Notícias | 4 de agosto de 2015 | Fonte: POR ANA PAULA RIBEIRO - o Globo

Seguro contra perda de renda, proteção em tempos de crise

Cobertura pode incluir pagamento de aluguel ou prestação de bens

SÃO PAULO – Marcelo Cunha do Amaral estava satisfeito com o seu trabalho de assistente administrativo na Petrobras, no Rio, e não vislumbrava a possibilidade de perder o emprego, embora não fosse concursado. Mesmo assim, no início de 2014, ao negociar a renovação do contrato de aluguel, achou interessante pagar um valor adicional que lhe garantiria que, caso perdesse a renda, a seguradora assumiria esse compromisso por um determinado período. E foi o que aconteceu em março, quando ele passou a fazer parte do índice de desemprego do país.

— A imobiliária ofereceu esse seguro, e achei interessante. Foi a primeira vez que contratei e no mês seguinte à minha demissão já procurei a seguradora. Ajudou, porque ainda não consegui encontrar outro emprego — diz Amaral.

Ele conta que o valor da indenização foi suficiente para três meses das despesas com o imóvel (aluguel e condomínio), cerca de R$ 3,6 mil — sendo que ele pagava por essa proteção, mensalmente, R$ 11,65.

. – Criação internet

PLANEJAMENTO FINANCEIRO

Esse tipo de proteção, atrelado à perda de renda ou à incapacidade temporária de trabalho, pode ser útil em um cenário de maior instabilidade econômica. No caso dos seguros prestamistas, que arcam com o valor das prestações de um contrato (crediário, mensalidade escolar ou aluguel), boa parte está atrelada ao risco de desemprego, no caso de profissionais que trabalham com registro em carteira. No caso de profissionais liberais (médicos, advogados) ou autônomos, é mais fácil encontrar seguros que pagam uma indenização quando ocorre um afastamento temporário do trabalho, por doença ou acidente.

— É um mercado que vem crescendo, mas é claro que, em época de maior instabilidade financeira, esses produtos têm um apelo maior. O cliente que não pensava nisso, quando conhece essa cobertura passa a pensar nessa possibilidade (de perda de renda) e considera a contratação dessa cobertura — diz Karina Massimoto, superintendente-executiva de seguros do Grupo BB Mapfre.

Ela explica que, em geral, são feitos acordo com empresas e instituições de ensino, que oferecem essa proteção aos clientes. A ideia é mostrar que é possível manter um determinado serviço ou padrão de vida mesmo nos momentos de maior dificuldade profissional.

Na avaliação de Patrick Paiva, gerente de produtos de Vida da Icatu Seguros, momentos de incerteza financeira como o atual ajudam a desmistificar o fato de um seguro de vida ser utilizado apenas quando ocorre a morte do titular. Ele explica que as apólices oferecem cobertura de renda em caso da incapacidade temporária. Para ele, a demanda por essa cobertura não tende a mudar muito devido ao cenário econômico. Já as prestamistas, que estão relacionadas à compra de um bem ou produto, como a utilizada pelo ex-funcionário da Petrobras, tendem a ter maior procura agora.

— Para o planejamento financeiro é importante. Em momentos de crise, as pessoas ficam com mais receio de consumir e faz sentido ter um seguro como esse — afirma Paiva.

No entanto, com a expectativa de aumento de desemprego, as seguradoras podem também aumentar os prêmios (valores) cobrados por esses seguros. Paiva explica que, quando o uso desse produto (sinistro) entra em trajetória ascendente, as seguradoras podem ajustar os preços.

Esses seguros que garantem o pagamento do empréstimo ou serviço contratado em caso de desemprego, em geral, representam uma parcela pequena da prestação, em geral poucas dezenas de reais. O inconveniente é que cada rede varejista ou estabelecimento de ensino só trabalha com uma seguradora, então não há espaço para pesquisa de preço.

VALOR VARIA CONFORME IDADE

Já nos seguros atrelados a acidentes pessoais e doenças, a gama de seguradoras que oferecem a cobertura é maior, então o interessado pode fazer uma pesquisa. O preço vai variar de acordo com a idade do segurado e o valor da cobertura (que pode ser a renda no futuro, em caso de necessidade) contratada. Roberto Lopes, gerente de produtos de vida e previdência da Unimed Seguros, explica que, para uma cobertura de R$ 5 mil ao mês pelo prazo máximo de um ano, o valor mensal do prêmio do seguro varia de R$ 100 a R$ 120 — isso se o contratante tiver entre 35 a 40 anos, a idade média dos profissionais liberais que buscam essa proteção.

— A idade é um fator que aumenta o risco, então fica mais caro. Quem mais procura essa proteção são os profissionais da área de saúde, já que ficam sem nenhuma renda em caso de doença — explica Lopes.

Outra seguradora que oferece essa cobertura, em geral através de parcerias com empresas ou órgãos de classe, é a Ace Brasil.

— Essas coberturas podem ser oferecidas por meio de uma associação de profissionais autônomos para os seus próprios membros, com o propósito de oferecer proteção contra perda de renda em função de eventos como incapacidade física temporária — diz Carolina Molla, vice-presidente de vida da Ace Brasil.

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