Notícias | 11 de novembro de 2005 | Fonte: CQCS

René Garcia diz na CPI que a Susep não falhou no “Caso Interbrazil´´

Ao prestar depoimento da CPI dos Correios, o superintendente da Susep, René Garcia, assegurou que ninguém o procurou para interceder em favor da seguradora Interbrazil para que ela não fosse liquidada. Ele rebateu ainda as críticas de setores do mercado e analistas segundo os quais a autarquia teria demorado excessivamente na decretação da liquidação daquela empresa. René Garcia alegou que a diretoria da Susep teve que seguir alguns preceitos legais, como o prazo para a defesa.

René Garcia afirmou que a Susep não falhou em relação à Interbrazil. De acordo com o superintendente da autarquia, esse foi um “caso exemplar”, pois mostrou que é possível identificar a situação de risco e fazer a liquidação em um prazo curto, “em torno de um ano e meio”. René Garcia acentuou ainda que a quebra de seguradoras é normal em todo o mundo e que o risco faz parte da atividade.

Não satisfeita com os argumentos apresentados, a senadora Ideli Salvatti (PT-SC) lembrou que, de acordo com informações divulgadas pela imprensa, a Interbrazil vinha acumulando irregularidades desde 2000, com o conhecimento da Susep. René Garcia contestou essas denúncias, informando que os processos de 2000 a 2002 eram, na maioria, associados a reclamações de consumidores que tinham pagamentos de sinistros negados: “os processos que resultaram na intervenção da empresa vêm desde 2002 e são relativos a insuficiência de resseguro em apólices e de reserva para cobrir os riscos”, explicou.

Já o deputado Silvio Torres (PSDB-SP) questionou o ritmo intenso de crescimento da Interbrazil a partir de 2003. O titular da Susep atribuiu esse desempenho ao fato de o ramo de garantia, no qual a companhia concentrava suas operações, ter “crescido muito nos últimos anos”. René Garcia assegurou também que a Interbrazil não teve um crescimento diferente da média do mercado.

Outro parlamentar que fez vários questionamentos foi o senador César Borges (PFL-BA), para quem há claros indícios de que a Interbrazil foi beneficiada com contratos de seguros que “não tinha a menor condição de fazer”. Ele citou os contratos de Angra 1 e 2, que, segundo o senador, têm a maior apólice do Brasil, atrás apenas da Petrobras.

René Garcia rebateu mais uma vez, alegando que a Susep não interfere nas relações comerciais das companhias. Para ele, o resultado dessas licitações “foi normal”, pois a legislação dá condições para que as empresas menores possam concorrer.

Não satisfeito, César Borges mencionou ainda a possibilidade de a Interbrazil ter sabido com antecedência do dia de sua liquidação pela Susep, já que houve a retirada de documentos antes da data. René Garcia respondeu que o então presidente da Interbrazil, André Marques, tinha conhecimento de todo o processo, como acontece com qualquer companhia, mas que não sabia do dia da liquidação.

René Garcia admitiu ter tido dois encontros com André Marques: “mas, foram reuniões rápidas para o proprietário da Interbrazil apresentar a sua defesa”, justificou.

Entre as suspeitas que pesam sobre a Interbrazil está a de que a empresa tenha sido favorecida em razão de sua relação com o PT goiano e com Adhemar Palocci, que foi secretário de Finanças da prefeitura de Goiânia e é irmão do ministro da Fazenda, Antonio Palocci.

Nesse sentido, questionado pelos parlamentares, René Garcia negou que Adhemar Palocci tenha indicado Eliezer Tunala para o cargo de diretor de Fiscalização da Susep.

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