Notícias | 24 de março de 2023 | Fonte: Infomoney

Seguro de motos cresce 43% no país; veja como contratar proteção adequada

Modalidade já foi considerada, por muitos anos, de difícil viabilidade entre as seguradoras

A demanda aquecida dos consumidores na compra de novas motocicletas tem refletido no mercado de seguros, que registra alta também na contratação de apólices para proteger esses bens.

De acordo com dados da Fenabrave, divulgados no início de março, as vendas de motos cresceram 34,1% em fevereiro na comparação com o mesmo mês de 2022, devido à expansão dos serviços de entrega (delivery) e à busca do consumidor por veículos não só mais baratos, mas também mais econômicos no consumo de combustível. Para a entidade, o apetite deve persistir em alta em 2023.

Os números da FenSeg (Federação Nacional de Seguros Gerais) mostram que, de dezembro de 2020 a junho de 2022, houve um aumento de 43% no volume de motocicletas seguradas, chegando a representar 6% do total de veículos segurados, ou 1,2 milhão dos cerca de 20 milhões de veículos que contam com proteção securitária do setor.

“É um crescimento expressivo, já que a frota total segurada nesse período se manteve”, diz Marcelo Sebastião, presidente da Comissão de Automóvel da Federação, que acredita no aumento das contratações de seguros acompanhando a demanda aquecida da compra de novas motos.

Vale lembrar que esta modalidade foi, por anos, um seguro de difícil viabilização, por ser considerado um risco alto pelas seguradoras, tornando a apólice muito cara de ser contratada comparada ao valor do bem. Este cenário vem mudando desde 2020.

A Santander Auto, seguradora criada em 2019 inicialmente para atender os clientes da Financeira Santander, segue apostando na demanda aquecida de novas vendas. A companhia iniciou a comercialização de seguro para motos esportivas, de 450 cilindradas, no começo da pandemia de Covid-19, mas foi percebendo também aumento na procura por seguro de motos mais leves, como scooters, e passou a aceitar esse risco também.

“Hoje a carteira de motos representa mais ou menos 40% do nosso portfólio. Trabalhamos em um nível de cooperação e parceria muito forte com todo o ecossistema do Santander”, conta Denis Ferro, CEO da companhia. A parceria, como financiadora, com três montadoras de motos reflete também no desempenho das vendas de seguros para o setor. Segundo o executivo, mais de um quarto das motos
financiadas pelo Santander são seguradas pelo braço de Auto. Além disso, 30% da base nunca tinha contratado proteção securitária.

As coberturas contratadas variam conforme a categoria do veículo. As motos mais pesadas, geralmente usadas para lazer, adquirem o seguro completo – ou seja, o compreensivo, que cobre perda total e parcial, além de danos causados a terceiros. Quem tem scooter e utiliza com o foco de facilitar a locomoção pelas cidades, facilitando a mobilidade urbana, também contrata o seguro compreensivo.

Já a maioria dos proprietários de motos intermediárias optam pela garantia contra roubo e furto. O que tem acontecido desde o ano passado, segundo Ferro, é o aumento nas contratações de coberturas contra incêndio, furto e roubo nas motos “de entrada”, ou seja, as de baixa cilindrada, cuja demanda maior era apenas por cobertura de danos a terceiros.

Normalmente são aquelas utilizadas para facilitar a locomoção ou mesmo para o trabalho. “Tem o cliente que usa para duas atividades, em um período do dia para ir ao trabalho e depois para fazer entregas. Isso falando do estado de São Paulo. Em outros estados, o perfil é distinto. Normalmente no Nordeste, Norte e algumas regiões do interior de São Paulo, é para locomoção diária sem uso para trabalho”, complementa.

De 2021 para 2022, a demanda por contratações de seguros para motos em geral cresceu 55%. Entre os novos segurados, dobrou a compra do seguro completo. Já entre os clientes que resolveram ampliar a cobertura na renovação, optando por mais proteção além da garantia contra danos a terceiros, avançou em 15%.

