Notícias | 11 de setembro de 2019 | Fonte: Brasil Turis

Mar de almirante – Saiba tudo sobre o seguro viagem marítimo

O seguro viagem para cruzeiristas tem diferenças que precisam ficar claras para ajudar o agente de viagens nas vendas

Um dia ensolarado, roupa de banho no corpo e um par de chinelos no pé, uma cadeira de praia para deitar, uma bebida na mesinha ao lado e a imensidão do mar no horizonte. Aproveitar um cruzeiro é a opção de viagem de cerca de meio milhão de viajantes que embarcam nos portos do Brasil ao ano, de acordo com dados da Cruise Line International Association (Clia Brasil).

Na última temporada, que teve a presença de sete navios nos portos nacionais, a ocupação foi de 100%. Para as saídas de 2019-2020, que começam em dezembro e se estendem até abril de 2020, a oferta de cabines chegará a 560 mil, ou seja, 60 mil turistas a mais devem navegar nos mares da América do Sul.

Contudo, o viajante de cruzeiros está tão sujeito a problemas de saúde ou acidentes que podem afetar o andamento da viagem quanto o turista que opta por ficar em terra firme. Apesar de parecer semelhante, o procedimento nos momentos de urgência tem diferenças que precisam ser bem esclarecidas pelo agente de viagens aos seus clientes, ainda mais quando o a vastidão do oceano não permite um acesso rápido a um hospital e o contato via internet está atrelado a um serviço pago a parte.

Dando continuidade à série de reportagens sobre seguro viagem, o Brasilturis esclarece dúvidas e traz os detalhes sobre o procedimento nos casos em que é preciso acionar o serviço durante uma viagem em alto-mar. Muitas vezes, não há o contato direto dos hóspedes com as empresas contratadas.

Aspecto Legal

Diferentemente de outras situações, o produto cruzeiros marítimos não encontra orientações ou embasamento legal dentro da resolução 315 da Superintendência de Seguros Privados (Susep). Situações ocorridas dentro dos navios sequer são mencionadas nas sete páginas do documento que, atualmente, é a base jurídica que todas as empresas de assistência e seguradoras devem seguir. Desta forma, não fica difícil entender porque situações de emergência dentro de navios podem parecer um pouco confusas a quem contratou o serviço e, também, para o agente de viagens que desconhece como o processo deve ser tratado pelo viajante.

O procedimento seguido pela maioria dos provedores é sugerir aos clientes a utilização da estrutura médica oferecida pelo navio, pagar os débitos conforme necessário e solicitar o reembolso dos valores junto à assistência contratada posteriormente ou assim que conseguir estabelecer um contato. Portanto, é essencial solicitar o recibo de todos os procedimentos realizados na enfermaria dos navios.

Nos casos extremos em que o passageiro necessite de atendimento externo o deslocamento para um hospital próximo deve integrar o procedimento e ser comunicado à empresa contratada. Vale lembrar, os cruzeiros marítimos internacionais também podem estar sujeitos às regras de cada país ou continente como lembra Claudia Brito, diretora comercial da April Brasil Seguro Viagem. “O viajante que vai fazer um cruzeiro na Europa deve respeitar as regras do Tratado de Schengen, ou seja, contratar o seguro com assistência mínima de 30 mil euros”, destacou.

Produtos especiais

 Para acomodar os turistas de cruzeiros algumas empresas fornecem produtos específicos para esse tipo de viagem. É o caso da Global Travel Assistance (GTA) com o chamado plano “Bronze Marítimo”, com cobertura de U$ 12 mil, e que representa 9% das vendas da empresa. A Allianz Travel conta com três opções distintas para viagens marítimas, com diferenças no valor das coberturas e dos locais – Europa, internacional e nacional.

Além disso, de acordo com Renato Rotta, gerente de Marketing da seguradora, um novo produto recém-lançado pela empresa também contempla as viagens em alto-mar. “O ‘Seguro Viagem Anual’ permite fazer várias viagens marítimas e/ou aéreas e ficar protegido pelo período de um ano. O plano é válido para viagens ao exterior, com duração de até 60 dias para cada viagem”, apontou o executivo.

A Travel Ace também oferece um seguro especial que contempla assistência ao passageiro desde a compra até o fim da viagem, incluindo ressarcimento por cancelamento da viagem. “O valor da devolução pode ser de 70% a 100%”, explica Renato Dassan, gerente comercial da regional São Paulo.

