Notícias | 5 de outubro de 2005 | Fonte: Valor Econômico

Descuido na manutenção de pneus pode inviabilizar seguro do carro

Pneus ruins aumentam as chances de acidentes. Não é preciso ir muito além para entender por que as seguradoras incentivam a manutenção por meio de convênios com oficinas que dão descontos nos serviços de rodízio, alinhamento e balanceamento, calibragem, troca ou em novas câmaras e protetores.

Mas antes de fechar a contratação do seguro, as empresas realizam uma vistoria do veículo na qual o pneu também é analisado. E pode ser reprovado. ” Se eles não tiverem condições, a pessoa tem que substitui-los, ou não tem seguro ” , resume Jorge Bento, diretor da SulAmérica. Marcelo Sebastião, gerente de autos da Porto Seguro, lembra que todo pneu tem um limite de uso apontado por uma marca gravada na borracha. Para ele, em geral há descuido na manutenção preventiva do acessório.

” Esse problema é constatado em 5% a 10% dos casos. Esses clientes costumam substitui-los e voltam para nova vistoria ” , afirma. ” Há uma recomendação: pneus com profundidade do sulco inferior a 1,6 milímetro não devem mais ser utilizados ” , explica Emerson Bernardes da Silva, superintendente de produtos Unibanco AIG Seguros &; Previdência. Não costuma haver restrição quanto a pneus recondicionados, desde que estejam em bom estado. Existem formas diferentes de se recondicionar pneus, como a recapagem, na qual se troca a parte superior da banda de rodagem ou ” capa ” .

Na recauchutagem, substitui-se a banda de rodagem e um pequeno pedaço da parte superior, o ” ombro ” . Mais nova, a técnica da remoldagem propõe-se a trocar também o cobre e os lados dos pneus, aplicando uma camada de borracha que o envolve por inteiro, dando aparência de novo. Os fabricantes, evidentemente, preferem pneus novos. Mas, entre as formas de reparo, a remoldagem é a que possui norma aprovada pelo Inmetro.

A análise das condições do pneu é sempre visual. O diretor da Liberty, Paulo Umeki, não tem dúvidas de que o estado dos pneus é um fator preponderante na causa dos acidentes. ” Nas colisões onde eles não são bons, há danos mais elevados ” , destaca.

A Unibanco AIG calcula em torno de 15% o percentual de colisões em que o mau estado dos pneus é a causa. ” Proporcionamos aos segurados um check-up anual para minimizar os problemas ocasionados pelo desgaste natural ” , reforça Silva. Segundo estimativas do mercado, metade da frota do país trafega com itens de segurança fora de padrão ideal. No caso dos pneus, uma das razões apontadas para a falta de manutenção é o custo, além da falta de fiscalização.

Mas Renato Monteiro, gerente do produto automóvel da Itaú Seguros, explica que não se aceita o risco quando se constata uma recauchutagem de má qualidade. Cláudio Afif Domingos, vice-presidente da Indiana, tem postura diferente com relação aos recondicionados: ” Infelizmente, não há nada que impeça a comercialização ” . José Carlos de Oliveira, diretor de autos da Marítima, é direto: ” Por segurança, obviamente, sempre recomendamos pneus novos ” . Fernando Cheade, superintendente técnico da ********, explica que a seguradora não recusa o pagamento de indenização quando ocorre um acidente provocado por mau estado dos pneus.

O motivo: ela teria que comprovar que eles o provocaram. Por isso a importância da vistoria prévia. Oliveira, da Marítima, esclarece que em caso de sinistro com perda parcial do veículo, os pneus eventualmente danificados em função do acidente têm reembolso proporcional à sua vida útil.

” Hoje pneus têm validade de até 35 mil quilômetros, o que diminuiu sensivelmente o problema de segurança causado pela má conservação ” , analisa Umeki. Vilien Soares, diretor geral da Associação Nacional da Indústria de Pneumático (Anip) explica que a abordagem mais comum feita pelos fabricantes é de apoio e incentivo à inspeção veicular. Mas admite que não há contatos freqüentes, ” pelo menos em tempos recentes ” , com as seguradoras.

A entidade recomenda cuidados de manutenção, como calibragem a cada 15 dias. ” E se o sulco atinge a profundidade que mostra o triângulo (TWI), que se faça a troca ” , enfatiza. Para a Anip, a questão que envolve os remoldados é complexa.

“Não somos contra o setor de reforma de pneus. É um tipo de serviço complementar ao do fabricante ” . Mas ele avalia que nenhum pneu recondicionado pode ser comparado a um novo. Francisco Simeão, presidente da BS Colway e da Associação Brasileira da Indústria de Pneus Remoldados (Abip), explica que os pneus remoldados são um novo produto.

” Todas as nossas carcaças são importadas da Europa, onde rodam os melhores pneus do mundo, em razão das estradas sem limite de velocidade. Portanto, têm estruturas mais fortes do que os fabricados para consumo no Brasil e não sofrem impactos nos buracos das rodovias ” , compara.

A Abip estima que os remoldados são 40% mais baratos que os novos, com garantia de cinco anos contra defeitos de fabricação e para rodar até 80 mil quilômetros. Em agosto, a BS Colway fabricou 204 mil, dos quais 93% de automóvel e 7% para caminhonetes.

Autor: Mauro Cezar Pereira

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