Notícias | 19 de setembro de 2005 | Fonte: Tribuna da Imprensa

Interbrazil – Palocci ameaça renunciar ao cargo

O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, reagiu ontem com contrariedade à tentativa de convocar o irmão dele, o engenheiro Adhemar Palocci, atual diretor de Planejamento e Engenharia das Centrais Elétricas do Norte do Brasil (Eletronorte), para depor na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios sobre o escândalo da Interbrazil. O engenheiro teria exercido tráfico de influência na escolha da seguradora Interbrazil, beneficiada com contratos de seguro de várias empresas do setor elétrico.

Sondado sobre um eventual depoimento do irmão, Antonio Palocci disse a dois deputados petistas que, se algum dos parentes dele fosse convocado, ele não teria opção, a não ser deixar o posto no Ministério da Fazenda. Como alternativa à não-convocação de Adhemar Palocci, o ministro se ofereceu para depor na CPI e explicar o suposto envolvimento de algum familiar com a Interbrazil. “Eu posso depor e explicar tudo. Se algum familiar meu tiver de depor, eu prefiro deixar o cargo”, ameaçou. A ameaça foi comunicada à oposição que, ainda assim, manteve o requerimento de convocação de Adhemar Palocci.

Depois de derrotada no plenário pelo elástico placar de 14 votos a 5, a oposição continuou insistindo na convocação de Adhemar Palocci. O requerimento foi de autoria do deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA). Na quarta-feira, a Centrais Elétricas Brasileiras (Eletrobrás) divulgou nota afirmando que os contratos mencionados foram assinados dois anos antes da posse de Adhemar Palocci na Eletronorte e que, portanto, ele não tem nenhuma responsabilidade em relação a eles.

O requerimento de convocação, porém, será reapresentado em outra CPI – a dos Bingos. Ali, a oposição espera debulhar todo o espinheiro do escândalo da Interbrazil para aferir até que ponto órgãos de governo, como a Superintendência de Seguros Privados (Susep) tem ligações com a Interbrazil.

Os parlamentares de oposição avaliam que, apesar da ameaça do ministro, o depoimento de Adhemar Palocci tornou-se fundamental, uma vez que a Interbrazil teria sido, segundo as primeiras informações, também seguradora do Grupo Leão Leão, empresa de coleta de lixo que teve com a prefeitura de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, uma relação comercial considerada heterodoxa pelo Ministério Público (MP) de São Paulo.

Segundo depoimento do ex-secretário de Governo da prefeitura Rogério Buratti ao MP de São Paulo, o Leão Leão pagou R$ 50 mil mensais para o então prefeito Palocci. Como a oposição não tem conseguido vitórias na CPI dos Correios, os parlamentares agora focarão na CPI dos Bingos. Somente após o depoimento de Adhemar Palocci, eles vão, então, sugerir que o ministro seja ouvido.

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