O Mercado Brasileiro de Seguros foi sacudido, na manhã desta segunda-feira (29/06), por uma verdadeira bomba: a deflagração da segunda fase da Operação Pavlova, que apura fraude em seguradoras no Rio Grande do Sul. Logo pela manhã, a Polícia Federal cumpriu cinco mandados de busca e apreensão e seis de condução coercitiva, em Porto Alegre e Santo Antônio da Patrulha, e informou que uma investigação apurou evidências de que parte do dinheiro desviado de uma companhia do setor de Seguros estaria sendo encaminhado – através de um dos principais investigados da primeira fase – a um servidor público que ocupou o cargo de superintendente da Susep. Um dos prováveis investigados é o gaúcho Luciano Portal Santanna, natural de Santo Antônio da Patrulha e que esteve à frente do órgão entre junho de 2011 e fevereiro de 2014.
À tarde, o Seguro Gaúcho esteve em uma coletiva de imprensa, na qual a PF forneceu mais detalhes sobre o esquema fraudulento, mas não revelou os nomes dos três indiciados nesta segunda etapa da operação. Segundo o delegado Eduardo Bollis (na foto, à direita), que coordenou a operação, a companhia efetuava pagamentos, que variavam de R$ 20 mil a R$ 100 mil por semana, para um advogado, e este então repassava os valores a parentes do servidor público, principalmente a irmã do ex-superintendente. “A empresa fazia o pagamento para o advogado e ele por sua vez fazia esses valores chegarem ao destinatário, que era o próprio superintendente”, esclareceu o delegado, que ainda afirmou: “O objetivo era evitar a insolvência da seguradora já que a mesma estava em péssima condição financeira. Assim, a Susep não interveio”. Bollis lembrou ainda que um dos detalhes que chamou a atenção da equipe de investigação foi que, poucos meses após a saída do então superintendente do cargo na Susep, a seguradora acabou sendo liquidada extrajudicialmente.
A PF estima que pelo menos R$ 5 milhões tenham sido desviados entre 2012 e 2014. O superintendente da PF no estado, Elton Manzke (no centro da foto), que abriu a coletiva de imprensa, disse que as provas e documentos coletados nesta segunda-feira comprovam as evidências da movimentação de recursos que saíam da empresa seguradora para as mãos do advogado, que era intermediário da propina destinada ao ex-superintendente da Susep.
Além do cumprimento dos mandados judiciais, foram bloqueados bens imóveis em nome de pessoas físicas e jurídicas envolvidas no esquema. Um carro de luxo, da marca Mercedes-Benz, e R$ 35 mil em dinheiro também foram apreendidos nesta segunda fase da operação.
Na primeira fase, deflagrada em abril, o foco foi a análise de operações suspeitas realizadas pela administração de duas seguradoras. Quatro empresários foram indiciados na etapa inicial da Operação Pavlova.