Notícias | 12 de março de 2020 | Fonte: CQCS

Executivo da Mapfre diz que corona vírus não deve impactar mercado de seguros

Em entrevista ao jornal Valor Econômico, o CEO global de Grandes Riscos da Mapfre, Bosco Francoy, disse que o impacto do corona vírus na indústria de  seguros deve ser limitado. “É muito raro no mercado contratos com previsão de cobertura para epidemias”, afirmou o executivo.

Francoy explicou que mesmo que a Organização Mundial da Saúde (OMS) declare a expansão do vírus como pandemia de grandes proporções, o valor de eventuais indenizações tende a ser baixo devido a pequena previsão desse tipo de proteção.”Provavelmente no ano que vem as empresas comecem a demandar coberturas para epidemias”, o que hoje é algo raro.

Na entrevista, Bosco Francoy diz que as apólices que cobrem desastres naturais (de property) não há uma cobertura específica para um evento como o coronavírus. Segundo ele, isso acontece porque epidemia é um fator imponderável que não gera um risco.

O executivo lembra que o surgimento de uma doença pode levar a uma queda na produção, mas isso não ativa o seguro. “Não do mesmo jeito que uma catástrofe natural, que gera cobertura de perda de lucro, por exemplo. No caso do coronavírus, os efeitos da doença vão avançando gradualmente e não necessariamente vão gerar um fato concreto, direto, como um desastre”, resumiu.

Ele diz que é cedo para se avaliar os efeitos do vírus em alguns produtos de seguro e diz que, por exemplo, em produtos como risco cibernético e seguro de vida, em termos de conceito, são similares ao da pandemia. “Em vida, a gente sabe que haverá um sinistro e só não consegue medir quando vai ocorrer. São semelhantes porque não são sinistros de danos diretos”, explicou.

Apesar do avanço do vírus que tem sido registrado em diversos países, o executivo afirmou que o coronavírus não tem tido um impacto maior do que outras doenças no valor do seguro viagem, por exemplo. “E não deveria ter um impacto específico sobre os preços dos produtos. Claro que se o cenário piorar muito a precificação poderia ter um custo adicional, mas pelo que a gente tem em cima da mesa é difícil ver que o coronavírus vai ser mais perigoso que outras doenças”. Ele lembrou surtos anteriores como a gripe aviária, Sars e o de H1N1. “Já tivemos no passado casos similares e que não causaram um custo adicional ao preço do seguro”, disse.

Apesar de acreditar que futuramente pode crescer a demanda por cobertura de epidemias, ele não vê potencial catastrófico neste momento do coronavírus. Para ele, os novos riscos na visão das empresas são, além do ciber, retorno aos riscos tradicionais. “Risco de catástrofe continua a ser importante, a perda de lucro continua a ser uma das maiores preocupações dos clientes, interrupção da cadeia de distribuição também”, enumerou.

O executivo revela que vem o risco de uma pandemia já aparece entre os dez primeiros nos últimos anos. “Em termos de riscos novos, as preocupações ambientais assumiram o topo. A reputação também é algo com que hoje as empresas se preocupam mais”, descreveu.

Francoy disse que o risco cibernético é a principal preocupação das empresas já que muitas continuam a olhar mais o risco físico do que o digital. “Há muitas empresas que têm câmeras espalhadas pelos andares para inibir furtos de equipamentos. Mas essa medida está expondo senhas e informações dos colaboradores, porque hackers podem acessar o circuito de imagens e ver as pessoas digitando. Muitos negócios hoje são, basicamente, dados e informação”, afirmou.

Para ele, o mundo está mais estável já que os riscos evoluem, mas, de forma geral, não tem uma mudança na frequência dos eventos. Em alguns setores os custos de reparação de sinistros são maiores. O executivo explica que em alguns setores os custos de reparação de sinistros são maiores como na indústria de aviação em que os equipamentos são cada vez mais sofisticados e os custos para reparar uma aeronave são maiores do que há dez anos por causa da tecnologia.

Ele disse que no caso das mudanças climáticas, os estudos que abrangem um período desde os anos 1950 mostram que os sinistros ainda não saíram das médias. “Os impactos hoje de furacões e terremotos estão dentro das médias em termos de custos de danos”, disse.

De acordo com o executivo, o que tem acontecido é que, como existe uma penetração de seguros maior, o custo de indenizações também é maior, “mas as frequências dos eventos continuam as mesmas”.

Ao responder se a seguradora tem identificado nichos para novos produtos, Francoy destacou que os drones têm sido usados para inúmeras funções. “É um novo aparelho que tem se tornado mais acessível às empresas e pessoas. Olhando para esses usuários, a Mapfre desenvolveu um produto, uma nova cobertura, com modelo ‘on/off’”.

“Estimamos que existam cerca de 7 mil aparelhos com esse perfil no país, que têm sido usados para substituir tarefas antes feitas por helicópteros e aeronaves, como filmagens aéreas e monitoramento de áreas agrícolas. É um seguro de danos aos aparelhos e cobertura para terceiros”, finalizou.

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