Notícias | 29 de junho de 2004 | Fonte: Folha de São Paulo

Quebra de safra fez explodir risco do seguro agrícola

Indenizações chegam a 881,6% das receitas da carteira

DA REPORTAGEM LOCAL

A expansão do agronegócio foi acompanhada, neste ano, do aumento do risco de perdas na produção agrícola decorrentes de efeitos climáticos. A taxa de sinistralidade da carteira de seguro agrícola bateu em 881,67% de janeiro até abril. Nos 12 meses de 2003, esse índice foi 115,78%.
Essa taxa mede o percentual de gastos das seguradoras com as indenizações pagas em relação ao total da receita arrecadada com a venda do seguro.

A seca ocorrida no Sul e as fortes chuvas no Centro-Oeste no início deste ano devem provocar uma quebra na safra de grãos, segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).

De acordo com o último levantamento realizado pela Conab, em abril, a produção de grãos no país deve ficar em 120,1 milhões de toneladas, número 2,5% menor do que os 123,1 milhões de toneladas da safra passada.

Nem toda essa produção, entretanto, estava protegida contra as intempéries. `O seguro agrícola é de alto risco e o agricultor não está acostumado a se preocupar com isso`, diz Walter Malieni, diretor comercial da Aliança do Brasil, seguradora controlada pelo Banco do Brasil.

A Aliança lançou o seguro há quatro anos e totalizou 10 mil segurados e um faturamento de R$ 15 milhões para cobertura da safra 2003/2004.

O seguro cobre apenas riscos climáticos e exclui perdas por pragas. Em algumas regiões, como no sul do país, o risco é tão alto que o preço do seguro fica inviável para o produtor, segundo Malieni. `Nossa luta é disseminar a cultura do seguro agrícola, principalmente entre os pequenos e médios produtores que não têm recursos para agüentar uma quebra de safra`, diz ele.

Neste ano, a Aliança deverá pagar R$ 70 milhões em indenizações no oeste paranaense, Mato Grosso do Sul e na região sul. No Paraná, as perdas atingiram R$ 39 milhões – a maior fatia das indenizações a serem pagas pela seguradora.

Financiamento

Além do seguro agrícola, o mercado oferece outras coberturas aos produtores rurais. Esse segmento está dividido entre duas seguradoras, basicamente : a Aliança, com 66,6% do mercado, e a Cosesp (Companhia de Seguros do Estado de São Paulo).

Alguns dos produtos da Aliança estão vinculados aos financiamentos do BB. Já as coberturas da Cosesp não estão vinculadas ao crédito bancário. Ela oferece seguros de animais, de bens e equipamentos e de culturas específicas como café e viticultura.

Uma das carteiras mais procuradas da Aliança é o seguro de vida do produtor. Trata-se de um seguro opcional contratado junto com o financiamento que o produtor faz no Banco do Brasil. O seguro cobre os débitos financeiros contraídos no banco em caso de morte do produtor.

Com 250 mil segurados, a carteira que vence neste mês faturou R$ 47 milhões em prêmios. `O seguro vence junto com a operação de crédito contratada para a safra 2003/2004`, explica Malieni.

Outra modalidade é o seguro de bens e equipamentos -também vinculada aos financiamentos do BB. Esse seguro é obrigatório e visa proteger o patrimônio dado em garantia do crédito agrícola. (SB)

FAÇA UM COMENTÁRIO

Esta é uma área exclusiva para membros da comunidade

Faça login para interagir ou crie agora sua conta e faça parte.

FAÇA PARTE AGORA FAZER LOGIN