Notícias | 1 de abril de 2004 | Fonte: Valor Econômico

Seguro do automóvel pode ficar mais flexível e barato

Os corretores e seguradoras iniciaram uma discussão que poderá representar mudanças importantes para o consumidor de seguro de automóveis. A idéia, diz Marcus Vinicius Martins, vice-presidente de Automóveis e Massificados da Sul América Seguros, é criar produtos mais flexíveis, com coberturas limitadas ou restritas a riscos muito específicos, o que poderá tornar mais barato o seguro do carro.

A discussão aconteceu recentemente, durante o XIII Congresso Nacional dos Corretores de Seguros, em Brasília. Representantes dos corretores e das seguradoras criaram uma agenda de trabalho cuja linha mestra é encontrar uma forma de massificação do seguro de automóveis, com produtos diferenciados e o combate à fraude, que hoje consome perto de 25% das indenizações pagas pelas empresas.

“Queremos oferecer um produto mais enxuto, mostrando ao segurado que ele está comprando o que ele usa efetivamente”, explicou Martins.

Por trás dessa iniciativa está o fato de que as vendas de seguros de carros caíram muito no ano passado, em função da retração da atividade econômica e aumento do desemprego. Sem dinheiro, as pessoas pararam não só de comprar carros como deixaram de lado a manutenção e a segurança dos veículos usados.

A frota de veículos em circulação no país é estimada em 25 milhões de unidades. Destes, cerca de 14 milhões são os automóveis alvo do seguro – porque são zero quilômetro ou têm mais de quatro anos e menos de dez. No entanto, hoje só oito milhões de carros estão no seguro.

A questão é como incluir todos esses 14 milhões (e ainda aumentar esse número), sem ficar na dependência do “espetáculo do crescimento” do governo – em que o desemprego diminua e as pessoas tenham mais renda para gastar. O único jeito é reduzir o preço para o consumidor. Martins explica que a identificação e seleção dos riscos permite que se contrate coberturas específicas, que atendam à necessidade do comprador. “Mas eu só consigo oferecer produtos mais baratos diminuindo as coberturas. Não tem mágica”, avisa.

Esse argumento merece uma reflexão por parte dos consumidores. Se o dono do automóvel mora em São Paulo ou no Rio, não tem jeito: tem de contratar a cobertura contra roubo, que é a mais cara porque o risco é alto nestas cidades. No entanto, se a pessoa mora em uma tranqüila cidade do interior, só usa o carro para se locomover durante o dia, deixa o veículo guardado o tempo todo, seu risco de roubo é muito pequeno. Nesse caso ele poderia abrir mão da cobertura de roubo, o que poderia baratear muito o preço do seguro.

As coberturas de Responsabilidade Civil (RC) também podem ser repensadas. “A RC está muito ligada à maneira das pessoas dirigirem”, explica Martins. Aqueles mais responsáveis, não aceleram muito, não bebem antes de dirigir, seguem rigorosamente as leis de trânsito, têm muito menos chance de causar danos a terceiros (que é a cobertura básica dos seguros de Responsabilidade Civil).

As estatísticas mostram que mulheres com mais de 35 ou 40 anos de idade, casadas, com filhos, têm esse perfil, são mais cautelosas que todos os outros grupos de motoristas. E também os homens acima dessa faixa de idade, chefes de família. Pessoas assim, poderiam contratar uma cobertura de RC mais baixa, diminuindo o preço final da apólice.

As companhias de seguros já se convenceram de que é necessário “inovar”, trabalhar melhor os produtos, se quiserem vender mais. Martins avalia que o empenho do mercado em massificar o seguro de automóvel é grande e que não há empecilhos regulatórios ou tributários. Segundo ele, a Sul América estará lançando seu produto massificado ainda antes do segundo semestre.
Autor: Janes Rocha

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