Motorista da Zona Leste paga até 50% a mais pelo seguro do carro

Motoristas que moram em bairros como Penha, São Miguel e Guaianazes são mais penalizados. Seguradoras alegam que índice de roubo é maior Além de rodar mais com o carro e enfrentar horas intermináveis no trânsito para se deslocar para as demais regiões da cidade, o motorista que vive na Zona Leste é o mais penalizado com o pagamento do seguro do carro. Segundo levantamento do Sindicato das Seguradoras de São Paulo (Sindseg-SP), o seguro de um mesmo veículo chega a custar, em média, até 50% a mais para os motoristas que vivem em bairros como Penha, São Miguel e Guaianazes.
A justificativa, de acordo com o vice-presidente do Sindseg-SP e da SulAmérica, Jorge Bento, são os altos índices de furto e roubo de veículos na Zona Leste, em especial nos três bairros com seguro mais caro. ?São regiões em que o risco de furto e roubo é maior, e o motorista acaba sendo mais penalizado?, afirma Bento.
A pedido do DIÁRIO, duas seguradoras SulAmérica e Danseg fizeram simulações para comparar os preços entre regiões e bairros da Capital. Na comparação entre bairros, feita pela SulAmérica, o seguro de um Gol 1000 zero custa R$ 2,49 mil para um motorista que reside em Guaianazes, na periferia da Zona Leste, enquanto que o mesmo seguro, considerando um motorista de 30 anos, sai por R$ 1,84 mil na Pompéia, na Zona Oeste. A diferença, neste caso, é de 35%.
Outros locais visados pelos assaltantes e que têm o seguro mais caro são a região de Perdizes, em torno da Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP) ? onde o seguro chega a custar até 20% mais ? e Santo Amaro, na zona Sul.
Entre as regiões, o seguro de um Gol 1.6 zero quilômetro, para um motorista entre 35 e 40 anos, é de R$ 1.552,97 na Zona Leste 45% acima do seguro pago por quem mora na Zona Oeste ou Centro (R$ 1.069,00).
Santo André O presidente da comissão de automóveis do Sindseg-SP, Ademar Fujii, diz que a situação é ainda mais crítica no ABC. Santo André, segundo Fujii, é hoje a região cujo seguro é o mais caro do país, batendo a Capital e o Rio de Janeiro.
Em Santo André, de cada 100 veículos, cinco são roubados, acima da média de três a cada 100 na Zona Leste, a mais visada pelos ladrões na Capital?, explica o diretor do Sindseg-SP.
Ele lembra que o uso de tecnologia mais avançada pela indústria automobilística mudou o panorama de furtos e roubos de veículos. Com os serviços de rastreamento por satélite, por exemplo, e outros equipamentos de combate ao furto, cresceu o número de roubos, hoje responsáveis por 60% das ocorrências?, afirma.
No Brasil existem hoje 7,5 milhões de veículos com seguro. Deste total, três milhões são carros de motoristas que vivem no estado ? 2 milhões deles na Capital. O número de carros segurados na cidade de São Paulo equivale à metade da frota em circulação, que é hoje de aproximadamente 4 milhões de veículos, segundo o Sindseg-SP.
LUÍS ALFREDO DOLCI