PARTE 1 – SEU MEDICO
Este assunto é tão polêmico que seria impossível esgotá-lo em poucas linhas. Decidi então dividir em dois ou três textos mais curtos para não deixar de comentar todos os aspectos que contribuem para a realidade atual.
O primeiro ponto é que as garantias são muito abrangentes, houve uma enorme transferência de responsabilidade do público para o privado. Como já comentei no passado, o SUS é que é ilimitado e gratuito. O seu plano é limitado pelo contrato que você assinou e o custo depende de vários fatores como idade, tipo de acomodação, abrangência, reembolso, etc.
Para atender ao que está previsto em seus contratos as operadoras já precisam saber muito bem o que fazem, além de gerenciar de perto os seus custos para não fechar no vermelho ao final do ano. Mas se estão neste mercado é porque conhecem os riscos e taxaram seus produtos de acordo com sua visão de mercado, capacidade, modelo de funcionamento e muitos outros fatores.
O fato é que é um negocio de capital intensivo e de alto risco financeiro.
Agora imagina o que é ter interferência direta e diária de outros atores aumentando suas responsabilidades e seus custos. Como suportar sem passar por dificuldades financeiras e operacionais? Como não manter um olhar desconfiado para a chave do cadeado? Como ficar “bem na fita” com os seus usuários, se a gestão às vezes beira o cerceamento do direito de usar o plano?
As operadoras, devido ao medo de perderem o controle dos custos apos a Lei 9656, não reajustaram os honorários por vários anos. A classe médica, com razão, se rebelou e vem travando uma guerra com os planos há alguns anos. Sua maior arma é a influência que mantém sobre os pacientes. Nada mais natural, pois é uma relação de absoluta confiança.
O que muitas vezes não fica claro para o paciente são os custos envolvidos e os interesses econômicos do seu médico. E são fatores determinantes para a saúde financeira do sistema.
Parcerias com clinicas de diagnóstico, farmácias, advogados e até juízes maculam diariamente a relação que deveria ser de total confiança e transparência. Os médicos são diretamente responsáveis pela percepção equivocada do consumidor sobre a qualidade e seriedade do seu plano e da sua operadora. A briga é desigual e nem sempre o médico e o paciente estão com a razão.
Muitas vezes o NOSSO recurso – lembrem-se que os planos de saúde também obedecem os princípios básicos do seguro, particularmente o mutualismo – é jogado no ralo e vai diretamente para a conta de clinicas, hospitais e médicos sem que houvesse a necessidade do gasto, ou pior, sem ter direito.
O médico que vive de consulta. coitado, tem que se matar de trabalhar para se manter. Mas, se faz procedimentos ou cirurgias, pode colocar o “burro na sombra” que o sistema se encarrega de manter seu alto padrão de vida. Lícito diga-se de passagem, mas muitas vezes sem merecimento.
Não existe almoço grátis. O sistema paga as viagens, brindes, presentes e amostras que os fornecedores gentilmente distribuem a toda classe médica.
Os repasses realizados pela indicação de materiais e medicamentos são responsáveis por boa parte do faturamento de clinicas, hospitais e consultórios médicos.
Poderíamos dizer sem medo, e parafraseando um jornalista famoso: “ISTO É UMA VERGONHA….”
O “X” da questão é que o modelo de remuneração está esgotado, ultrapassado. Não atende às necessidades do mercado. É arcaico e está levando o seguimento a um caminho perigoso.
Gostaria muito de discutir este assunto aqui neste espaço. Como fiquei muito tempo sem escrever ainda farei nas próximas semanas outras matérias sobre o tema com outra abordagem. Na próxima semana falaremos da influência da Justiça.
Saúde para todos.
Porque seu plano é caro?
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