Notícias | 26 de outubro de 2005 | Fonte: Corretor Livre

Monopólio do resseguro esconde deficiências do mercado

A abertura do mercado de resseguros, há 66 anos nas mãos do estatal Instituto de Resseguros do Brasil (hoje IRB-Brasil Re), ainda depende da aprovação de um projeto de lei complementar que foi enviado em maio pelo Executivo ao Congresso Nacional. Porém, algumas poucas medidas tomadas no sentido de preparar a futura concorrência – como a possibilidade de as seguradoras fazerem a cotação de preços direto no mercado internacional, sem passar antes pelo IRB – já ajudaram a trazer à tona uma fértil discussão entre corretores e seguradoras. E mostraram que mais de seis décadas de monopólio esconderam uma série de deficiências do mercado.

Apesar de o resseguro ser um assunto um tanto hermético para a maioria dos mortais, trata-se de uma atividade da maior relevância para o sistema de proteção patrimonial que o seguro representa. O ressegurador é a empresa que toma parte dos riscos assumidos por uma seguradora junto aos seus clientes, protegendo contra catástrofes que poderiam quebrar uma única empresa. Todos os contratos de seguros das grandes indústrias brasileiras e estrangeiras sediadas no país são ressegurados.

Com o mercado fechado, as seguradoras usualmente repassam a maior parte dos riscos assumidos junto a seus clientes para o IRB, que os assume em um processo sem grandes questionamentos. Anos e anos funcionando dessa forma levaram a uma extensa lista de falhas acumuladas “debaixo do tapete”. Por exemplo, falta de profissionais especializados na chamada regulação de sinistros – um técnico que verifica procedimentos de prevenção, constata efeitos de acidentes e elabora os relatórios de perdas.

Isso é um problema para as grandes empresas que contratam seguros porque não deixa muito clara a diferença entre aquelas que investem em prevenção de acidentes e gerenciamento de riscos e aquelas que quase nada fazem nesse sentido. E, claro, também é ruim para as seguradoras que podem perder muito dinheiro com um único acidente em meio à sua carteira de clientes.

Mas não é tudo. Produtos de padrão estanque, sem flexibilidade para adaptação às necessidades diferenciadas dos segurados, documentos mal redigidos e até traduções de contratos internacionais mal elaboradas revelam o pouco preparo de corretores e seguradoras, mesmo os mais conceituados do mercado brasileiro, conforme relatou Valeria Bernasconi, diretora da área de gerenciamento de riscos da multinacional química Rhodia, em um recente seminário sobre a abertura de resseguros realizado em São Paulo.

Segundo a executiva, a Rhodia trabalha com programas mundiais de seguros e resseguros para todas as suas fábricas. A escolha dos corretores para estes programas é “fator fundamental” porque eles ajudam no gerenciamento dos riscos. Os corretores são remunerados pela empresa com base em qualidade de serviços, além das tradicionais comissões e “fees”. No Brasil, diz ela, a qualidade da prestação de serviços é “extremamente fraca”. Além disso, as seguradoras chegam a levar de seis meses a um ano para indenizar sinistros em comparação a uma média de três meses nos países desenvolvidos. “Nesses 66 anos, vivemos em uma bolha”, definiu, durante palestra no mesmo evento, Walter A. Polido, Diretor do escritório brasileiro da Münich Re, a maior resseguradora do mundo. Para Polido, independente de “prós e contras” do monopólio estatal, o fato é que as seguradoras não desenvolveram seus próprios sistemas tarifários e, para contenção de gastos, elas fecharam seus departamentos de regulação de sinistros, daí a falta de profissionais nesta área, relatou Polido. Para Henrique Oliveira, da Swiss Re, a segunda maior do mundo, a concorrência que se estabelecerá com a abertura do mercado de resseguros poderá ajudar a resolver grande parte dessas falhas.

A corretagem de seguros na era da certificação digital

Nos próximos dois anos, metade de todos os corretores de seguros do país estará utilizando a certificação digital, e em cinco anos, espera-se, toda a categoria. Além das vantagens como redução tempo, de custo e maior privacidade, há, ainda, a possibilidade real de os corretores participarem do processo de massificação dos seguros, competindo em condições de igualdade com os bancos nessa área.

Bill Gates, o famoso mago do mundo da informática, profetizou que a próxima década trará mais mudanças ao mundo que os últimos 50 anos. Vale a pena apostar nessa previsão, especialmente quando o assunto é certificação digital, cuja proposta é ser o equivalente eletrônico a todos os documentos em papel que as pessoas e empresas possuem atualmente.

O novo sistema pretende quebrar o paradigma de que todo e qualquer documento precisa ser apresentado em papel, já que juridicamente os documentos eletrônicos valem tanto quanto um similar em papel, com a garantia de serem seguros e invioláveis. Por isso, acredita-se que está em curso uma revolução no cotidiano daqueles que dependem do manuseio de inúmeros documentos, como é o caso dos corretores de seguros.

FAÇA UM COMENTÁRIO

Esta é uma área exclusiva para membros da comunidade

Faça login para interagir ou crie agora sua conta e faça parte.

FAÇA PARTE AGORA FAZER LOGIN