Notícias | 17 de outubro de 2018 | Fonte: Jornal O Globo via Revista Cobertura

Queda nos índices de roubos de veículos afeta mercado e preço de seguro deve cair

ISP divulgou redução de 6% desse crime em setembro; apólices poderão ficar mais baratas em bairros da Zona Sul e na Tijuca

RIO — O foco no combate ao roubo de carros, além de aparecer nas estatísticas oficiais, já tem efeitos no mercado. Ontem, logo após o Instituto de Segurança Pública ter anunciado uma queda de 6% no mês de setembro nesse tipo de crime, o Sindicato dos Corretores de Seguro do Rio de Janeiro (Sincor-RJ) estimou que as apólices poderão ficar mais baratas, no mês que vem, em alguns bairros da Zona Sul e na Tijuca.

Setembro registrou 4.055 casos de roubos de veículos no estado, contra 4.316 no mesmo mês de 2017. Mas a tendência de uma redução mais consistente pode ser constatada quando observado o que aconteceu nos meses de julho, agosto e setembro. No consolidado do último trimestre, de acordo com o ISP, o total de roubos a veículos foi 11.482, uma diminuição de 17,3% em relação a 2017. No ano passado, no mesmo período, foram 13.880 casos.

A curva descendente — no segundo trimestre deste ano já tinha havido uma queda de 8% — repercutiu junto ao Sincor-RJ. A previsão é que, em novembro, quando as novas tabelas de seguros entram em vigor, a queda nos valores poderá passar de 15%. Segundo Henrique Brandão, presidente do Sincor-RJ, o percentual de queda vai depender de variantes como modelo, perfil do contratante e endereço.

O cenário mais favorável, segundo ele, se dá em bairros da Zona Sul, como Botafogo, Flamengo, Copacabana, Leblon e Ipanema. Em alguns locais dessa região, a queda nos roubos, considerando somente veículos segurados, chega a 26%.

Na Tijuca, queda de até 12%

Na Grande Tijuca, onde a redução nos índices de roubos de carros varia de 8% a 12% — considerando, mais uma vez, só os automóveis com apólices ativas —, Brandão acredita que a variação do seguro será no mesmo patamar. O quadro mais delicado ainda é o da Baixada Fluminense, cujos índices tiveram melhora “muito sutil”, na avaliação do presidente do Sincor-RJ:

— As seguradoras trabalham com estatísticas e precisam ser conservadoras na avaliação; caso contrário, correm o risco de quebrar. Para nós também não interessa um seguro muito caro, porque isso afasta o consumidor.

“Para nós também não interessa um seguro muito caro, porque isso afasta o consumidor”

Henrique Brandão

Presidente do Sindicato dos Corretores de Seguro do Rio

Os números do ISP também apontam que, desde fevereiro, quando começou a intervenção federal na segurança do Rio, 1.024 suspeitos morreram em confrontos com forças de segurança no estado. O aumento de homicídios em intervenção policial (como passaram a ser chamados os autos de resistência) fez com que o período de janeiro a setembro de 2018 já supere o total de casos de 2017: foram 1.181, contra 1.127. Entretanto, o ISP observou, em seus dados, que houve uma redução de 38% desse tipo de crime em relação ao último mês de agosto.

Como agosto teve uma explosão de casos — com aumento de 150% das mortes em confronto —, o pesquisador Pablo Nunes, do Observatório da Intervenção, disse que o resultado ainda é ruim:

— Não houve, até agora, falas contundentes do gabinete de intervenção frisando que tais índices são inaceitáveis.

“Não houve nenhuma palavra forte a respeito da quantidade absurda de mortes, sobretudo as cometidas pela polícia”

Pablo Nunes

Integrante do Observatório da Intervenção

Dados do observatório, do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC) da Universidade Candido Mendes, apontam que, nos oito primeiros meses da intervenção, 74 policiais ou militares foram mortos no estado. Desses, cerca de um quarto estava em serviço, enquanto 40,5% foram vítimas de assalto e 16% morreram em decorrência de brigas, vinganças ou execuções. Nos outros casos, não foi identificada a causa do óbito.

A análise dos homicídios dolosos aponta para uma ligeira queda na comparação com o ano anterior. Houve, de janeiro a setembro, 3.745 assassinatos do tipo contra 3.960 nos nove primeiros meses de 2017 — uma redução de 5,4%.

Já os roubos de cargas desaceleraram. Em setembro deste ano, comparado a 2017, a queda foi de 14,8%, ou cem casos a menos: de 677 para 577.

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