Presidente do sindicato da categoria alega aumento da criminalidade na capital do país, mas dados da Secretaria de Segurança Pública indicam exatamente o contrário
O preço do seguro de carro em Brasília no ano passado apresentou o maior salto entre as 13 capitais pesquisadas pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A inflação consolidada de 2015, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), indica um reajuste de 18,07% na contratação de seguros de veículos no Distrito Federal no acumulado do ano: no país, o custo médio do serviço recuou 0,65%.
O ranking é assustador para os brasilienses, uma vez que o segundo maior aumento, registrado em Salvador, foi bem menor, de 7,20%. Além disso, em seis capitais, incluindo a vizinha Goiânia, contratar seguro ficou, em média, mais barato em 2015, de acordo com a análise do IPCA.
Ao renovar o seguro, em setembro de 2015, o bancário Daniel Matos, 31 anos, levou um susto. Mesmo com o bônus atrelado à renovação do serviço, recebeu do banco uma cotação mais cara do que a do ano anterior.
“Não consigo entender. O carro ficou mais velho, renovei com a mesma empresa e ainda pago mais? Acho um absurdo. Mas seguro é assim: é pagar ou pagar”, comenta.
Sinistralidade
O reajuste no Distrito Federal é justificado pelo presidente do Sincor-DF (Sindicato dos Corretores de Seguros, Empresas Corretora de Seguro, Capitalização e Previdência Privada no DF), Dorival Alves de Sousa, em função do índice de sinistralidade, ou seja, do percentual de prêmios utilizados para pagar sinistros.
Sousa também atribui o encarecimento do seguro aos índices de roubo e furto de veículos. Ocorre que, ao contrário do argumento, de acordo com o balanço de 2015 da Secretaria de Segurança Pública e da Paz Social, os roubos de carros no DF recuaram 32,5% no ano e os furtos em carros, 29,5%.
“Esse aumento está dentro das condições normais, no meu entender”, defende, alertando ainda para a inflação em itens de manutenção e de peças de veículos e na mão de obra.
Segundo o presidente do Sincor-DF, o custo do seguro pode aumentar mesmo com o carro ficando mais velho porque, na avaliação das seguradoras, os clientes cuidam melhor dos veículos novos.
Pesquisa
O presidente do Ibedec (Instituto Brasileiro de Estudo e Defesa das Relações de Consumo), José Geraldo Tardin, recomenda que se faça bastante pesquisa antes de contratar o seguro e orienta a procura por empresas mais conhecidas no mercado.
“É importante saber se a empresa tem experiência no ramo e verificar as reclamações contra ela”, pontua.