Notícias | 9 de agosto de 2006 | Fonte: Folha Online

Liquidantes do caso Artur Falk trocam acusações

Atual diz que o antecessor teria favorecido acionista

ELVIRA LOBATO

DA SUCURSAL DO RIO

A ação judicial proposta anteontem pelo Ministério Público Federal contra o superintendente da Susep (Superintendência de Seguros Privados), Renê Garcia, pedindo seu afastamento, desencadeou uma troca de acusações entre o atual liquidante da Interunion Capitalização, Renato Sobrosa Cordeiro, e seu antecessor, Antônio Roberto Telles de Menezes, destituído no dia 7 de julho, por decisão da Susep.

Sobrosa divulgou nota ontem afirmando que Menezes, funcionário do BC, foi destituído da função de liquidante da Interunion porque teria tentado favorecer um dos acionistas da empresa, Gilberto Bomeny, em mais de R$ 20 milhões. Menezes negou a acusação e acusou Sobrosa e Garcia de beneficiarem o empresário Artur Falk, outro acionista da empresa.

“Enquanto Garcia for o superintendente da Susep e Sobrosa for liquidante da Interunion, é Falk quem dará as ordens”, disse Menezes, que entrou em guerra pública contra o dirigente da Susep. A ação proposta pelo Ministério Público está sendo examinada sob segredo de Justiça. Falk obteve ontem habeas corpus no STJ. Ele estava preso desde 12 de julho.

O atual liquidante afirma, na nota, que descobriu a “”irregularidade milionária” praticada por Menezes -referindo-se aos R$ 20 milhões com que ele, supostamente, beneficiaria Bomeny- quando era consultor jurídico da liquidação. A nota diz ainda que Menezes tem induzido a Justiça a erro.

No dia 12 de julho, o atual liquidante da Interunion publicou o quadro de credores, com redução de cerca de R$ 20 milhões em relação aos créditos que tinham sido contabilizados pelo ex-liquidante. Menezes disse que não foi responsável pela habilitação dos créditos e que o valor anterior, a maior, tinha sido aprovado pela Susep no ano passado.

A Interunion Capitalização sofreu intervenção da Susep em junho de 1996, porque seu patrimônio era insuficiente para pagar o resgate dos títulos de capitalização adquiridos por milhares de pequenos investidores que concorriam aos prêmios do Papa-Tudo. Em 1998, foi decretada a liquidação extrajudicial, que já dura quase oito anos. Falk tem um terço das ações da Interunion, e Bolmeny, que se tornou acionista em 97, tem dois terços.

Denúncia

Oito procuradores da República entraram com ação civil contra Garcia, por improbidade administrativa. Ele foi acusado pelos procuradores de “”acobertar, tomar parte e executar” as tentativas de Falk de tumultuar a liquidação para obter desfecho favorável na esfera criminal, o que nega.

A denúncia dos procuradores se baseia, principalmente, nos depoimentos e em documentação fornecida pelo ex-liquidante, que afirmou ontem que continuará municiando a Justiça contra Garcia e Sobrosa.

No dia 12 de julho, Falk foi condenado em segunda instância, pela Justiça Federal, a nove anos e dois meses de prisão, por crime financeiro. Ele recorria em liberdade, mas foi preso acusado de inibir a ação do Ministério Público Federal.

A Quinta Turma do STJ revogou a prisão preventiva decretada no último dia 26 pelo Tribunal Regional Federal da 2ª Região (Rio de Janeiro).

Segundo o entendimento unânime dos ministros do STJ, não havia provas suficientes para manter Falk preso.

O TRF determinou a prisão de Falk com o argumento de que o réu forjaria documentos e poderia fugir por ser dono de negócios no exterior e possuir dupla nacionalidade.

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