Notícias | 10 de novembro de 2005 | Fonte: Gazeta Mercantil

Em debate, a agenda do crescimento

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Em debate, a agenda do crescimento

São Paulo, 10 de Novembro de 2005 – Impostos, juros, abertura, temas que concentram as preocupações da “indústria do futuro”. Seguros é a indústria do futuro – esta é a tese que a economista Eliana Cardoso expôs aos profissionais do ramo na palestra (“Ambiente Sócio Econômico”) que proferiu ontem, no segundo dia do 3º Conseguro, que termina hoje, em São Paulo. “O setor de seguros tem um importante papel para garantir o aumento da segurança e da produtividade do País, que pode crescer acima dos 4%, como disse Delfim Netto em sua palestra aqui”, comentou.

Em sua opinião, a agenda do Brasil coincide com a do mercado de seguros relatada por Luiz Carlos Trabuco Cappi, presidente da Bradesco Seguros e Previdência. “O mercado de seguros e de previdência é o braço extensor do Estado e por isso é preciso rever impostos como o IOF. O segurado tem de pagar 7% de IOF no seguro de carro, que contrata porque o Estado não lhe oferece a segurança necessária. Tem de pagar o mesmo IOF quando compra um seguro saúde porque o Estado não é capaz de atender a população. Isso precisa ser revisto”, disse Trabuco.

Eliana Cardoso concordou, acrescentando que a CPMF também é uma distorção – tal como ocorre com as renúncias fiscais que privilegiam pequenos grupos e que merecem revisão. Mas enfatizou que a redução dos impostos exige que o governo corte custos. “É preciso fazer uma nova reforma da previdência. São medidas difíceis, mas sem cortar os gastos não há como reduzir os impostos”, disse.

Uma preocupação da economista diz respeito ao avanço do crédito, como demonstram os balanços dos bancos, divulgados nos últimos dias. “O crédito é baixo no Brasil, precisa crescer, mas com as altas taxas de juros praticadas, qualquer tropeço da economia poderá criar uma situação preocupante para os bancos, pois o trabalhador não vai parar de comer para pagar o empréstimo”, disse.

A indústria de seguros tem os seus desafios para crescer dentro do atual cenário macroeconômico e também de mudanças como a abertura do mercado de resseguros. “São mais de 66 anos de monopólio e isso vai mexer com todo o setor de forma significativa, alterando estruturas e produtos, além de aumentar fortemente a concorrência. O terceiro grande tema é a redução dos juros, que deverá acontecer daqui para frente. E isso trará um forte impacto para o ganho das seguradoras”, disse.

Segundo Trabuco, além da revisão tributária, a agenda será pautada por uma precificação correta do produto, com avaliação do risco, inclusive considerando o aspecto jurídico, que pelo histórico das medidas adotadas pelos juízes “não há cálculo atuarial que possa prever”.

Resseguro

Marcos Lisboa, presidente do IRB Brasil Re, foi o segundo palestrante do dia. A novidade que ele trouxe para os 700 participantes do evento foi o anúncio de novas regras para as cativas, durante a palestra “Abertura do Resseguro no Brasil”. As cativas, que até então tinham de ter um rating mínimo e patrimônio líquido de US$ 100 milhões para serem habilitadas a operar com o IRB, foram dispensadas do PL mínimo. “Era uma regra pouco inteligente pois não media o risco. Agora elas têm de ter o rating e o prêmio a ser aprovado será um percentual do PL da empresa”, disse Lisboa.

As regras na íntegra podem ser acessadas no site do IRB. Segundo explicou, a mudança faz parte do empenho do IRB em preparar o mercado para uma possível abertura do resseguro. “O processo de abertura no Brasil tem sido mais lento que em outros países do mundo. Mas o tema é dominante, pois traz benefícios para o país e para o setor”, disse o executivo, sem estimar qualquer data para o projeto de lei ser apreciado pelo Congresso e poder entrar em vigor.

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