Notícias | 14 de maio de 2020 | Fonte: CQCS

O mercado de seguro pós-covid-19

Como será a adaptação dos produtos de seguros pós-Covid-19? Haverá adaptação ou revolução? Esse foi o tema do debate no último Webinar realizado nesta quarta-feira, 13/05, pela Confederação nacional dos seguros privados, com os presidentes da CNseg, Marcio Coriolano; da FenSeg, Antonio Trindade; da FenaSaúde, João Alceu Amoroso Lima, da FenaPrevi, Jorge Nasser e da FenaCap, Marcelo Farinha.

Coriolano lembrou que, em todo o mundo, o mercado de seguros ajuda os governos a atender as necessidades financeiras da população. Ele defendeu a manutenção da estabilidade financeira das seguradoras já que sem ela, as empresas não conseguem responder à crise ou honrar as obrigações das apólices vigentes. “Onde as coberturas para pandemias e outras não estiver previstas nas apólices existentes ou não estiver amparado no pagamento de prêmios, querer que os seguradores cubram as perdas retroativamente pode ameaçar seriamente a estabilidade da indústria de seguros”, disse referindo-se a inúmeros projetos de lei que estão em casas legislativas do país.

O presidente da CNseg destacou sobre qual vai ser o comportamento do consumidor depois da pandemia. “Acho que não haverá apenas um cenário e, ao mesmo tempo, vão existir oportunidades, o capital vai ficar mais caro”, afirmou.

Ele citou como exemplo a questão do pay per use que foi regulamentada pela Susep. “Agora se coloca um cenário diferente que pode alavancar ou parar o pay per use”, analisou.
Representando a FenSeg, Trindade afirmou que a indústria do seguro está habituada a mudanças e ressaltou que não só o Brasil, mas o mundo deve ser diferente pós-pandemia.
“Todos sairemos diferentes em função do impacto social e econômico que vem acontecendo. Vamos passar por uma adaptação certamente. Há mais de 500 anos a indústria de seguros faz isso”.

O executivo disse ainda que o mercado de seguros evolui ano após ano introduzindo os avanços tecnológicos. Ele citou como exemplo o uso de inteligência artificial, atendimento remoto e instrumentos digitais para contactar os consumidores. “Nesse sentido, a evolução vai continuar”, sentenciou.

Quanto a novos produtos, Trindade disse que o setor já vinha desenvolvendo novos produtos que devem ganhar força por conta do isolamento social. “Vamos ver novos produtos usando índices paramétricos que devem ganhar impulso. Eles já são usados na área agrícola, por exemplo”, descreveu. Para ele, os seguros intermitentes também devem avançar e o seguro residencial deve ganhar novo fôlego com o aumento do home office.

O dirigente também destacou que os seguros para médias e pequenas empresas também devem sentir o impacto do covid-19, assim como seguro viagem. “Ninguém vai viajar sem estar protegido de fatos fora de controle que possam acontecer”.

Ele disse que o corretor de seguros deve conhecer profundamente a necessidade dos clientes. “Onde eles estão atendidos, como estão passando por esse momento seja pessoa jurídica ou física, pequena ou média empresa”, afirmou.

Para o dirigente, o corretor tem papel fundamental de ajudar e buscar soluções para o seu cliente e nenhum sistema tira isso. “Ele pode e deve usar sistemas digitais, mas conhecer profundamente seu cliente e estar do lado dele é fundamental para ele continuar tendo sucesso”, aconselhou.

João Alceu, da FenaSaúde, afirmou que devido à pandemia, o setor de saúde suplementar está em foco. Ele listou alguns assuntos que são tema no setor e ressaltou que a entidade é contra o SUS assumir a administração dos leitos. Segundo ele, essa medida pode desorganizar o sistema privado porque, apesar de ser legal, nunca houve preparo do sistema público para adoção dessa medida. “Não parece haver um sistema de gestão para conduzir o sistema de forma eficiente”.

Ele aproveitou também para esclarecer alguns pontos que têm sido divulgados erroneamente como a existência de hospitais ociosos. “De maneira geral, os leitos ociosos não estão nas UTI’s onde a demanda é crescente nas duas últimas semanas”, pontuou. Ele ressaltou que a ociosidade registrada está ligada ao fato de que para o funcionamento seguro de uma UTI é preciso ocupação abaixo de 100% e, também, a existência de outras morbidades que demandam necessidade da UTI.

