Notícias | 19 de dezembro de 2005 | Fonte: DCI

Seguradoras priorizam a renda fixa

Ao contrário do que acontece em boa parte do mundo, as empresas de seguros, capitalização e previdência privada aberta aumentaram a concentração dos investimentos das reservas técnicas em títulos de renda fixa nos últimos anos, de acordo com levantamento do jornal DCI com dados fornecidos pela Superintendência de Seguros Privados (Susep).

Do total de R$ 66,9 bilhões em ativos investidos por essas empresas para garantir o pagamento dos prêmios aos segurados, 71,7% estava alocado em renda fixa em outubro deste ano, contra, 57,7% em 2002. O montante em ativos nesse segmento, que incluem fundos de renda fixa e investimentos diretos em títulos privados (debêntures e Certificados de Depósitos Bancários – CDB), subiu de R$ 21,4 bilhões, em 2002, para os atuais R$ 48 bilhões.

Com isso, a participação de renda variável caiu de 4,9% em 2002 para 1,8% nesse período. Em valores absolutos, o total investido em ações também diminuiu de R$ 1,8 bilhões para R$ 1,2 bilhões, queda de 33%.

A decisão se explica pelas altas taxas de juros oferecidas pelos títulos públicos, os preferidos pelos administradores desses ativos, explica o sócio da Mercatto Gestão de Recursos , Paulo Veiga. `Há quinze anos não há como competir com as taxas de juros reais extremamente altas e que hoje estão próximas de 14%`, afirma.

A participação de investimento direto em títulos públicos também diminuiu de 35,9% em 2002 para 26% em outubro deste ano. Foram, no entanto, substituídos por cotas de fundos de investimentos nesses mesmos títulos e que hoje representam 31% do total de recursos das reservas. Ou seja, o dinheiro permanece longe da renda variável.

As reservas técnicas são formadas por diversos ativos, como ações, debêntures, títulos de renda fixa privados ou públicos e até imóveis. O objetivo é garantir a remuneração do capital dos segurados ao longo do tempo de forma a assegurar o pagamento das futuras indenizações.

De 2002 a 2005, os ativos totais das seguradoras passaram de R$ 37,2 bilhões para R$ 66,9 bilhões, alta de 79,8%. O maior crescimento de reservas aconteceu no segmento de previdência aberta, que passou de R$ 720 milhões para R$ 10,3 bilhões, quase quinze vezes mais.

`Tecnicamente os gestores deveriam optar por títulos de renda variável, já que esse é um investimento de longo prazo e para prazos mais longos investimentos em ações tendem a render mais que renda fixa, para remunerar o risco associado`, explica. A maior fatia de renda variável está no segmento de títulos de capitalização, 3% do total.

Veiga, que administra 25 fundos, alguns deles de seguradoras e de fundos de pensão, lembra ainda que o mercado acionário no Brasil é relativamente recente, em comparação com o mercado americano, por exemplo, e que passou por alguns `traumas` recentes. `Hoje está razoavelmente organizado, depois de alguns ajustes institucionais`, avalia.

A tendência de queda da taxas de juros nos próximos anos pode levar a uma movimentação dos gestores desses títulos. Isso porque `um corte da taxa de juros pode levar a subida da Bolsa`, afirma Veiga.

Ele avalia ainda que títulos privados podem começar a interessar mais, como Certificados de Depósitos Bancários (CDB) ou Fundos de Investimentos em Direitos Creditórios (FIDC). `Os profissionais estão olhando para a frente e já começam a posicionar as carteiras`, afirma.

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