Notícias | 13 de setembro de 2005 | Fonte: Jornal do Commercio

Investidores querem competição

As perspectivas para os investimentos britânicos nos setores financeiro e de seguros no Brasil são excelentes com a expectativa de liberalização do mercado de resseguros, mas o País deve incentivar a competição justa entre os agentes econômicos para disputar com outros países na atração desses recursos. A avaliação foi feita pelo Lord Mayor da City Of London, Michael Savory, administrador do centro financeiro da capital inglesa. Ele está no Brasil para visita de três dias e participou ontem de seminário sobre resseguros promovido pela Federação Nacional das Empresas de Seguros Privados e de Capitalização (Fenaseg) na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro e de almoço-palestra com o tema Formando centro financeiro para o século XXI: parcerias em mundo globalizado.

– A escolha dos investidores britânicos está no mundo. Quando olham para o Brasil, também comparam com outros países. Se vêem oportunidades iguais, eles podem investir em outros lugares. O Brasil então precisa atrair investidores estrangeiros permitindo que eles possam competir de forma justa – afirmou Savory.

Segundo Savory, entidades britânicas e internacionais esperam há anos pela liberalização do mercado de resseguros no Brasil, mas que não se sabe por quanto tempo isso irá perdurar. “Existem entidades britânicas e internacionais de seguros que têm esperado pela liberalização do mercado brasileiro por já uma década. Paciência é uma boa coisa, mas por quanto tempo?”, questionou.

maior mercado da américa do sul com potencial de crescimento

Savory destacou que o Brasil é o maior mercado de resseguros da América Latina e que existe grande potencial de crescimento, principalmente nas áreas de seguros saúde e de vida. Para ele, o fim do monopólio do Instituto de Resseguros do Brasil (Irb Brasil Re) vai gerar excelentes oportunidades para o desenvolvimento do mercado e o crescimento do potencial para o desenvolvimento de um centro internacional de resseguro no Rio de Janeiro. “Para explorar por completo essas oportunidades, acredito que será necessária uma completa privatização do status de monopólio do Irb”, disse.

Ao defender condições melhores de competitividade entre as empresas que atuam no mercado, Savory apontou que as condições atuais – em que o IRB Brasil Re determina quem será responsável por cada negócio – fazem com que alguns negócios não sejam realizados da forma mais competitiva. “A liberalização realmente significa a remoção de qualquer entrave legislativo e a remoção do direcionamento na alocação dos resseguros”.

Questionado sobre o cenário de atuação no País, ele destacou que há dificuldades nos serviços financeiros, mas que apesar disso as empresas estrangeiras do setor têm atuado com sucesso. “Particularmente, os bancos estão muito lucrativos no momento, mas o setor de seguros está sob pressão e uma liberalização da regulamentação ajudaria”.

O administrador do centro financeiro de Londres se declarou otimista com a perspectiva de abertura do mercado, apontou que a reforma do Irb Brasil Re deve melhorar os entraves neste mercado, mas ressaltou que os mercados internacionais estão se desenvolvendo muito rapidamente e um programa lento de reforma no Brasil pode trazer custos adicionais ao País.

Sem querer explicitar quais as regras que devem ser alteradas para atrair os investidores britânicos, ele defendeu que é obrigação do mercado sugerir aos políticos as mudanças a serem feitas.

fatores de sucesso em londres podem ser reproduzidos

Savory citou os cinco principais fatores do sucesso do centro financeiro de Londres e que podem ser reproduzidos no Brasil: a receptividade a todos os tipos de negócios e negócios de todo o mundo, o incentivo à inovação, a criação de um pólo financeiro atraente para o mercado de trabalho, o incentivo à tecnologia da informação e uma forte reputação em honestidade.

– Tudo depende do nível correto de regulamentação. O truque está em encontrar o equilíbrio entre risco e segurança. Se tiver poucas regras, o risco é muito alto. Com muitas normas, os fundos de investimento irão para outros lugares – alertou.

Na delegação de Michael Savory estavam presentes também executivos de empresas das áreas financeira e de seguro, entre elas o Lloyds, Benfield e Millers, com interesse de atuar no mercado de resseguros no País.

Estiveram presentes ao almoço o superintendente da Superintendência de Seguros Privados (Susep), Renê Garcia; o embaixador britânico no Brasil, Peter Collecott; o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Mauricio Chacur; o secretário estadual de Planejamento e Coordenação Institucional, Tito Ryff; o diretor do Centro Internacional de Negócios da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), Amaury Temporal; entre outras personalidades.

Benfield pretende deter entre 15% e 25% do mercado

O grupo inglês de resseguros Benfield pretende atingir entre 15% a 25% de participação no mercado brasileiro de resseguros em cinco anos a partir do fim do monopólio do Instituto Brasileiro de Resseguros (IRB Brasil Re), revelou ontem o diretor regional de América Latina do grupo, Aidan Pope. O executivo faz parte da delegação que acompanha o administrador do centro financeiro da capital inglesa, Lord Mayor da City Of London, Michael Savory, em visita de três dias ao Brasil. Os ingleses participaram ontem de seminário sobre resseguros promovido pela Federação Nacional das Empresas de Seguros Privados e de Capitalização (Fenaseg) na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro e de almoço-palestra com o tema Formando centro financeiro para o século XXI: parcerias em mundo globalizado. – A nossa esperança é tomar posição líder no mercado brasileiro de resseguros, incluindo a participação do Instituto Brasileiro de Resseguros (Irb Brasil Re). Baseado em nossa experiência nos outros mercados da América Latina, onde o Benfield tem entre 15% e 25% do mercado, nosso alvo seria alcançar esta participação em cinco anos após a abertura – afirmou o executivo. O grupo inglês instalou escritório no Rio de Janeiro em 1999, já na expectativa da abertura do mercado de resseguros no País. Desde então, o Benfield atua em parceria com o Irb e dá apoio a técnico, de consultoria e didático a futuros clientes. “Nosso compromisso sempre tem sido de longo prazo”, ressaltou. Para o diretor regional de América Latina do Benfield, existe vontade política mais forte para aprovar a abertura do mercado de resseguros no País, embora lembre que nada é garantido. Ele lembrou que no passado o próprio PT foi contra o projeto de liberalização e colaborou para o adiamento da proposta.

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