Os grandes seguradores e resseguradores mundiais começam a entrar com força na negociação de créditos de carbono, seguindo movimentação já em andamento em setores como o de energia, o da indústria de papel e celulose e o das siderúrgicas. A indústria de seguros está de olho em um mercado que, mesmo de forma incipiente, movimentou entre US$ 200 milhões e US$ 400 milhões no ano passado, segundo estimativas. “As seguradoras estão antevendo as perdas das empresas com a emissão de poluentes.
A intenção delas é já ter uma estratégia para o futuro”, diz Lucas Assunção, da Conferência das Nações Unidas para Comércio e Desenvolvimento (Unctad). “A entrada delas vai aumentar esse mercado e é uma prova de que o negócio com meio ambiente dá dinheiro. As seguradoras são as empresas que sabem medir risco, e o risco (de emissão de poluentes) é real.”
O crédito de carbono é um certificado emitido por empresas credenciadas pela Organização das Nações Unidas (ONU) para companhias que firmam compromisso de redução de lançamento de gases poluentes na atmosfera. O mecanismo surgiu com o Protocolo de Kyoto, em 1997, tratado ainda em discussão para reduzir a emissão de poluentes.
Se a Rússia ratificar sua adesão ao protocolo, decisão aguardada para novembro, os negócios feitos com os certificados devem saltar para US$ 10 bilhões anuais. Para 2004, mesmo sem a ratificação russa, já se fala em negócios de US$ 2 bilhões com esses papéis – volume, em parte, puxado pela entrada das seguradoras no mercado.
A seguradoras estão interessadas no mecanismo também como uma forma de se proteger financeiramente contra a cobertura de sinistros de impacto ambiental, segundo John Forgach, professor da Yale University e especialista em temas ambientais.