Notícias | 21 de outubro de 2020 | Fonte: Rodrigo Barros

É preciso evitar que nos tornemos uma nova Atlântida

Por Rodrigo Barros, diretor de Estratégia, Marketing e Inovação da Zurich no Brasil


Atlântida pode ser uma ilha fictícia perdida, mas para centenas de cidades costeiras ao redor do mundo pode se tornar uma profecia. É que o aumento do nível do mar causado pela mudança climática de apenas 0,5 metro até 2050 torna vulnerável 570 cidades costeiras com mais de mais de 800 milhões de pessoas.

Um estudo do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas sugere que um aumento de 2°C na temperatura média global causará um aumento do nível do mar em todo o mundo entre 0,35 e 0,93 metro até 2100. Há estudos que sugerem aumento maior.

Isto deixará pessoas desabrigadas, destruirá terras e propriedades e gerará bilhões de dólares em perdas em diversas cidades. Também há danos potenciais à infraestrutura de transporte, plantações, saneamento e água potável. Algumas até se tornando inabitáveis.

A rápida urbanização também está agravando o problema, combinada com a destruição de mangues costeiros, recifes, pântanos, dunas e várzeas, que agem como defesas naturais contra inundações. Então qual é a solução para essas comunidades: combater o aumento da maré, que variará de acordo com a região, ou abandonar as cidades, o que criaria uma Atlântida no futuro?

Não existe uma solução simples. As cidades costeiras primeiro precisam controlar a criação de novos riscos. Para os riscos de inundação já existentes, muitas estão investindo em soluções como quebra-mares, bombas d’água e reservatórios. Outras voltaram a atenção para abordagens ambientais, como a recuperação de terrenos e a restauração de mangues e várzeas.

Os Países Baixos são uma prova de que ambas as estratégias funcionam. Quase um terço deles encontram-se abaixo do nível do mar, porém, protegidos por 3.700 km de diques, barragens e quebra-mares, incluindo a Barreira de Maeslant, que defende Rotterdam.

Nas últimas duas décadas, os Países Baixos complementaram esta sólida infraestrutura com estratégias de gestão da água. Isso inclui um planejamento do espaço que utiliza parques urbanos, reservatórios de emergência para inundações e um novo conceito chamado “Espaço para o Rio”, introduzido há mais de 10 anos e que permite a expansão dos rios, alargando-os com canais laterais, impedindo o excesso de água e baixando as várzeas.

No entanto, em Jacarta, uma das 570 cidades costeiras em risco no mundo, há um problema ainda maior: ela está afundando 25 cm ao ano. Hoje, cerca de 40% dela está abaixo do nível do mar e um dos principais motivos é a extração excessiva do lençol freático. Lá, o sistema de água canalizada chega a apenas um terço dos habitantes e os lençóis freáticos não são reabastecidos, já que 97% da cidade está coberta por asfalto impermeável e concreto. Com o bombeamento do lençol freático, a terra acima afunda como se estivesse sentada sobre uma almofada.

O afundamento é um problema difícil de resolver e, com esses desafios, o anúncio feito pela Indonésia em 2017 de que planeja transferir a sua capital nacional para a província de Kalimantan Oriental, na ilha de Bornéu, pode ter sido uma decisão inteligente.

É importante que as cidades aprendam a conviver com a água, com respeito e controle. Isso pode incluir a limpeza de rios e canais, saneamento para todos e medidas para restringir a extração do lençol freático. No o caso do Brasil, adiciona-se ainda impedirmos a ocorrência de enchentes. A opção “Atlântida” – abandonar alguns bairros da cidade ao mar – deveria ser sempre a última.

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