Notícias | 29 de setembro de 2005 | Fonte: Valor Econômico

IRB Brasil Re está se preparando para operar em sistema de competição com outras empresas

Seguros

Cenário

Abertura vai modernizar todo o setor

Simone Guimarães, para o Valor De São Paulo

O monopólio do resseguro no Brasil vai acabar, mas só os muito otimistas acreditam que isso ocorrerá em 2006. A crise política e a proximidade do ano eleitoral devem atravancar a pauta no Congresso e é pouco provável que o projeto de lei que rege sobre a abertura do mercado de resseguros no Brasil, em tramitação desde o início do ano, seja votado logo.

O Brasil é um dos três últimos países do mundo que ainda detém o monopólio do seguro, juntamente com Costa Rica e Cuba. `É uma questão de tempo e a expectativa é que o tema não seja votado antes da eleição`, prevê o gerente executivo da Marsh Corretora de Seguros, Fábio Corrias. O fim do monopólio é visto pelos executivos do mercado segurador como um passo fundamental para a modernização do setor.

`A abertura do mercado permitirá a expansão não só do setor de resseguros brasileiro, como também de seguros, sobretudo por meio do desenvolvimento de novos produtos, mais adequados às necessidades de cada risco`, avalia o presidente do IRB Brasil Re, Marcos Lisboa. `Além disso, haverá redução de preços para os clientes com melhor perfil de risco`.

Lisboa, ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, está no comando do IRB Brasil Re desde abril, após a demissão de toda a diretoria da estatal envolvida no escândalo do `mensalão`. A principal tarefa do executivo tem sido preparar a empresa para operar em um sistema de competição. Para isso, a estrutura interna do IRB está passando por profundas modificações e o relacionamento da empresa com o mercado também. Por meio da Circular 11/2005, a empresa liberou as seguradoras para pesquisarem cotações de resseguros diretamente no mercado internacional.

O diretor executivo da Itaú Seguros, José Carlos Moraes de Abreu Filho, elogia a proposta de taxar de forma diferente os bons e os maus riscos. `Esta promessa de analisar as seguradoras de forma diferenciada, considerando o resultado que cada uma delas dá ao IRB, é outro acerto desta atual gestão`, diz.

Em outra frente, o IRB está empenhado em transferir para a Superintendência de Seguros Privados (Susep), ainda este ano, a regulação e fiscalização do mercado de resseguro. `Queremos ser uma empresa como qualquer outra`, afirma Lisboa.

Estas últimas movimentações no IRB animaram seus concorrentes de mercado, que há anos aguardam espaço para atuar no Brasil. `Estamos há oito, nove anos com escritório no Brasil e estamos prontos para cooperar com o processo de abertura`, afirma Henrique Oliveira, presidente da subsidiária brasileira da Swiss Re, segunda maior resseguradora do mundo. O executivo avalia que resseguradoras como a dele trarão para o Brasil um fluxo positivo de experiências internacionais de avaliação e subscrição de riscos, que irão ajudar tanto na elaboração de textos contratuais quanto na criação de novos produtos.

Novidades podem ser esperadas nos seguros de property, riscos de engenharia, D&O (directors and officers, um produto para proteger executivos) e em seguros do ramo portuário. A competição no resseguro também deverá beneficiar as pequenas seguradoras que poderão receber o apoio dos grandes grupos resseguradores internacionais. `As pequenas poderão ser treinadas `in loco` ou no exterior visando os nichos de mercado específicos`, diz o diretor técnico da Munich Re, Walter Polido, antecipando que tem interesse neste filão de mercado. `Nas áreas de seguros de pessoas, agrícola, responsabilidade civil, garantia e outros de potencial futuro, grandes esforços poderão ser concentrados`.

Junto com a atividade resseguradora, espera-se o desenvolvimento de novos postos de trabalhos em atividades como a regulação de sinistros, por exemplo. Surgirão, também, novas empresas especializadas em análises de riscos – underwriting – e de serviços em geral para a atividade seguradora do país, principalmente empresas especializadas em ramos específicos, como o de riscos agrícolas.

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