A bordo, os viajantes contam com estrutura de pronto-atendimento médico, hospitalar, assistência odontológica, fisioterapia, traslado, despesas farmacêuticas e, inclusive, tratamento emergencial para doenças pré-existentes. “Se houver necessidade de internação, temos serviço de coordenação de reservas de passagens aéreas e hotel para familiar e, também, auxílio em acompanhamento de menor de idade”, pontua o executivo, acrescentando que há, ainda, cobertura de custo no caso de extravio ou danos às bagagens, retorno antecipado, orientação em caso de perda ou roubo de documentos, transmissão de mensagem urgente e linha de consulta 24 horas, assistência financeira e jurídica.

Para trazer ainda mais tranquilidade aos viajantes, algumas companhias marítimas e empresas de assistência unem as forças para criar produtos específicos. Como a MSC Cruzeiros e a Travel Ace, parceiros há dez anos com produto que pode ser acionado tanto para cobrir despesas médicas durante o cruzeiro quanto para o cancelamento da reserva. Ao todo, o seguro cobre 29 motivos, inclusive desistência.

“A MSC possui uma frota moderna com infraestrutura completa e todos os navios da companhia contam com um centro médico a bordo para dar assistência aos hóspedes em caso de emergência. Por isso incentivamos que os hóspedes adquiram o seguro- viagem ao realizar a reserva”, destacou Marco Cardoso, gerente de Operações e Serviços da companhia marítima. “O hóspede deve entrar em contato com a equipe de bordo que irá auxiliá-lo dentro do navio, além disso, há telefones espalhados pelos deques, junto a uma lista de números de emergência, que podem ser utilizados pelos hóspedes, caso necessário”, concluiu.

Outra empresa que segue essa linha e tem parceria com uma empresa de assistência é a Norwegian Cruise Line (NCL), que se uniu à Assist Card para fornecer um produto diferenciado para a modalidade de cruzeiros. O acordo prevê que os clientes que contrataram um seguro viagem tenham cobertura de até US$ 500 na enfermaria do navio, devendo avisar à seguradora contratada que fez uso da cobertura no próximo porto de parada.

O tratamento médico oferecido pela NCL inclui exame de urina, teste de gravidez e de glicose, além de permitir a realização de procedimentos como eletrocardiogramas, raios-X, sutura de laceração menor e imobilização de fratura. Uma farmácia é equipada com os medicamentos de prescrição mais comuns e está disponível aos viajantes.

A Assist Card também é parceria da R11 Travel, distribuidora exclusiva da Royal Caribbean no Brasil. A empresa comandada por Ricardo Amaral oferece duas opções de seguro para cruzeiristas, sendo um global e um específico para cruzeiros na Europa. Ambos incluem proteções adicionais, como atraso ou extravio de bagagem e cancelamento de viagem para 27 diferentes motivos.

Sinistralidade

A maioria dos casos de sinistralidade durante os cruzeiros é referente a situações menores, como enjoos e náuseas, extravio de bagagem, dores de cabeça, pequenos acidentes e alterações de pressão arterial, entre outros, com raros casos em que há a necessidade de remoção da embarcação.

A atenção também precisa ser redobrada, já que alguns viajantes que podem passar dos limites durante os cruzeiros, conforme detalha Claudia. “A maioria dos casos está relacionada ao tipo da viagem, como labirintite e enjoos devido ao balanço do mar. Outras vezes a ocorrência é indigestão e doenças relacionadas ao excesso de comida, em razão do regime all-inclusive”, destacou a executiva da April.

Contudo, há situações em que o acionamento do seguro viagem para passageiros de cruzeiros acontece antes mesmo do embarque, conforme aponta Valéria Pereira, gerente de Produtos da Affinity Seguro Viagem. “O cruzeiro é comprado com antecedência, então o seguro irá resguardar o passageiro sobre eventos que ocorrerem entre a data da compra e o início da viagem. Após o embarque, os sinistros mais frequentes estão relacionados a dor de cabeça, gastroenterite, pequenos acidentes e pressão arterial”, apontou.

 Orientações

Para evitar ou minimizar eventuais problemas no momento da venda, os especialistas consultados deram uma série de dicas valiosas para garantir que o turista saia da agência bem informado.

Claudia Brito (April Brasil Seguro Viagem)

“Os navios possuem clínicas e o segurado deverá procurar o atendimento por conta própria, solicitar todos os devidos comprovantes e, posteriormente, pedir reembolso junto à seguradora. Os atendimentos dentro do navio acontecem, necessariamente, via reembolso por não ser possível acionar uma rede de prestadores. ” – Cláudia Brito (April Brasil Seguro Viagem)

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