Notícias | 11 de novembro de 2005 | Fonte: Valor Econômico

Fraudes em seguros de vida têm forte alta

Informação

As fraudes apuradas em seguros de vida dispararam e já representam 5,7% dos sinistros pagos, quase o dobro do registrado em 2003, segundo dados divulgados pela Federação Nacional das Seguradoras (Fenaseg). Os sinistros suspeitos de fraude também dobraram, de 8,6% para 18% entre 2003 e 2004 (último dado disponível). As fraudes comprovadas representaram 5,12% dos sinistros pagos no ano passado.

A boa notícia ficou para o seguro de automóveis, em que um programa de combate às fraudes iniciado pela Fenaseg em 2002 fez cair de 9,5% para 8,51% os sinistros suspeitos, de 1,34% para 1% as fraudes apuradas e de 1,34% para 0,98% as fraudes comprovadas. Segundo a Fenaseg, sinistros suspeitos são aqueles que apresentam características típicas de fraudes – que variam de ramo para ramo; fraudes apuradas são aquelas que podem ou não ser comprovadas entre sinistros pagos e não pagos. Já as fraudes comprovadas são aquelas em que as seguradoras obtiveram provas e rejeitaram o pagamento das indenizações.

Ontem, durante a 3ª Conferência Brasileira de Seguros (Conseguro), a Fenaseg anunciou a assinatura de um novo convênio com a Secretaria Nacional de Segurança Pública, no qual vai investir R$ 3,5 milhões em 2006 em sistemas eletrônicos de registro de automóveis nas estradas. Os sistemas são parte do Projeto Fronteiras (Sinivem) do Ministério da Justiça. São câmeras que captam a placa dos veículos que circulam nas estradas, fazem a leitura e identificação de automóveis roubados e disparam um comando para os postos da Polícia Rodoviária Federal.

A Fenaseg já aplicou R$ 4 milhões desde o fim de 2002 nestes sistemas, dentro de seu programa de combate ao roubo de carros e fraudes em seguros, informou Horacio Cata Preta, diretor de Projetos e Serviços da entidade. “O objetivo é reduzir a sinistralidade de carros roubados que saem do país”, afirmou Cata Preta. Segundo ele, os roubos de automóveis representam 47% do volume de prêmios do mercado, que totalizou R$ 10,5 bilhões em 2004. “Cerca de 120 mil carros segurados são roubados por ano no país e estima-se que, desse total, aproximadamente 7% são levados para fora do país.”

O Projeto Fronteiras já instalou 20 câmeras de vigilância em pontos considerados críticos de passagem dos criminosos, dos quais sete foram financiados com recursos das seguradoras. A meta da secretaria é instalar 300 câmaras até 2007. Segundo a Fenaseg, a parceria com o governo federal e os Estados fez com que o número de carros identificados saltasse de 1.425 no final de 2004 para 4.701 até outubro de 2005.

De 251 veículos suspeitos identificados, o sistema passou a captar 1.002 no mesmo período. Cerca de 100 automóveis roubados são retidos por mês pela Polícia Rodoviária Federal com ajuda das câmeras. “O sistema serve também para identificar seqüestros e veículos utilizados pelo tráfico e contrabando”, disse Luiz Fernando Corrêa, secretário nacional de Segurança Pública.

A fraude está no topo da agenda do mercado segurador brasileiro. Segundo Emil Andery, diretor de Auditoria e Compliance da SulAmérica Seguros, estima-se que 10% a 15% dos sinistros totais pagos em todos os ramos de seguros são fraudulentos, o que representa de R$ 2 bilhões a R$ 3 bilhões. Entre 2001 e 2004, o montante de sinistros suspeitos na soma dos ramos auto, vida e DPVAT chegou a R$ 1,4 bilhão.

Desde que abriu um canal para receber denúncias de fraudes (um número de telefone para atendimento eletrônico sem identificação), a SulAmérica recebeu quase três mil ligações, entre o final de 2001 até agora, informa Andery. Deste total, cerca de 70% foram denúncias relacionadas a automóveis, 15% de saúde e 15% de outros ramos. “O resultado foi que deixamos de pagar R$ 25 milhões em sinistros suspeitos”, afirmou. Nos seguros de acidentes pessoais e vida, ramo em que a SulAmérica tem perto de dois milhões de segurados, são recusados de 10% a 15% dos mil sinistros avisados por mês, relata Renato Russo, diretor de Vida e Previdência. Um tipo de fraude cada vez mais comum, diz Russo, são pessoas que se automutilam (a maioria corta pontas dos dedos) para receber indenização de acidentes pessoais.

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