Notícias | 18 de abril de 2016 | Fonte: Guilherme Horn - Estadão

Seguros personalizados

segurosA forma como contratamos seguros tem sido a mesma há muitas décadas. Seguro de carro, casa, vida, seja lá qual for, a evolução tecnológica aparentemente provocou mudanças muito pequenas no setor. Um executivo que pratica disciplinadamente exercícios todos os dias provavelmente paga o mesmo valor de plano de saúde que seu colega sedentário, por estarem na mesma faixa etária, mesmo oferecendo riscos de saúde diferentes. Mas isto está mudando e o que assistiremos, em breve, é uma grande revolução nesta área, que já está acontecendo nos EUA e na Europa.

A startup norte-americana Metromile é um exemplo. Ela cobra seguro do carro em função da quantidade de milhas que o segurado dirige. A página inicial do site explica: “o principal indicador de risco para um motorista é o quanto ele dirige. Logo, se você dirige pouco, você deveria pagar menos pelo seu seguro.” Segundo o site, 65% dos motoristas pagam prêmios mais altos para subsidiar uma minoria que dirige mais. Pelo modelo de negócios da Metromile, o segurado paga uma taxa fixa de U$30 por mês e mais U$0.32 por milha dirigida. Isto representa em média uma economia de U$500 por ano para cada segurado. Mas como a empresa faz a medição da quilometragem? Aqui entra a tecnologia: ela fornece um dispositivo, que é facilmente instalado no carro e que passa a enviar a um aplicativo no smartphone do usuário, uma série de informações sobre o carro e sobre a forma como o motorista o está dirigindo, dando inclusive recomendações para economizar combustível ou aumentar a vida útil das peças.

A Sureify é um outro exemplo bastante interessante. Ela vende um seguro de vida, em que o preço varia em função da atividade física que o segurado pratica. Funciona da seguinte forma: o usuário contrata um seguro básico e, dias depois, recebe em sua casa uma pulseira fitbit e uma balança Aria; ambos são dispositivos wi-fi. A pulseira vai monitorar seus passos, consumo de calorias, batimentos cardíacos, enfim, toda a sua atividade física, para inferir como isto influencia sua saúde. E a balança vai checar seu peso, massa corporal e índice de gordura. Usando estas informações, a empresa vai dar desafios ao segurado e, na medida em que ele os atinge, ele recebe em troca reduções no preço do seguro. Não é fantástico?

O que vemos nestes dois exemplos é o uso da análise de dados em tempo real (Analytics, como chamamos tecnicamente) para se prover ofertas mais personalizadas, com preços mais justos. Em vários setores da economia, os preços variáveis começam a ganhar espaço. Por exemplo, quando há poucos motoristas do Uber disponíveis numa determinada área e uma grande demanda por carros, o preço sobe e o Uber informa que a tarifa naquele momento está 1,2 ou 1,4 ou até 3,0 vezes o valor normal. Cabe ao usuário decidir se topa pagar o preço acima do normal ou não. No setor de turismo, isto já acontece há bastante tempo, com os períodos de alta e baixa temporada. Nestes casos, os preços são variáveis em função de oferta e demanda. No caso dos exemplos de seguros acima, estamos falando de uma nova forma de preço variável, baseado na personalização, na forma como o usuário utiliza o serviço. Como em seguros, este tema está diretamente relacionado ao risco, aqui está uma das grandes contribuições que pode vir do uso intensivo de tecnologia. Um exemplo é a startup canadense OutsideIQ, que utiliza Inteligência Artificial para reconstruir modelos de risco. E assim poder prover, para seguradoras, por exemplo, a possibilidade de oferecer seguros muito mais adequados a cada pessoa.

Estamos ou não diante de um novo mundo para o setor de seguros?

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