Notícias | 2 de setembro de 2003 | Fonte: Valor Econômico

Fifa troca o seguro por bônus para a Copa de 2006

Escaldada com a dificuldade que enfrentou na Copa do Mundo de 2002, a federação internacional de futebol (Fifa) pretende fazer uma emissão de bônus no mercado financeiro internacional para proteger seus investimentos na próxima Copa, em 2006 na Alemanha. A notícia foi divulgada pelo jornal inglês Financial Times, citando artigo da revista EuroWeek. A emissão, no valor de 400 milhões de euros (US$ 633 milhões), será coordenada pelo banco suíço CSFB. Na Copa Japão/Coréia, a Fifa foi vítima dos efeitos dos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001 sobre o mercado segurador mundial. Depois de contratado o programa de seguros do evento (quase um ano antes), a seguradora francesa AXA, coordenadora do programa, surpreendeu os organizadores com a exigência de mudanças no contrato e reajuste no valor dos prêmios. Na ocasião a Fifa já havia pago grande parte do prêmio, no valor de aproximadamente US$ 16 milhões pela cobertura de seguros, avaliada em US$ 852 milhões. Como não aceitou os novos termos impostos pela AXA, a Fifa cancelou o programa e ficou sem seguro. Um acordo feito com a resseguradora Berkshire Hathaway, empresa pertencente ao megainvestidor Warren Buffet, permitiu a estruturação de um pacote alternativo de cobertura para o evento na Ásia. Os bônus catástrofe são títulos de alto rendimento, associados ao mercado de seguros e destinados a levantar dinheiro em caso de catástrofes naturais, como furacão ou terremoto. Segundo informação da corretora internacional de resseguros Guy Carpenter, esses títulos surgiram em meados dos anos 90, estimulados por empresas que pretendiam transferir os riscos de catástrofes das seguradoras e resseguradoras para investidores do mercado financeiro. Desde 1997 já foram emitidos 46 bônus no valor aproximado de US$ 6 bilhões – US$ 1 bilhão em média por ano. Em 2002 esse mercado bateu recorde, movimentando US$ 1,2 bilhão em 2002. Vários eventos esportivos foram cancelados depois de 11 de setembro por falta de seguro. Segundo o jornal inglês, acredita-se que estruturas financeiras de transferência de riscos, alternativas à contratação de seguros, devam ser cada vez mais utilizadas pelos organizadores dos grandes eventos esportivos, especialmente porque o grande risco surgido depois dos atentados, o terrorismo, está longe de ser eliminado, mesmo em um país de pouquíssimos riscos naturais ou políticos como a Alemanha.

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