Mesmo, segundo Ferro, em um cenário no qual, proporcionalmente, pelo valor do bem, o seguro da moto é mais caro. Comparando um carro que custa R$ 50 mil e uma moto também de R$ 50 mil, o seguro do automóvel acaba girando em torno de 3,5% a 4% desse valor, enquanto para moto sai quase o dobro disso.

Janaína Iziquiel, diretora de marketing e comunicação da Suhai Seguradora, companhia que oferece essa modalidade de seguro há cerca de 10 anos, concorda que o custo da proteção no Brasil ainda é relativamente alto em comparação com outros países, devido aos altos índices de sinistralidade (relação entre o custo por acionar o seguro – sinistro – e o valor que seguradora recebe do segurado – prêmio) envolvendo motocicletas. A sinistralidade considera o número de roubos e furtos. “Infelizmente o índice de roubos de moto continua sendo alto.

Segundo os últimos números do IBGE, o Brasil registra a cada hora 64 roubos ou furtos de moto e carro. “O índice de roubos de motos pode variar de acordo com a região, mas ainda é uma realidade”, comenta Janaína. Só para se ter uma ideia, o estado de São Paulo registrou mais de 39 mil roubos e furtos de motocicletas em 2022, 38% a mais do que o verificado em 2021, segundo o Boletim Tracker-Fecap. A principal alta foi na modalidade de furto, 42%, que também apresenta um volume maior de eventos, na comparação com roubos, que cresceu 30%.

Não é raro encontrar relatos de quem utiliza a moto como meio de trabalho, realizando entregas, entre as vítimas de roubo e furto. Marcelo Sebastião, da FenSeg, diz que “atualmente o mercado segurador ainda não possui produtos para esse tipo de uso, no caso, para exercício da atividade profissional, mas estuda possibilidades para o futuro”.

O que existe atualmente são iniciativas mais discretas. No iFood, por exemplo, que hoje tem 200 mil profissionais ativos na plataforma, há a oferta de dois tipos de seguro: o pessoal e para moto. A empresa informa que desde 2020 os entregadores têm à disposição o Seguro Moto, que concede até 12% de desconto em uma seguradora parceira – a Suhai.

A cobertura contempla roubo ou furto com cobertura FIPE para as duas ocasiões; perda total do veículo em perda total e até acidentes parciais. Para os casos que envolvem falta de infraestrutura e incidentes do cotidiano nas cidades como buracos, asfalto irregular, perda de chave, entre outros, o seguro oferece assistência 24 horas para chaveiro e reboque.

Além do Seguro Moto, desde 2019, o iFood oferece para todos os entregadores da plataforma, gratuitamente, um seguro para acidentes pessoais com cobertura médica, odontológica e hospitalar, além de casos de invalidez e morte.

Dentro destes seguros, os entregadores contam com coberturas contra:

  • invalidez parcial ou permanente e morte acidental;
  • lesão temporária;
  • auxílio funeral;
  • auxílio para educação dos filhos;
  • e indenização em casos de câncer de mama e de colo do útero para as mulheres.

A adesão aos seguros oferecidos pelo iFood é automática e realizada assim que o cadastro dos entregadores é ativado na plataforma. “Atento às demandas desses parceiros, a empresa tem realizado diversas ações para atender aos pleitos dos entregadores, com foco principalmente
em valorização do trabalho, ganhos, segurança, educação e bem-estar”, diz Stella Chamarelli, diretora de experiência do entregador. Ela conta que, em 2022, a plataforma pagou mais de R$ 20 milhões em indenizações.

Iniciativas que visem oferecer alguma proteção mínima aos entregadores são importantes, uma vez que os números de mortes por acidentes de trânsito no país são relevantes. Estudo de pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais, da Universidade Federal de Goiás, da Universidade de Brasília, do Ministério da Saúde e da University of Washington constatou aumento de 53% nas taxas de mortalidade de motociclistas, concluindo ainda que o Brasil pode não atingir a meta dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) de reduzir as mortes por acidentes de trânsito em 50%.

O estudo foi coordenado pela Escola de Enfermagem da UFMG e avaliou as tendências temporais das taxas de mortalidade de 1990 a 2019, calculando uma projeção para 2030.

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