Ele também criticou o excesso de projetos de lei que envolvem o setor. Ele afirmou que existem quase mil projetos no congresso nacional. “Nossa preocupação é a aprovação de medidas que afetem a receita das operadoras. Se há um setor que tem que ter cuidado no momento é o setor de saúde”, alertou. Segundo Alceu, de 85 a 90% da receita das operadoras é repassada para a cadeia produtiva e mexer nisso, segundo ele, pode reverter no repasse aos hospitais e “isso não queremos”.

Ele revelou ainda que depois da pandemia, a FenaSaúde deve fazer um estudo detalhado sobre a redução no número de liminares para realização de procedimento de emergência. “Ora, o isolamento social reduziu ou boa parte desses pedidos era só uma forma de pressionar a concessão das liminares?”, questionou.

Alceu ressaltou também que as soluções digitais usada entre beneficiários e operadoras são uma vitória. “Muitas operadoras evoluíram anos em poucos meses. Ficou claro o salto que o sistema privado está dando em seu processo de digitalização. O grande vencedor é a telemedicina que por pressão da sociedade acabou sendo regulamentado”.

Representando a Fenaprevi, Jorge Nasser, também falou da preocupação com os projetos de lei. “São 4.817 projetos que afetam o mercado segurador. São 2 pandemias: do covid 19 e das decisões precipitadas que podem afetar negativamente nosso mercado”.

Ele disse que as pessoas se familiarizaram com as plataformas de vendas on-line diante da impossibilidade de sair de casa. “No novo normal os negócios serão centrados em meios digitais? Acho exagerado. As pessoas vão preferir esse tipo de compra sem intervenção humana?”, questionou.

Diante disso, Nasser aposta no papel fundamental dos consultores. Corretores perderão espaço? “Sem medo de errar, acho que a digitalização não é sinônimo de intermediação. O papel dos corretores será fundamental, mas atendendo a necessidade dos consumidores”, enfatizou.

O presidente da Fenaprevi disse que o corretor será o agente de transformação social ao valorizar o relacionamento com seus clientes. “Por isso acho que o mundo pós-pandemia será mais digital, mas com soluções práticas para os clientes”, definiu.

Nasser disse ainda que o mundo pós-pandemia vai exigir cuidado maior na gestão de risco. “Será preciso ética na gestão, um compromisso com o futuro dos nossos negócios; boa fé entre as partes, respeito aos contratos e às regras”, reforçou.

Ele lembrou também que as seguradoras trabalham com riscos mensuráveis e, portanto, passíveis da correta precificação, por isso, disse ele, a preocupação com projetos de lei que não respeitam esse princípio.

O presidente da Fenaprevi destacou que o home office foi um grande aprendizado. “Em um período recorde colocamos operações que pareciam impensáveis em home office. Ele veio para ficar e cada empresa vai ver como vai usá-lo”, afirmou.

Para Nasser, o corretor de seguros ganha importância no novo cenário. “O novo cenário reforça a importância do corretor, como em muitos momentos da nossa história, como um agente de revolução. O mundo pós pandemia será mais conectado, com soluções práticas para a nossa operação e para os nossos clientes. Sairemos mais humanos e valorizando a relação humana. E mais uma vez ganha o corretor que agregar mais valor ao seu cliente”, afirmou.

Já Marcelo Farinha, falando em nome da Fenacap, lembrou que a capitalização nasceu no Brasil na crise de 1929. “Nesses 91 anos tivemos aprendizado com várias crises. Em 2018 e 2019 vínhamos crescendo e, também, no começo de 2020, antes dessa crise”, ressaltou.

Ele lembrou que hoje, a capitalização é um dos instrumentos mais versáteis do mercado. Na opinião de Farinha, o consumidor está mais exigente, mais informado e, agora, “no âmbito da crise se acostumou que o produto chegue até ele, é um consumidor mais conectado”, disse.
O dirigente afirmou que o produto precisa ser inserido nesse novo cenário. “Não foi a crise que trouxe. A crise intensifica essa percepção”.

Ele disse que a capitalização já passa por transformação com a existência de produtos digitais. A crise fará com que as pessoas revejam seus padrões de consumo e passe a focar no que é essencial e conscientes e proteção financeira. “É o conceito que está arraigado em nossos produtos de reserva financeira”, destacou.

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