Notícias | 13 de junho de 2016 | Fonte: DCI

Mercado de seguro tem crescimento digital fraco por desafios regulatórios

wApesar da constante migração tecnológica de todos os setores da indústria, segmento segurador tem dificuldades de adaptação e, segundo especialista, até mesmo “corre risco de desaparecer”

As contratações on-line de seguros tiveram um aumento de 1,4% de janeiro a maio deste ano. Apesar do “amplo espaço” de crescimento no País, a necessidade de um corretor nas transações pode impedir produtos mais complexos de irem para o plano digital.

De acordo com Manuel Matos, coordenador do comitê de seguros on-line da Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico, apesar do mercado segurador já “caminhar a passos largos” para o meio digital, há ainda alguns obstáculos em sua validação.

“Apenas há pouco tempo, nós conseguimos superar o desafio da validade jurídica. Mas ainda estamos tentando marcos regulatórios para a questão da fraude, por exemplo”, identifica.

A expectativa da câmara é relativamente fraca, com um aumento de 1% nas vendas de seguros por meios digitais em junho, indo das 49 mil contratações vistas em maio para um total de 52 mil.

“Os meses mais fortes tendem a ser em junho, quando o imposto de renda já está feito e o consumidor tem mais liberdade para contratar um seguro. E em dezembro, por conta do décimo terceiro salário”, conta Matos.

Segundo um estudo da Capgemini, os clientes entre 15 e 34 anos (geração Y) estão mais exigentes em relação aos meios digitais e, por isso, apresentam uma maior probabilidade de passarem por experiências negativas com suas seguradoras.

O levantamento ressalta que, comparado às demais faixas etárias, a geração Y interage 2,5 vezes mais nas mídias sociais e até o dobro quando visto em dispositivos móveis.

Além disso, aponta também que, 93,9% dos clientes brasileiros, considerando todas as idades, estariam dispostos a trocar de seguradora caso empresas de tecnologia orientadas à inovação (Fintechs) entrassem nessa indústria.

“O mercado de seguros está subestimando, e muito, a dimensão da adoção das tecnologias conectadas. Apenas 16% das empresas acreditam que os clientes aceitarão carros sem motoristas, por exemplo, enquanto 23% dos clientes demonstram esse interesse. É importante que as seguradoras se adaptem às mudanças e aos avanços tecnológicos que atingem seus segmentos ou correm o risco de desaparecerem”, avalia Paulo Marcelo, CEO da própria Capgemini.

“Com maior disponibilidade de canais, o setor de seguros pode passar por aumento de prêmios, mas, não, de ticket médio. Há um espaço enorme para o Brasil até dobrar o mercado, mas ainda existe um longo caminho pela frente, já que a fatia do segmento no PIB [Produto Interno Bruto] não chega a ser nem metade do que se é visto na Europa e Estados Unidos” afirma Eldes Mattiuzzo CEO da Youse.

Para Fabio Leme, diretor de automóveis e massificados da HDI, no entanto, o segmento já aposta em vertentes mais tecnológicas para inserir seus produtos no mercado.

“A conversão digital realmente é inevitável, mas as seguradoras têm aumentado a quantidade de investimentos para aplicar tecnologias eficientes aos clientes. No que se refere à venda, por exemplo, o tempo médio que o corretor leva no processo já diminuiu 53%”, garante o executivo.

“A busca por otimizações de processos e melhorias de serviços, além disso, passa por gerar preços mais acessíveis. A gente espera que o mercado volte a crescer na casa de dois dígitos, nos anos vindouros”, complementa Leme.

Complexidade

Segundo os especialistas ouvidos pelo DCI, no entanto, a complexidade de alguns seguros oferecidos pode ser um impeditivo para o crescimento do setor no âmbito digital.

De acordo com Hélio Novaes, CEO da MDS Insure, o mercado ainda está “muito incipiente” em relação às novas tecnologias e o País ainda “está longe” dessa realidade.

“Isso não vai acontecer enquanto o Brasil operar no sistema de hoje, principalmente no que diz respeito a seguros de grande porte. Se for algo simples de ser entendido, é fácil oferecer uma compra direta para o consumidor, mas quanto mais técnico for o produto, maior é a necessidade de um corretor para servir de intermediário na transação. Transportar isso para a internet, só piora esse sistema”, explica.

“Houve alguns impedimentos regulatórios, e tornar simples os seguros no Brasil, ainda é um desafio. A regulação do mercado não obriga a contratação por um corretor, mas obriga o pagamento da comissão. Não faz sentido, nos âmbitos da legislação, você tirar o corretor do processo”, opina Marcelo Carneiro, diretor do Bancoob Seguridade.

Os executivos ressaltam que o mercado tende a crescer na ordem de um dígito este ano.

Um comentário

  1. TODO RISCO CORRETORA DE SEGUROS LTDA

    13 de junho de 2016 às 10:53

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