Notícias | 5 de janeiro de 2006 | Fonte: DCI

Seguradoras combatem roubos com prêmio maior

Renato Carvalho

As seguradoras de automóveis já têm uma meta estabelecida para o ano de 2006: diminuir o volume de sinistros pagos, aperfeiçoando suas gestões de risco de roubos e furtos, e também com medidas de combate às fraudes. Até outubro de 2005, as dez maiores empresas do ramo pagaram R$ 5,3 bilhões em sinistros para seus segurados. Este volume é 15,6% maior do que aquele que foi pago no mesmo período de 2004, quando o valor foi de R$ 4,6 bilhões. As informações são da Superintendência de Seguros Privados (Susep) do governo federal.

E este aumento no volume de sinistro está sendo compensado com aumento dos prêmios pagos pelos segurados. “O fator furto e roubo compõe 60% do preço do seguro. Alguns modelos, sem citar nomes, chegaram a 100% de aumento no prêmio de um ano para cá”, afirma Adhemar Kazutoshi Fuji, presidente da comissão de automóveis do Sindicato das Seguradoras do Estado de S. Paulo .

O índice de sinistralidade, que é a relação entre prêmios arrecadados e os sinistros pagos pelas seguradoras, até caiu um pouco entre o ano passado e este ano. Em outubro de 2004, este índice estava em cerca de 73%, e caiu para cerca de 69% em outubro deste ano. Isto quer dizer que as seguradoras pagam 69% do que arrecadam para indenizar os segurados. Mas esta diminuição foi provocada principalmente pela Bradesco Seguros . A empresa conseguiu diminuir sua sinistralidade de 92% para 76% em um ano. A Bradesco Auto revelou que esta queda se deu por uma série de fatores, dentre os quais destacam-se a adoção do regime de perfil do segurado, a reavaliação de critérios de aceitação de riscos, e a utilização de equipamentos antifurto em determinados segmentos.

A Liberty e a Brasil Veículos são duas das maiores seguradoras do País que registraram crescimento em suas taxas de sinistralidade. A Liberty passou de 74,69% em 2004 para 76,55% em outubro de 2005. Já a Brasil Veículos registrou a maior alta deste índice, passando de 66,74% para 68,61%.

Este alto índice é provocado principalmente pelo alto índice de roubos em algumas regiões no estado de São Paulo. “Algumas regiões como ABC, zona leste e Campinas têm índice de furto superior que o Estado do Rio de Janeiro. Nessas regiões, o índice é quase o dobro que a média do Estado de São Paulo”, diz Fuji.

Este valor elevado de pagamentos de sinistros já faz algumas seguradoras registrarem prejuízos. A Real Seguros , por exemplo, que está registrada na Susep como Tokio Marine , em razão do acordo entre as duas seguradoras, registra uma margem negativa de 3% em suas operações no ramo de automóveis, de acordo com fontes do mercado. Além dos furtos, as fraudes também provocam este resultado ruim da seguradora.

Por outro lado, a seguradora com menor índice de sinistralidade é a Porto Seguro , com 59%. Mas o objetivo é diminuir ainda mais este volume. “Estávamos preocupados porque no primeiro semestre deste ano, a taxa de sinistros em São Paulo estava alta. Houve uma queda, mas não chegamos ao nível de 2004”, diz Luiz Pomarole, diretor de automóveis da seguradora.

Para Pomarole, os carros bi-combustíveis, que aceitam álcool e gasolina, também são uma preocupação para as seguradoras, já que a taxa de sinistro deste tipo de veículo está muito alta. “Os proprietários estão fazendo a conversão dos motores para flex. Isso gera demanda de peças e, conseqüentemente, um mercado paralelo que acarreta no aumento de roubos de carros da categoria”. Hoje, cerca de 70% da nova frota é bi-combustível.

As fraudes representam uma boa parte do que é pago em sinistros pelas seguradoras. “Há um estudo informal feito pelas seguradoras, e este estudo mostra que as fraudes representam entre 20% a 25% do total de sinistros”, afirma Adalberto de Souza Luiz, gerente de marketing da Caixa Seguros .

“Para reduzir o índice de sinistralidade, é necessário um esforço conjunto dos órgãos públicos e das montadoras. A Volkswagen, por exemplo, já está colocando rastreadores de fábrica em alguns modelos. As montadoras estão preocupadas porque o fator seguro está influenciando muito os consumidores na hora da compra”, diz Souza Luiz.

O valor do seguro, em alguns modelos, chega a 40% do preço do automóvel. É totalmente inviável para os consumidores”, explica Fuji. O diretor do Sindicato das Seguradoras também cobra mudanças dos órgãos públicos de segurança. “As estatísticas da polícia mostram que os furtos estão diminuindo, mas isso é no cenário geral. Hoje, só 25% da frota de automóveis no Brasil é segurada”. Dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo mostram que os roubos e furtos de veículos em todo o Estado subiram 1% no terceiro trimestre de 2005, em relação ao mesmo período de 2004.

A Caixa Seguros não está entre as dez maiores do País, mas foi a seguradora com maior crescimento no mercado. Neste ano, a seguradora faturou R$ 67 milhões, com 82% de crescimento. Para tentar diminuir o índice de fraudes, a Caixa incentiva os segurados a utilizarem sua rede própria de oficinas.

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