquema de Caixa 2 do PT. Ficou inelegível até 2015, quando terá 62 anos, e só poderá concorrer a cargo eletivo nas eleições municipais de 2015. Disse que seria o único cassado.

O absolvido

Acusado de ter oferecido R$ 1 milhões mais uma mesada de R$ 30 mil para que a deputado Raquel Teixeira (PSDB-GO) ingressasse no PL, o líder do partido na Câmara, Sandro Mabel (GO), foi absolvido pelo plenário da Câmara por 340 votos, no 9 de novembro, por falta de provas. O Conselho de Ética havia recomendado, por unanimidade, a sua absolvição.

No corredor da morte

Aguardam julgamento por suposto envolvimento com o esquema de Caixa 2 do PT os deputados João Paulo Cunha (PT-SP), que recebeu R$ 50 mil; José Janene (PP-PR), que teria recebido R$ 4,1 milhões por intermédio do assessor Cláudio Genu; Pedro Corrêa (PP-PE), responsável pelos repasses feitos ao Diretório Nacional do PP; José Mentor (PT-SP), que recebeu R$ 120 mil por intermédio do seu escritório de advocacia; Romeu Queiroz (PTB-MG), acusado de ter recebido R$ 350 mil; João Magno (PT-MG), que confirma ter recebido R$ 426 mil; Roberto Brant (PFL-MG), que recebeu R$ 103 mil; Professor Luizinho (PT-SP), beneficiado com R$ 20 mil; Pedro Henry (PP-MT), acusado de ser beneficiado com parte do dinheiro repassado ao PTB; Vadão Gomes (PP-SP), que teria recebido R$ 3,7 milhões; Wanderval Santos (PL-SP), cujo assessor Célio Siqueira sabou R$ 150 mil.

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