Notícias | 9 de abril de 2019 | Fonte: CQCS | Sueli Santos

Palestras técnicas dominam a parte da tarde do 8º Encontro de Resseguros

Os congressistas presentes na 8ª edição do Encontro de Resseguros tiveram, na parte da tarde, os painéis técnicos. Eventos catastróficos foi tema da palestra de Rubem Hofliger, responsável pelo setor de Soluções para o Setor Público da Swiss Re, que teve como debatedores Chris Cardona, sócio da HFW, Frederico Ferreira, CEO da Austral, Pedro Farme, vice-presidente de Contratos da JLT Re Brasil, e Stèphan Godier, Chief Distribution & Parametric Leader para Latam da AXA XL Insurance, em mesa coordenada por Thisiani Martins, diretora técnica da AXA XL.

Hofliger, responsável pela área de soluções para o setor público na América Latina da SwissRe, defendeu a adoção do seguro paramétrico para enfrentamento de catástrofes. “O número de catástrofes naturais vem crescendo em ritmo muito mais rápido do que o crescimento do seguro desses eventos. A cobertura é de cerca de 40%, o que obriga os governos a arcar com os custos de reconstrução e atendimento à população mais vulnerável”.

O impacto que as cidades inteligentes terão no mercado de seguros foi apresentada no painel “Cidades Inteligentes e Oportunidades para o Mercado Segurador”. Participaram o palestrante Renato de Castro, smart city expert da SmartUp Consulting Firm; a coordenadora de mesa Ivani Benazzi de Andrade, gerente sênior de Relações Institucionais e Sustentabilidade da Bradesco Seguros, e os debatedores Alexandre Cardeman, chefe executivo de Resiliência e Operações do Centro de Operações do Rio (Cor), e Marcos Marconi, CEO da VM9.

Renato de Castro explicou o “smarts cities” como sendo “lugares onde tudo parece conspirar para fazer a vida das pessoas melhor”. Ele falou dos recursos tecnológicos como Big Data e Internet das Coisas (IoT) que estão na ponta do processo. Na opinião do especialista, a grande quantidade de informações geradas em cidades conectadas é o que vai servir como base para a estratégias do mercado de seguros no futuro. “Não há nenhum setor mais impactado com essas transformações do que o de seguros. Em cidades cujos sistemas trocam informações de maneira adequada, é possível fazer prognósticos mais estratégicos para subscrição de riscos e previsão de eventuais sinistros”, informou, acrescentando que o mundo nunca viveu um momento como este de produção tão veloz de informações e dados.

Alexandre Cardeman falou sobre a atuação do Centro de Operações do Rio (COR), inaugurado em dezembro de 2010 como parte do projeto da cidade para as Olimpíadas de 2016, que funciona como uma quarte general de integração das operações urbanas no município. Cerca de 30 órgãos (secretarias municipais e concessionárias de serviços públicos) estão integrados no local para monitorar a operação da cidade e minimizar impactos na rotina do cidadão. “Cidade inteligente é quando o cidadão é bem informado para tomar decisões a partir de dados fornecidos por um centro como esse”, ressaltou Cardeman, que destacou também os programas de inovação desenvolvidos pelo COR para atrair stratups e engajar empresas a trabalharem no desenvolvimento de processos que contribuam para tornar a cidade mais conectada e inteligente.

Marcos Marconi falou sobre o projeto da startup VM9, que desenvolveu a plataforma Smart Data Wien, com a qual é possível acessar todos os dados da cidade de Viena, na Áustria, das câmeras ao transporte público, das bicicletas de aluguel aos dados de consumo energético dos prédios da cidade. “O projeto é uma aplicação, na prática, do conceito de data laje, que é uma espécie de banco de dados que reúne diversos tipos de serviços, com dados multidisciplinares, o que é ideal para os cidadãos”, explicou. Ele disse também que a qualidade da informação contribui para a mitigação de riscos em tempo real. “As informações colocadas numa base de dados com avaliação histórica reduzem o processo de incerteza e, com isso, a subscrição de riscos.

Diversidade, contrato e blockchain também foram discutidos

No painel “Diversidade em ação”, Ana Carolina Mello, Conselheira da Associação das Mulheres do Mercado de Seguro (AMMS), e Maria Helena Monteiro, diretora de Ensino Técnico da Escola Nacional de Seguros, debateram com Solange Beatriz Palheiro Mendes, diretora de Relações de Consumo e Comunicação da CNseg, Flavia Bianco, professora da Escola Nacional de Seguros, Judith Newsam, CEO da Guy Carpenter no Brasil, Juliana Pelegrín, Casualty Senior Underwriter da Swiss Re, Maria Luiza Cabral, do Serviço de Apoio ao Cliente da Guy Carpenter, e Solange Guimarães, superintendente de Comunicação Institucional da SulAmérica Seguros, sob a coordenação de Margo Black, presidente da AMMS. “Nosso setor tem o dever de ser o reflexo da sociedade porque o pr oduto que ele entrega tem a ver com vida, com gente e com comportamento. Portanto, diversidade deve estar na natureza, no DNA do setor segurador”, enfatizou Solange Beatriz Palheiro Mendes, diretora de Relações de Consumo e Comunicação da CNseg.

