Notícias | 19 de dezembro de 2005 | Fonte: www.dci.com.br

Juro menor faz fundação diversificar

Juro menor faz fundação diversificar

Em 2006, com a tendência de queda da taxa básica de juros (Selic), a indústria de fundos de pensão deve entrar com força no mercado de produtos de investimento alternativos — formado por Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) e Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs), entre outros. “As fundações alocam, hoje, cerca de 7% dos ativos nesse tipo de aplicação. Devem chegar a 10% no próximo ano”, prevê o diretor comercial da Mellon Global Investment Brasil , Roberto Pitta.

Os fundos de pensão são detentores de patrimônio avaliado em R$ 294,5 bilhões. Ou seja, se a expectativa de Pitta em relação à maior procura dos fundos pelos investimentos alternativos se confirmar, as entidades poderão direcionar até R$ 29,4 bilhões a esse tipo de fundo.

Os FIDCs, também conhecidos no mercado como fundos de recebíveis, foram criados em 2001. São títulos lastreados em uma cesta de ativos, que pode ser composta, por exemplo, por duplicatas mercantis, financiamentos de veículos ou mesmo empréstimos pessoais. De acordo com dados da Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid), no acumulado de janeiro a 1º dezembro, o número de FIDCs quase dobrou, saindo de 55 para 93 fundos. Em novembro último, o patrimônio líquido do produto atingiu R$ 11,1 bilhões.

Taxa baixa favorece

A procura por esse tipo de papel, explica o diretor da Mellon, acontece em um momento de expectativa de queda da taxa Selic, que é o indexador da maior parte dos títulos públicos que compõem a carteira de renda fixa das entidades. Dados da Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp) revelam que os fundos têm 12,6% do patrimônio — ou R$ 34,4 bilhões — investidos diretamente em títulos dos governos federal, estadual e municipal. “Até agora, as entidades não precisaram diversificar tanto seus investimentos, por conta das altas rentabilidades e mesmo segurança trazida pelos títulos públicos. A partir da queda dos juros, no entanto, essa situação vai mudar”, garante o analista da Spinelli Corretora de Valores , Manuel Lois.

A corretora lançou, em fevereiro último, o Spinelli FIDC, que já acumula patrimônio de R$ 8 milhões e tem rentabilidade mensal próxima a 110% do Certificado de Depósito Interbancário (CDI) e é composto por recebíveis de empresas produtoras de açúcar, álcool e aço. A política de investimento do fundo da Spinelli é aplicar, no mínimo, 51% de seu patrimônio na compra de direitos creditórios, podendo o saldo remanescente ser investido em outros ativos.

A perspectiva de aumento do volume de recursos ingressando em aplicações alternativas é comemorada pelo sócio diretor da Oliveira Trust , Juarez Dias Costa. “A expectativa para esse mercado, em 2006, é muito boa. Além da queda dos juros contribuir, o mercado está bastante líquido, estimulando empresas a fazerem captações com custos mais baixos que de mercado”, diz Costa em relação aos FIDCs. A Oliveira Trust tem entre a carteira de clientes geral, cerca de 100 fundos de pensão; o número de instituições cai para 15, quando são contabilizados os fundos que aplicam recursos em FIDCs ou CRIs. No próximo ano, entretanto, o sócio diretor da empresa prevê que esse número possa chegar a 25 fundações. Afinal, lembram especialistas, fundos de pensão têm metas atuariais a cumprir.

Para Costa, a distância dos fundos de pensão de instrumentos menos usuais deve-se, além do fator comodidade — uma vez que os títulos públicos até então suprem a necessidade de garantir bons retornos a longo prazo — ao desconhecimento. “A equipe de gestão dos fundos muitas vezes demora meses para analisar um produto, até que chega um outro aplicador que aloca uma boa soma e fecha o fundo”, explica.

Outro motivo alegado por fundos de pensão é o fato que esses produtos agregam mais risco que as aplicações tradicionais. Costa lembra, entretanto, que o risco é minimizado a partir do momento que os FIDCs, para serem lançados no mercado, dependem da avaliação de risco de crédito de agência de rating.

Já de olho na queda da taxa Selic, a Sabesprev , fundo de pensão patrocinado pela Sabesp, começou a investir — no início do segundo semestre — cerca de R$ 3 milhões em um fundo de recebível.

Segundo o diretor presidente da entidade, José Sylvio Xavier, foi um primeiro teste para a entidade, que investia 80% de seu patrimônio em Notas do Tesouro Nacional (NTN-Cs), pouco mais de 10% em renda variável e, o restante, em imóveis e empréstimos aos participantes. Segundo dados da Abrapp, a Sabesprev está na 52ª colocação de uma lista composta por 277 fundos de pensão. A entidade acumula patrimônio de R$ 781,4 milhões.

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