Notícias | 16 de abril de 2014 | Fonte: Estado de Minas

Seguros rumo aos 6% do PIB

Em 1808, quando o Brasil ainda era colônia portuguesa e abriu seus portos ao comércio internacional, desembarcou também, no país tropical, a atividade seguradora. Na bagagem, cruzava o oceano o conceito da proteção e redução de riscos, novidades para o país que se abria para a atividade comercial e acabava de receber dom João VI e a família real portuguesa. Mas desde que a Companhia de Seguro Boa-Fé, primeira a se instalar no Brasil, chegou ao país, inaugurando aqui suas operações no século 19 — mais propriamente em fevereiro de 1808 –, o mercado se transformou e, nos últimos 20 anos, pode-se dizer que tem experimentado uma euforia traduzida em um crescimento que marca seus 200 anos de história.

Há cerca de duas décadas, a atividade seguradora representava pouco menos de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. Em 2014, a expectativa do setor é alcançar percentual próximo aos 6% do PIB. Impulsionado pelo mercado de trabalho aquecido, pelo crescimento da renda e pela ascensão social de cerca de 50 milhões de brasileiros, o país se tornou um mercado fértil e promissor, onde mais de 50% da população está incluída na classe média.

Atraídos pelo potencial da sétima economia do mundo, desembarcaram no Brasil, nas últimas duas décadas, gigantes mundiais do setor como Swiss Re, Berkley, Liberty Seguros e United Health Group. Mais de 170 seguradoras, além de aproximadamente 100 resseguradoras, atuam no país, que ocupa a 13ª posição no ranking mundial.

Em 2014, alimentado também por grandes eventos como a Copa do Mundo e as obras para as Olimpíadas, o mercado de seguros brasileiro deve atingir R$ 250 bilhões em prêmios (prestações pagas pelo segurado para contratação da proteção), alcançando uma participação de 5% no Produto Interno Bruto (PIB), de acordo com estimativas do secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Paulo Rogério Caffarelli.

Se confirmadas as projeções do governo, o número pode representar crescimento superior a 12% em relação ao resultado visto em 2013. Até o fechamento deste caderno, os indicadores do mercado referentes a 2013 ainda não haviam sido consolidados pela Superintendência de Seguros Privados (Susep), mas a expectativa é que os prêmios consolidados no ano passado somem uma massa de R$ 222 bilhões.

“Nossa expectativa é que o mercado segurador brasileiro tenha crescido perto de 15% em 2013 e próximo de 14% em Minas”, estima Luiz Carlos Gomes, vice-presidente do Sindicato das Seguradoras de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Distrito Federal (Sindseg). Há mais de 50 anos o sindicato atua no setor de seguros privados, de capitalização, resseguros e previdência privada complementar. Segundo o executivo, a expectativa é que, no fechamento deste ano, o segmento atinja entre 5,5% e 6% do PIB, sendo que Minas Gerais representa 8% do total que o mercado movimenta em prêmios, aproximadamente R$ 20 bilhões.

A atividade no país é impulsionada pelos seguros gerais, seguros de pessoas e previdência complementar, saúde e planos de capitalização. De acordo com o Sindseg-MG, Minas Gerais movimenta cerca de R$ 3,8 bilhões em seguros gerais, liderados pela carteira de automóveis; R$ 6,5 bilhões em seguros de vida e previdência; e outro R$ 1,8 bilhão em planos de capitalização. Os números para o segmento de seguros de saúde e odontológico ainda não foram fechados.

“Nosso dessafio agora é oferecer seguros cada vez de forma mais simples e adequada para o consumidor, desenvolver novos canais de distribuição, assim como desenhar novos produtos para atender à demanda de todas as classes sociais, especialmente da classe média que soma mais de 100 milhões de brasileiros”, afirma Gomes.

Levantamento realizado pelo grupo de seguros Munich Re (Insurance Market Outlook 2013) aponta que o mercado global de seguros vai crescer fortemente nos próximos anos e com impulso ainda maior nos mercados emergentes. Índia e Brasil, segundo o estudo, estarão entre os 10 primeiros no ranking de seguros primários. Em 2010, eles ocupavam a 14ª e a 15ª posições, respectivamente. Segundo o mesmo levantamento, em 2020 o Brasil ocupará a 8ª posição no mercado mundial, liderado pelos Estados Unidos.

“Desde o início do Plano Real, a atividade seguradora no Brasil experimenta grande crescimento, impulsionado pela estabilidade econômica e aumento da massa salarial, além de investimentos externos, fatores que passaram a demandar, com cada vez maior intensidade, a proteção”, diz Maurício Tadeu Morais, professor da Escola Nacional de Seguros na Unidade Regional Minas Gerais. Segundo ele, os maiores grupos seguradores do mundo, sejam alemães, suíços, japoneses, franceses, argentinos, estão hoje presentes no Brasil. “As grandes coqueluches desse mercado estão ligadas aos benefícios. São os setores ligados aos seguros de vida, previdência complementar, seguros de saúde e odontológicos.”

De acordo com o especialista, a atividade é importante para a formação de reservas e de poupança interna, o que pode ser traduzido em investimentos, de infraestrutura a educação.

Presidente do Clube de Seguros de Pessoas de Minas Gerais (CSP-MG), Hélio Loreno reforça que a venda adequada de seguros aos consumidores é fundamental para a prosperidade do setor. Nesse sentido, o esforço tem sido para qualificar os corretores, figura que está em contato direto com o cliente. “Com uma correta avaliação do perfil de cada consumidor ou família é possível orientar a população para adquirir produtos realmente essenciais e adequados ao seu perfil.” Segundo o executivo, o Clube de Seguros tem investido na capacitação dos agentes. “Apesar da melhora alcançada, estamos conscientes de que ainda há muito o que fazer para reforçar a cultura do seguro entre os brasileiros.”

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