Além de tratar dos desafios relacionados à participação feminina no setor, o painel abordou a realidade vivida por pessoas transgênero, gays, negras, jovens e idosas nas companhias seguradoras e resseguradoras.

A situação das mulheres foi apresentada pela diretora de Ensino Técnico da Escola Nacional de Seguros, Maria Helena Monteiro, com base na última pesquisa sobre a presença feminina no setor. Uma das facetas da desigualdade de tratamento que ainda persiste no mercado é a salarial, ela assinalou, observando que, na média, a remuneração das mulheres corresponde a 70% da percebida pelos homens – desigualdade atribuída por ela a fatores como a responsabilidade por serviços domésticos e os cuidados com filhos e idosos.

Os “Princípios da Lei Contratual de Resseguro” foi o tema da palestra de Helmut Heiss, professor do Instituto de Direito de Zurich, que apresentou a metodologia utilizada para criação dos Princípios da Lei Europeia de Contratos de Seguros (Pricls), que, segundo ele, não tem a intenção de ser uma lei global, o que demoraria muito. “Há quem diga que ela poderia ser um exemplo modelo para a lei nacional, mas não acho que traria as respostas para tudo. Como a arbitragem pode escolher as regras de direito, que são maiores que o direito como um todo, os Pricls talvez possam ser utilizados, pois são mais sólidos e, portanto, vão além das declarações de juízo”.

Fechando o primeiro dia de palestras aconteceram oram realizados dois painéis: Aplicações de blockchain em seguros e resseguro e RC Ambiental. O painel sobre aplicações de blockchain em seguros e resseguros teve como palestrante o chairman da B3i, Anthony Elliott, e como debatedores Marcelo Hirata, diretor de Tecnologia e Inovação do IRB Brasil Re, Keiji Sakaim country head Brazil da R3 e Adilson Lavrador, diretor executivo de Operações, Tecnologia e Sinistros da Tokio Marine Seguradora. Elliott descreveu os benefícios que o blockchain trará para o mercado brasileiro: economia de 30% nos custos de transação, mais eficiência, melhoria na qualidade de informação e maior transparência. Para Elliott, o mundo vive um momento de inflexão, em que “os dad os são o novo petróleo”.

No painel técnico sobre RC Ambiental foi apresentada a evolução do setor nos últimos 10 anos, as mudanças recentes em acionamentos, as oportunidades existentes, tendo como parâmetro os mercados americano e europeu, bem como a complexidade do conceito que ainda gera barreiras. O superintendente da HDI Global, Marcio Guerreiro, mostrou as diversas possibilidades de classificação e monitoramento de riscos que facilitam o processo de subscrição, destacando, sob esse aspecto, as oportunidades de aproximação das companhias de resseguros. Já o Latam Regional Manager da CHUBB, Fabio Barreto, abordou as principais diferenças em comparação ao mercado americano que já possui 40 anos. “O mercado de seguros em riscos ambientais é de US$ 22 milhões, enquanto o mercado americano, que é o mais desenvolvido nesse setor, é de US$ 2 bilhões em prêmio”.

A gerente de responsabilidade civil geral e ambiental da AIG Seguros Brasil, Nathália Gallinari, trouxe uma visão prática, abordando os tipos de acionamentos de sinistros, fazendo um paralelo ao mercado europeu. Segundo ela, a construção civil teve o dobro de acionamentos, com foco em gestão de resíduos de obra, assim como incêndio, seja pelas emissões atmosféricas, seja pela água de rescaldo (usada no combate a incêndios). No Brasil, hoje, 20% dos acionamentos são de efluentes sanitários humanos e biológicos, o que mostra que esse produto está cada vez mais presente em todos os segmentos da economia. Pery Saraiva Neto conclui a plenária chamando a atenção do setor para a necessidade de um acordo semântico para que haja melhor entendimento a respeito do tema, que é tão complexo e diverso.

O 8º Encontro de Resseguros termina hoje, dia 9 de abril. Estão reunidos no mais de 700 executivos do mercado segurador e ressegurador nesse que é considerado o maior evento anual do setor na América do Sul. Atualmente, 142 resseguradoras estão autorizadas a operar no Brasil – 16 locais (sediadas no país), 40 admitidas (sediadas no exterior, com escritório de representação no Brasil) e 86 eventuais (estrangeiras sediadas no exterior, sem escritório de representação no Brasil), que aceitam riscos de um mercado segurador robusto, cuja projeção de prêmios em 2018, com seguros e planos de saúde suplementar, é da ordem de R$ 445 bilhões.

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