Notícias | 16 de setembro de 2005 | Fonte: O Estado de S.Paulo

Investigação de seguradora mobiliza PF e Ministérios Públicos Federal e Estaduais

A investigação em torno da Interbrazil, uma seguradora de pequeno porte que ganhou grandes contratos entre empresas estatais do setor elétrico, deve mobilizar a Polícia Federal, o Ministério Público de dois Estados e o Ministério Público Federal. A atenção das autoridades foi despertada por reportagem exibida na terça-feira pelo Jornal Nacional, da TV Globo, que mostrava que os contratos surgiram após a empresa ajudar o PT em campanhas eleitorais.

Segundo a reportagem, uma empresa criada em 2002 e desconhecida no mercado tornou-se seguradora das usinas nucleares de Angra I e Angra II, da Companhia Energética do Paraná e da Companhia Energética de Goiás. No total, a cobertura prevista nestes contratos chegava a R$ 4,7 bilhões.

Na reportagem do JN, o presidente da Interbrazil, André Marques da Silva, admitiu ter pago despesas da campanha eleitoral de petistas, em troca de informações para fechar contratos. E afirmou que considerava natural esse tipo de troca: “A gente procurou estar inserido ali para que pudesse obter realmente as informações”, contou. “É segredo comercial, realmente, sair à frente para poder buscar nosso mercado, como outras seguradoras também.”

Também chamou a atenção no caso o envolvimento do nome de Adhemar Palocci, irmão do ministro da Fazenda, Antonio Palocci. De acordo com pessoas ouvidas pelos repórteres, era ele quem definia quais dívidas deveriam ser pagas.

COORDENADOR

Ex-secretário de Finanças da prefeitura de Goiânia e funcionário da Eletrobrás, Adhemar foi citado por fornecedores de material de campanha. A Polícia Federal quer agora esclarecer quais as relações entre ele e o proprietário da seguradora. Segundo depoimentos que o Ministério Público de Goiás tomou, numa investigação sobre caixa 2 do PT, Adhemar era o coordenador de campanhas petistas que teriam serviços pagos pelo dono da Interbrazil.

No mês passado a Superintendência de Seguros Privados (Susep), que fiscaliza as seguradoras, decretou a liquidação da Interbrazil. Um ano e meio ano antes o Instituto de Resseguros do Brasil (IRB) já tinha dado o sinal de alerta, acusando a empresa de ter garantido um contrato usando documentos falsos, além de emitir apólices irregulares para a Companhia Energética de Goiás.

A Interbrazil foi criada com patrimônio de R$ 14 milhões. Nos primeiros 2 anos do governo Lula obteve contratos de estatais do setor elétrico, o que lhe deu um lucro de R$ 24 milhões em 2003 e de R$ 62 milhões, em 2004.

Na quarta-feira, a Eletrobrás isentou Adhemar de responsabilidade na assinatura dos contratos de seguro.

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