Notícias | 17 de junho de 2020 | Fonte: Revista Apólice

Investimento em infraestrutura será motor para crescimento de mercados emergentes

Segundo um estudo realizado pelo Swiss Re Institute, estima-se que os mercados emergentes investirão 3,9% do PIB (US$ 2,2 trilhões) anualmente em infraestrutura nos próximos 20 anos

O investimento no desenvolvimento de infraestrutura deverá ser um dos principais motores do crescimento sustentável em mercados emergentes após o abrandamento da crise da covid-19. É o que afirma o mais recente estudo realizado pelo Swiss Re Institute.

Os mercados emergentes investirão US$ 2,2 trilhões em infraestrutura anualmente nos próximos 20 anos, equivalente a 3,9% do produto interno bruto (PIB), segundo as estimativas do relatório. Espera-se que o setor de energia, especialmente o de energia renovável, infraestrutura inteligente e resiliente e instalações de saúde atraiam um forte investimento.

A pesquisa estima que a infraestrutura de mercados emergentes representa uma oportunidade de investimento anual de US$ 920 bilhões para investidores a longo prazo, incluindo seguradoras. As fases de construção e operação dos projetos de infraestrutura também criarão uma nova demanda por soluções de seguro, sendo previsto que as ramos de negócios de engenharia, imobiliários e de energia serão as mais beneficiadas.

“Os gastos com infraestrutura poderão ser uma das maneiras de impulsiona alguns setores da economia após a pandemia da COVID-19 e ajudar a incentivar um crescimento forte e sustentável na próxima década“, afirma Jerome Jean Haegeli, economista-chefe do Grupo Swiss Re. “A maioria dos gastos com infraestrutura acontecerá nos países emergentes da Ásia, que também esperamos que sejam o motor do crescimento econômico global.”

Antes do surto da COVID-19, muitos mercados emergentes já haviam dado início a projetos de infraestrutura plurianuais, e não espera-se que os investimentos associados caiam na mesma medida observada em períodos de crise anteriores. A pandemia também demonstrou a urgente necessidade de um maior investimento em infraestruturas de saúde em muitos mercados emergentes.

Após o choque de recessão provocado pela pandemia da COVID-19, prevê- se que os mercados emergentes cresçam aproximadamente 4,4% anualmente na próxima década, mais lentamente do que a média anual de 5,5% do período entre 2010 e 2019, porém muito mais rapidamente do que os 1,8% de crescimento projetados em mercados avançados. Na sequência da pandemia, a economia global enfrentará uma turbulência devido à deterioração das cadeias de suprimento e das capacidades de produção, aumento no desemprego, falências e maiores encargos com dívidas.

Além disso, dada a já enfraquecida resiliência de muitas economias antes do desencadeamento da crise, o crescimento global somente retornará a níveis moderados. Mediante este cenário, os mercados emergentes precisam se tornar mais resilientes melhorando a produtividade e aumentando o investimento em infraestrutura, que, por sua vez, pode reduzir os custos operacionais dos negócios e criar um ambiente propício para a formação de novos capitais e crescimento da produção.

“As realidades de hoje, incluindo uma tecnologia digital cada vez mais disseminada, o nítido impacto das mudanças climáticas e a necessidade de construir sociedades mais resilientes, aumentarão a demanda e moldarão o desenvolvimento de infraestruturas nos mercados emergentes“, ressalta Haegeli.

Com base nas tendências de gastos e projeções de crescimento econômico atuais, o estudo prevê que a maior parte do investimento estimado nos mercados emergentes será em infraestrutura de energia (34%), com um foco principal nas energias renováveis. Tendo em vista que muitos países intensificam suas iniciativas para reduzir suas emissões de gases de efeito estufa, é esperado que o investimento gire em torno de infraestruturas inteligentes e resilientes, nas quais os dados unem-se à tecnologia digital para melhorar o monitoramento e o gerenciamento de redes conectadas, tais como transportes públicos, serviços de utilidade pública e sistemas de descarte de resíduos, além de instalações, como estações de energia e redes elétricas. A construção e a modernização de infraestruturas existentes para torná-las mais resistentes aos impactos das mudanças climáticas também será uma área-chave do investimento sustentável. A pesquisa estima que o investimento total em infraestrutura nos países emergentes da Ásia será em média US$ 1,7 trilhão por ano nos próximos 20 anos, ou 4,2% do PIB e US$ 35 trilhões no total.

