Notícias | 5 de janeiro de 2006 | Fonte: Correio da Bahia Salvador

CPI apresenta relatório sobre os fundos de pensão

O deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL), sub-relator dos fundos de pensão na CPI dos Correios do Congresso Nacional, apresenta amanhã a primeira prestação de contas sobre o andamento dos trabalhos, em sessão secreta da comissão.

Na ocasião, os demais integrantes da CPI conhecerão os resultados dos trabalhos, que podem atingir d ex-ministro Luiz Gushiken, atual assessor da Presidência da República, entre outros personagens dõ governo do PT e até do governõ anterior, do PSDB.

O parlamentar baiano reuniu-se na última quinta-feira com os representantes das empresas de auditoria contratadas pela CPI, mas não adiantou o teor das conclusões deste trabalho à imprensa.

Ele disse, no entanto, que foram constatadas “operações atípicas, irregulares, que fogem à atuação do mercado”.

No entanto, ressaltou que as investigações estão sendo conduzidas “com o máximo cuidado” para que os trabalhos de investigação não sejam prejudicados.

ACM Neto ressaltou que o material que vai apresentar amanhã não será um relatório parcial e, portanto, não irá a votação.

Ele pretende apresentar uma prestação de contas que, no fim, serão incorporadas no relatório do relator Osmar Serraglio (PMDB-PR).

O deputado deverá ter novas reuniões com os auditores independentes para discutir o documento que será apresentado amanhã.

A reunião será no Senado, na sala da CPI dos Correios.

A expectativa gerada na imprensa é que a sub-relatoria comandada por ACM Neto pode envolver ainda mais Luiz Gushiken, acusado de usar indevidamente sua influência dentro dos fundos de pensão.

A impressão digital do ex-ministro foi encontrada em ações suspeitas do Petros (fundo dos funcionános da Petrobras) e da Previ (fundo dos funcionários do Banco do Brasil).

Os dois perderam muito dinheiro no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A Petros, por exemplo, perdeu R$53 milhões em 2002 nas chamadas “operações derivativas”, que significam uma aposta no valor futuro de um determinado ativo — taxa de câmbio ou taxa de juro, por exemplo.

Em 2003, primeiro ano do governo Lula, a perda atingiu R$90 milhões.

Quem ganhou com ela? A CPI está no encalço. O presidente da Petros, Wagner Pinheiro, foi indicado para o cargo por Gushiken, assim como Sérgio Rosa, presidente da Previ. A Previ perdeu pouco em operações de mercado. Mas perdeu muito em investimentos imobiliários e em empresas das quais é acionista — como a Vale do Rio Doce e a Brasil Telecom, entre outras.

Vai sobrar também para Marcelo Sereno, ex-diretor de comunicação do PT.

A CPI será informada, segundo informações da imprensa do Sul do país, de que ele patrocinou estragos no Postalis (fundo dos empregados dos Correios) e no Núcleos (fundo dos funcionários da Eletronuclear).

A CPI também deverá contar com a ajuda de doleiros envolvidos no “valerioduto”, a exemplo de Najun Turner, que está preso em São Paulo por evasão de divisas e quer falar tudo o que sabe. Ele é acusado de ter montado operações da Natimar e da Bônus Banval em favor do empresários Marcos Valério. A CPI dos Correios já aprovou a quebra dos sigilos bancário, telefônico e fiscal das empresas da corretora Bônus Banval e de outras quatro empresas do grupo (Banval Commodities Corretora de Mercadorias, Bônus Banval Corretora de Títulos, Bônus Banval Participções Ltda e Bônus Banval SA).

A mulher de Najun Turner, Deusa Maria da Costa Turner, contou ao jornal Estado de S. Paulo que o doleiro quer uma acareação com Enivaldo Quadrado, um dos donos da Bônus Banval. Quadrado afirmou à CPI dos Correios que o dinheiro do ‘valerioduto’ na corretora foi investido pela Natimar, sob orientação de Turner. O doleiro nega e quer apresentar evidências que desmontariam a versão da Bônus Banval. para a história. “Ele sabe de coisas que vão mostrar o que aconteceu de verdade e qual a participação da Bônus Banval nisso”, garantiu Deusa Maria.

Nas últimas semanas, ela chegou a sondar a CPI para saber qual a possibilidade de acontecer a acareação, mas não pôde levar boas notícias ao marido. Agora, o cenário pode ser outro. Com o avanço das investigações sobre o braço do “valerioduto” nas corretoras, integrantes da comissão acham que a acareação pode ser marcada, a exemplo do deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), sub-relator de movimentação financeira da comissão.Caso não seja possível fazer a acareação na CPI, uma alternativa é promovê-la na Polícia Federal. Delegados da PF também investigam a conexão do “valerioduto” com as corretoras e a lavagem de dinheiro.

Turner ficou famoso durante as investigações do Caso PC, no processo que culminou no

impeachmentde Fernando Collor. Ele foi acusado pelo secretário particular do ex-presidente, Cláudio Vieira, de ter articulado a conhecida Operação Uruguai — artimanha financeira que explicava com um empréstimo originário do Uruguai o padrão de vida de Collor e da mulher dele.

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