Notícias | 30 de setembro de 2003 | Fonte: Valor Econômico

Mercado brasileiro atrai corretoras de resseguros

No caminho inverso das resseguradoras internacionais, as corretoras de resseguros estão se voltando para o mercado brasileiro. A mais recente chegada é da Acordia, a corretora de seguros e resseguros do grupo americano de serviços financeiros Wells Fargo. Sexta maior do mundo, segundo ranking produzido pela revista Business Insurance, a Acordia chega em parceria com a corretora brasileira Assurê, que pertence a Henrique Jorge Duarte Brandão, presidente do Sindicato dos Corretores do Rio (Sincor-RJ). No ano passado, a PWS, broker ligado ao Lloyds (mercado segurador de Londres), instalou um escritório no país.
O número de corretoras de resseguros só faz crescer. No início dos anos 90 não chegava a 10, algumas com mais de 50 anos de atividade. Hoje são 23. De outro lado, o número de resseguradoras cresceu muito quando o governo Fernando Henrique Cardoso iniciou o processo de privatização do IRB Brasil Re, estatal que detém o monopólio do resseguro. No final da última década, 16 resseguradoras haviam inaugurado operações no país. Quando ficou claro, a partir de 2001, que o governo não venderia mais o controle do IRB, as resseguradoras começaram a desativar seus escritórios e sair do país. Hoje só nove continuam ativas.
O movimento de entrada dos intermediários está relacionado com a política do IRB de ampliar a distribuição dos riscos para obter maior e melhor oferta de preços e serviços, explica Luiz Eduardo Pereira de Lucena, diretor comercial da estatal. Há alguns anos o IRB trabalhava com três corretoras internacionais. No ano passado subiu para cinco. O trunfo do IRB é o contrato de “properties” (riscos industriais), de aproximadamente US$ 30 milhões, um dos maiores e mais disputados do mundo – as corretoras ganham um percentual na colocação dos contratos.
Os contratos do IRB são renovados anualmente através de um grupo de corretores. São 20 corretores internacionais credenciados em vários países, sendo 10 considerados “preferenciais”. Em 2002 o contrato foi distribuído a cinco: Willis, Aon, PWS, Gallagher e Jardine. Na próxima renovação em novembro, segundo Lucena, “muda essa composição”, ou seja, algumas serão substituídas, mas Lucena disse que não está definido ainda quais entram e quais saem. Para o executivo, a estratégia propicia a instalação de novas corretoras com representação no país. “Elas querem melhorar a posição de negócios”, acredita Lucena.
Sergio Viola, diretor executivo da Assurê, disse que a Acordia tem interesse em ampliar sua participação nos prêmios de resseguros que passam pelo IRB. No ano passado, o resseguro de empresas brasileiras com passagem (obrigatória) pelo IRB chegou próximo a US$ 700 milhões. Desse total, a estatal mantém aproximadamente metade, distribuindo o restante entre as resseguradoras no exterior.
Nesta segunda-feira, executivos da Acordia chegam ao Brasil para anunciar a parceria com a Assurê, uma corretora com 36 anos de atividade, especializada em seguros de vida, automóvel e saúde. “Há anos o Henrique tem interesse em entrar no negócio de resseguros e vinha negociando com empresas dos Estados Unidos e Europa, até fechar com a Acordia”, disse Viola.
Janes Rocha

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