“Nos próximos anos, a Ásia investirá mais em infraestrutura do que qualquer outro lugar do mundo, com as economias emergentes da região sendo responsáveis por mais de um terço dos gastos associados“, diz Russell Higginbotham, diretor Executivo de Resseguro da Swiss Re na Ásia. “De maneira crucial, a infraestrutura propiciará o crescimento sustentável fomentando o aumento da produtividade. Ao mesmo tempo, o aumento da renda e uma tendência de urbanização constante significarão que a composição das necessidades de infraestrutura também evoluirá”.

A China investirá um total estimado de US$ 1,2 trilhão (4,8% do PIB) a cada ano, sendo responsável por 35% do investimento global em infraestrutura e 54% de todo o investimento em infraestrutura do mercado emergente. A Índia será o segundo maior mercado de investimento em infraestrutura,representando cerca de 8% de todos os gastos do mercado emergente. Estima-se que a África investirá 4,3% do PIB em infraestrutura, mas os níveis absolutos serão baixos.

Os países emergentes da Europa investirão 3% do PIB em infraestrutura, em linha com a média global, mas os gastos na América Latina ficarão defasados em 2,3% do PIB. Apesar dos gastos, o investimento estimado não será o suficiente para fazer face às necessidades dos próximos 20 anos. As lacunas de infraestrutura em todas as regiões emergentes juntas acumularão até US$ 520 bilhões anualmente. Em termos relativos, a maior lacuna será na África e na América Latina, e a menor nos países emergentes da Ásia.

Seguradoras como investidoras de longo prazo…

Tradicionalmente, os mercados emergentes dependem majoritariamente do financiamento público para satisfazer suas necessidades de infraestrutura. Com os orçamentos públicos sob pressão, o setor privado desempenhará um papel mais importante por meio de parcerias público-privadas e com soluções de transferência de riscos integradas no financiamento. Os benefícios da participação do setor privado (PPP – sigla em inglês) incluem ganhos em inovação e eficiência, e usando a PPP os governos podem terceirizar operações cotidianas e realocar verbas e recursos.

O setor de infraestrutura em mercados emergentes apresenta umaoportunidade anual de US$ 920 bilhões para investidores a longo prazo,incluindo seguradoras globais, segundo o estudo. As seguradoras podem apoiar ainda mais o crescimento sustentável em mercados emergentes preenchendo a lacuna de infraestrutura em diferentes regiões. Com as taxas de juros fixadas para permanecerem baixas, os projetos de infraestrutura podem fornecer retornos atrativos para ajudar as seguradoras a igualar o seu passivo a longo prazo. Esses projetos também oferecem uma oportunidade de diversificação regional e da classe de ativos, e de investimento em iniciativas ambientalmente e socialmente responsáveis.

Um diferenciador- chave para os mercados emergentes nos próximos 20 anos será a capacidade de comprometerem-se com políticas que beneficiem quadros favoráveis ao mercado para tornar a infraestrutura uma classe de ativos padronizada e comercializável, bem como uma baixa complexidade tarifária e prudência fiscal, afirma a pesquisa. Os mercados que aderirem a essas diretivas conseguirão atrair investimentos em infraestrutura (e outros) mais facilmente também de investidores estrangeiros e, consequentemente, construir um crescimento econômico mais forte e resiliência.

As seguradoras também podem fazer contratos de seguro dos riscos

inerentes às fases de construção e operação dos projetos de infraestrutura. O estudo estima uma oportunidade de prêmio total de mais de US$ 50 bilhões nos próximos 10 anos, com base nos níveis de investimento projetados nos sete maiores mercados emergentes (Brasil, China, Índia, Indonésia, México, Rússia e Tailândia). Entre as ramos de negócios, prevê-se que o setor de engenharia, com prêmios de construção cobrindo todos os riscos estimados em US$ 22 bilhões, será o mais beneficiado. Na fase de operação, estima-se que os prêmios imobiliários atinjam US$ 19,4 bilhões, enquanto os prêmios de projetos de energias renováveis chegariam a cerca de US$ 9,7 bilhões.

Também haverá um aumento da demanda por seguros marítimos e de passivos. Novamente, a China, no caminho para ser o maior mercado de seguros do mundo até meados de 2030, será onde a maior parte dos negócios de seguro relacionados a infraestrutura estará concentrada, representando 60% dos prêmios na próxima década.

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