Notícias | 4 de novembro de 2005 | Fonte: SAÚDE BUSINESS

Prevenção é a saída para redução de custos

A análise de carteira dos planos de saúde tem se configurado como a grande ferramenta para o diagnóstico precoce, a prevenção de doenças e a conseqüente redução de custos com saúde

O segmento de saúde no Brasil passa por uma crise sem precedentes.

O aumento das despesas das operadoras de planos de saúde extrapolou, em muito, as expectativas dos gestores do setor, podendo vir a prejudicar a prestação dos serviços e inviabilizar o seu funcionamento a médio prazo.

Segundo dados da Fenaseg (Federação Nacional das Empresas de Seguro Privado e Capitalização), nos sete primeiros meses deste ano, a taxa de sinistralidade no segmento de saúde atingiu 95,6%, ou seja, as empresas pagaram R$ 0,95 para cada R$ 1,00 recebido.

Basta comparar com a taxa do ano 2000, que foi de 79,9%, para perceber o grande crescimento da sinistralidade nos últimos anos. Esta é a taxa mais alta entre todas as modalidades de seguro do País, cuja média no mesmo período foi de 67,6%.

O Brasil tem hoje cerca de 38 milhões de pessoas que possuem planos de saúde.

A maioria desta população pode ser acometida por doenças em razão de não manterem uma vida saudável, ou seja, simplesmente por não terem o hábito da prevenção.

Essa falta de cuidado custa caro para as operadoras de planos de saúde e para as empresas que fazem a autogestão de seus planos e pode atingir os usuários, seja na forma de aumento dos preços dos planos ou na deterioração dos serviços contemplados pelo convênio.

Neste contexto, a preocupação com a redução de custos no segmento é uma obrigação e um desafio para os gestores, que devem promover ações estratégicas para minimizar o impacto deste déficit financeiro para manterem viáveis os negócios no segmento da saúde.

Os dados da Fenaseg comprovam que os custos com saúde têm aumentado de forma dramática, e os motivos são variados: crises na macroeconômica e política, aumento da violência, aumento das pressões no trabalho e vida familiar, envelhecimento da população, absorção de novas tecnologias entre outros.

Na tentativa de reverter este cenário, muitas empresas do segmento têm despertado para a necessidade de investir em diagnóstico precoce de doenças na sua população assistida.

Desta forma, é possível desenvolver programas específicos de prevenção, retardando o aparecimento de doenças e até eliminando o risco do surgimento da maioria delas.

A Análise de Carteira é uma ferramenta de diagnóstico empresarial que tem se mostrado eficaz na gestão de custos com saúde.

Pesquisas recentes mostram que conhecer detalhadamente os usuários de uma carteira e adotar medidas de prevenção customizadas podem reduzir em até 46% o gasto com o tratamento médico desta população.

Os serviços de consultoria e análise de carteira devem obedecer três etapas principais para garantir confiabilidade e consistência dos resultados.

A primeira delas é a Análise Clínica de Sinistro, que consiste na avaliação técnica do histórico de gastos e de utilização dos recursos disponíveis pelo plano de saúde.

Como a análise é financeira mas também clínica, é possível medir o quanto os usuários utilizam de forma desnecessária os recursos do plano.

Além disso, é possível compararmos a perfomance de determinada carteira com outras do mesmo segmento de mercado. (1)

Como exemplos de uma utilização desordenada, podemos citar a realização do mesmo exame consecutivas vezes, atendimentos ambulatoriais sem continuidade, utilização de Pronto Socorro como ambulatório médico e internações evitáveis.

A segunda consiste na análise do panorama de saúde que se baseia em dados clínicos obtidos a partir de questionários sobre a saúde pessoal e familiar do usuário, considerando hábitos de vida e exames laboratoriais.

Todas essas informações devem ser processadas através de protocolos consagrados na literatura médica para a análise de resultados e tomada de decisões.

Em alguns casos os usuários recebem um relatório individual personalizado com os resultados da avaliação e orientações para reduzir seu risco de desenvolver doenças crônicas.

E, finalmente a terceira etapa, que consiste no desenvolvimento de ações específicas, de acordo com o perfil dos usuários da carteira. A análise identifica didaticamente três perfis diferentes de usuários.

Os que estão saudáveis, os que estão propensos a adquirir uma doença, e muitas vezes não sabem disso, e aqueles que possuem problemas crônicos e devem ser acompanhados para evitar o agravamento de sua situação.

Desta forma, pode-se definir o foco de atuação das empresas, otimizando os recursos para conscientização e prevenção de doenças.

Certamente a preocupação das operadoras de planos de saúde, empresas mantenedoras, prestadores de serviço e do governo, na figura de sua agência reguladora, que monitora e viabiliza a saúde pública no País é que todos os membros do segmento estejam engajados na análise da população assistida, incentivando as práticas relacionadas à prevenção e garantindo um novo modelo de saúde.

Ricardo Ramos é Gerente dos Produtos de Gestão em Saúde da Home Doctor, empresa no segmento de Assistência Médica Domiciliar e Soluções em Gestão de Saúde.

Email: [email protected]

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