Redução de custos e despesas ajudou a minimizar receita menor, nota Qualicorp

Com crescimento de 21%, o lucro líquido da Qualicorp no segundo trimestre, de R$ 126,7 milhões, foi ajudado pela venda da Q Saúde. No entanto, a redução de custos e despesas também foi importante para compensar a perda de receita, destacou o diretor financeiro, Frederico Oldani, ao falar do desempenho da administradora de planos em teleconferência com analistas.

“O Ebitda [sigla em inglês para lucro líquido antes de juros, impostos, depreciação e amortização] teve uma pequena retração, mas é preciso destacar o bom desempenho na redução de custos e despesas que ajudou a minimizar a receita menor”, disse, citando como exemplo a devolução de sete andares corporativos da companhia após a empresa optar por manter o sistema de home office para parte dos funcionários mesmo após a pandemia do novo coronavírus.

Segundo o presidente da Qualicorp, Bruno Blatt, a devolução das lajes corporativas da sede devem gerar uma redução de custos no patamar de R$ 18 milhões. Nesse trimestre, a decisão representou uma baixa de R$ 12 milhões relacionada a benfeitorias feitas nesses andares. “Em pouco tempo geramos 25% de redução de custos com digitalização de atendimento.

O resultado também foi afetado por encargos relacionados a rescisão de executivos. “No primeiro trimestre tínhamos provisionado valor de R$ 25 milhões para encargos de um executivo, mas houve reversão nesse trimestre, compensando os custos de rescisão de R$ 18,6 milhões em encargos que tivemos entre abril e junho”, nota o diretor financeiro.
Com melhora de 8,5% no índice de cancelamentos, Qualicorp diz que está especialmente dedicada, agora, na fidelização do cliente.

“Estamos trabalhando bastante na fidelização. Não implementamos tudo ainda”, disse o vice-presidente comercial e de inovação e novos negócios, Elton Carluci.

Ele ponderou, no entanto, que a empresa segue observando o cenário de perto, uma vez que esse fator é extremamente importante para a manutenção dos contratos. “Claro que nossa expectativa é se seguir melhorando, mas a questão macroeconômica é fator importante, cerca de 80% dessa análise.”

Segundo a empresa, a inadimplência também está bastante controlada. “A suspensão do reajuste ajudou e com a pandemia percebemos uma necessidade das famílias em manter os planos. Essa combinação ajudou bastante a segurar inadimplência e manter a demanda”, disse Frederico Oldani, diretor financeiro da empresa.

A parceria com o grupo Notre Dame Intermédica também deve ajudar nessa estratégia de retenção e fidelização dos clientes, segundo os executivos. “Quando olhamos nosso leque de produtos, é algo que não tínhamos, especialmente na fidelização. Tem uma inteligência por trás da retenção. Estamos rodando o modelo de aderência e focando mais na fidelização nesse momento, 80% dos nossos esforços nesse momento estão ligados à retenção.”

A empresa prevê aumentar os gastos com comissões, como uma das frentes para crescimento. “Estamos redesenhando nossa estratégia, estamos priorizando novos parceiros e metas. E a empresa vai voltar a crescer e naturalmente vamos gastar mais com isso”, disse o presidente da Qualicorp.

Embora mais recursos sigam para as comissões, a empresa afirma que vários custos serão reduzidos em outras frentes. Ainda de acordo com a apresentação, não deverá haver aumento expressivo no total de custos e despesas, mas grande mudança na composição dele.

Um dos segmentos para o qual a empresa quer crescer é o de pequenas e médias empresas. “Temos objetivo de ser maior operadora de PME do Brasil. Hoje nossa base é toda marcada e sabemos quem pode ou não se encaixar em um produto. Estamos animados com os resultados tradicionais do PME e vemos oportunidade de crescer com outros produtos criados com nossa base tecnológica”, diz Carluci.

O diretor afirma, no entanto, que esse avanço não será em detrimento da participação de mercado da Qualicorp no segmento de coletivo por adesão, seu principal negócio.
Mudanças

O presidente da Qualicorp, Bruno Blatt, disse hoje em teleconferência de resultados que a administração da companhia “não compactuará com malfeitos”. A empresa abriu a apresentação com o slogan de “novo jeito Quali de ser”.

Em julho, a administradora de planos recebeu em sua sede operações de busca e apreensão da Polícia Federal (PF) ligadas à Lava-Jato. Seu fundador, José Seripieri Filho, o Júnior, foi preso em operação que investiga caixa 2 na campanha do senador paulista José Serra, do PSDB. No dia seguinte à operação, a Qualicorp informou ter instaurado comitê de apuração e destacou que Seriperi não ocupa nenhum cargo na administração e não é acionista com participação relevante.

Sem citar a operação diretamente, Blatt destacou que a administração atual da companhia assumiu em novembro de 2019 e nesse “curto período” tem buscado dar atenção às pessoas que compõem a companhia. “O tempo vai mostrar o quanto somos coerentes entre o discurso e a prática.”

Uma das medidas adotadas destacada pelo executivo e pelo diretor financeiro da Qualicorp, Frederico Oldani, é a reformulação da remuneração da administração. “A administração está fazendo um grande redirecionamento de recursos da companhia.O foco é em direcionar recursos para tecnologia, inovação, retenção de clientes. [Direcionar] Para as frentes de crescimento. Por outro lado, vamos ser bastante duros em buscar eficiência e redução de custos nas demais frentes”, disse Oldani.

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