Notícias | 20 de dezembro de 2005 | Fonte: DCI

Pessoa física na mira de corretoras

Atenção, investidor: a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) e as corretoras estão atrás de você. São clubes de investimento, cursos, programas de visita a fábricas, publicação de livros e diversas ferramentas on-line para tentar fisgar o investidor pessoa física, ainda muito preso às aplicações de renda fixa.

Tanto esforço tem suas razões. Apesar de o Índice Bovespa (Ibovespa) superar a renda fixa este ano, com uma rentabilidade acumulada de aproximadamente 26%, o número de pessoas físicas que investe em ações registrou um ligeiro recuo em 2005.

Até o dia 13 deste mês, o total de investidores individuais representava 25,7% dos aplicadores na bolsa, atrás dos institucionais (27,5%) e dos estrangeiros (32,9%). No ano passado, a participação dos investidores individuais chegou a 27,5%. As pessoas físicas atingiram a fatia de 20% dos acionistas somente em 2000.

A perspectiva é de manutenção ou ligeiro crescimento em 2006, com incremento das transações por meio do Home Broker. Em novembro deste ano, a movimentação on-line respondia por 17,5% dos negócios realizados frente a 15,5% em novembro de 2004. A participação do Home Broker só superou os 16% em dezembro de 2004.

Na corretora Coinvalores , o avanço no número de usuários do Home Broker foi de 25% este ano em comparação o ano passado, informa Otávio Sant’ana, gerente de Internet da corretora. Ele ressalta que o maior conhecimento e participação das pessoas físicas no mercado de capitais tem gerado também aumento dos negócios no Tesouro Direto e nas operações no webtrading, serviço on-line da Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F). A participação da pessoa física foi puxada em parte pelo grande número de ofertas públicas (ou IPOs, no jargão do mercado) em 2005, como a abertura de capital na Nossa Caixa , da Cosan e a recente entrada do Universo Online (UOL).

Um capítulo à parte foi o lançamento da segunda oferta do fundo Papéis Índice Brasil Bovespa (PIBB). Pesou muito o amplo destaque dado pela mídia e a intensa campanha promovida em conjunto pela Bovespa e pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Nos últimos dois anos foram 15 novas empresas, das quais oito em 2005. Neste ano, os oito lançamentos somaram R$ 4,8 bilhões, média de R$ 605,3 milhões. A previsão para o próximo ano é otimista: cerca de 20 novas companhias devem estrear na bolsa.

Ricardo Binelli, diretor da Corretora Petra , avalia que a participação da pessoa física depende em parte dos resultados das IPOs durante o decorrer do ano. Ofertas que apresentem bons resultados tendem a atrair a atenção dos investidores. Mas basta um papel estreante com desempenho ruim para assustar a maioria das pessoas.

“É preciso tomar cuidado com a euforia. Antes de comprar qualquer ação, é preciso uma reflexão sobre os objetivos de investimento e uma análise das empresas em questão”, diz Binelli.

Para Otávio Sant´ana, da Coinvalores, além do interesse despertado pelas estreantes, está em curso um movimento de aprendizagem sobre o mercado financeiro. As pessoas começam com operações simples de compra e venda de ações e, conforme vão adquirindo mais informação e experiência, passam a procurar outros instrumentos.

“Muitos dos investidores que antes delegavam a gestão da carteira a um profissional passaram a gerir as aplicações por conta própria. O aumento das informações está democratizando o acesso ao mercado e muitas pessoas já estão falando de igual para igual com os analistas”, afirma o gerente da Coinvalores.

A grande mudança no cenário, segundo Homero Amaral, diretor da Socopa , é de mentalidade.

Algumas pessoas perceberam que, ao aplicar seu dinheiro em ações, não estão investindo na bolsa, que oscila a todo momento, mas no sucesso de uma companhia.

“Esses investidores agora entendem a lógica da aplicação. Elas estão aplicando no desempenho de uma empresa em longo prazo, e não mais na possibilidade de um índice, como o Ibovespa”, afirma Amaral.

A Socopa espera um maior volume de negócios de pessoas físicas e aposta em um movimento de expansão para o interior de São Paulo, após instalar filiais no Paraná e também no Rio Grande do Sul.

De olho em novos investidores, as corretoras estão incrementando seus serviços via Internet. No caso da Coinvalores, o investidor dispõe de relatórios on-line de análise técnica e fundamentalista. Além disso, a corretora possui uma carteira sugerida, na qual os clientes podem se basear para tomar as decisões no momento de aplicar.

Na Socopa, uma das apostas são os clubes de investimento, que permitem a união de pequenos investidores que, sozinhos, teriam mais dificuldades em acessar o mercado. O melhor exemplo disso é o clube formado em parceria com a Força Sindical. Os valores desembolsados para fazer porte do clube se assemelham às parcelas anunciadas pelas lojas populares. São apenas R$ 29 em doze aportes por mês

FAÇA UM COMENTÁRIO

Esta é uma área exclusiva para membros da comunidade

Faça login para interagir ou crie agora sua conta e faça parte.

FAÇA PARTE AGORA FAZER LOGIN