As famílias dos bombeiros civis mortos durante um treinamento na gruta Duas Bocas, em Altinópolis, no dia 31 de outubro, ainda não receberam o dinheiro referente ao seguro de vida que teria sido pago pelos participantes antes do curso.
Segundo os parentes, a responsabilidade da apólice é da escola Real Life, que ministrava o curso no local quando houve o desabamento de parte do teto da caverna, matando nove bombeiros civis.
A analista de RH, Daiane Stéfani da Silva Botelho perdeu a irmã de 25 anos no acidente. Ela conta que a irmã, a bombeiro civil Jennifer Caroline da Silva, sempre pagava o seguro. “Eu entrei em contato com a Real Life (…) e eles falam que não sabem, que talvez esteja no celular de alguém, que eles também não sabem de nada”, disse.
A existência do seguro também foi confirmada por Cristina Triffoni, mãe do bombeiro civil Rodrigo Triffoni Calegari, de 32 anos. A professora afirma que o dinheiro não vai trazer os bombeiros de volta, mas pode ajudar as famílias das vítimas e, principalmente, os sobreviventes que ainda estão em recuperação após o acidente.
Ela guardou o celular do filho, onde há um áudio em que Rodrigo, conversa com o instrutor responsável pela organização do curso. No áudio, o colega que também morreu no acidente, confirma a Rodrigo o pagamento do seguro.
“Dez dias antes. O seguro é dias antes, eu não posso extrapolar dez dias. Então o curso é sábado, dia 30 agora, e eu tive que fazer o seguro dia 20, com dez dias de antecedência. Senão a seguradora não pega. Já está tudo feito já”, diz.
O que diz a empresa
O advogado da Real Life, Wesley Felipe Martins dos Santos Rodrigues, afirma que está em contato com a seguradora. Ele atribui a responsabilidade pela contratação do seguro ao instrutor Celso Galina Junior.
“Quem deveria ter sido feita essa contratação foi o Celso, que infelizmente faleceu. O celular dele está com a família e a gente está tentando contato com eles para ver se existe algum comprovante de pagamento ou não.”
Procurada, a família do instrutor não comentou o assunto até a publicação desta matéria.
Segundo Rodrigues, a seguradora também negou que a contratação tenha sido feita. Ele diz analisar medidas jurídicas para identificar recibos que comprovem o pagamento.
“Caso a gente não consiga esse celular, vamos ter que acionar judicialmente a seguradora ou os familiares do Celso, eu não sei se seria o caso de uma quebra de sigilo bancário exclusivamente para ver se houve esse pagamento ou não, mandar e-mail para a central de seguradoras também para ver se tem alguma apólice no nome da Real Life ou do Celso ou do [Sebastião, dono da Real Life] Abreu.” (Com EPTV)