Notícias | 30 de agosto de 2005 | Fonte: Diário do Comércio

Consumidor usa capitalização para poupar

Adriana Gavaça

Rita Batista: consumidor ganharia com divisão do mercado por produtos

Foi-se o tempo em que o brasileiro comprava um título de capitalização movido apenas pela possibilidade de ganhar prêmios. Hoje, muitos dos que buscam o produto enxergam nele muito mais uma alternativa de poupar. É o que mostra uma pesquisa feita em junho deste ano pela Brasilcap Capitalização, braço do grupo Banco do Brasil e líder no mercado de capitalização. Das 1.911 pessoas que tinham um título de capitalização na época, cerca de 50% admitiram estar mais interessados em guardar o dinheiro do que propriamente nos sorteios. Apenas 8,2% dos entrevistados se mostraram mais atraídos pelos prêmios do que pela possibilidade de acumular recursos. Segundo Natanael de Castro, diretor de Marketing da Brasilcap, em anos anteriores os sorteios definiam a compra para 40% dos consumidores de títulos de capitalização. `O resultado da recente pesquisa mostra uma importante mudança de comportamento desse consumidor, que começa a enxergar nos títulos uma maneira simples de poupar`, diz o executivo.

Essa mudança de comportamento do consumidor tem reflexo direto no mercado. Mais especificamente, nos números. Só no primeiro semestre de 2005, as reservas financeiras do mercado de capitalização somaram R$ 9,8 bilhões, volume 13% superior ao registrado em igual período de 2004. Na opinião de quem trabalha nesse mercado, o crescimento da capitalização só não é maior, por falta de uma legislação que permita a diferenciação do produto por segmentos.

`Se houvesse uma legislação que permitisse a divisão por produtos, como se vê no mercado de seguros, por exemplo, seria mais fácil para o consumidor identificar um título de acordo com suas necessidades e, ao mesmo tempo, melhor para a empresa vender`, diz a presidente da Comissão de Capitalização da Federação Nacional das Empresas de Seguros Privados (Fenaseg), Rita Batista. A Fenaseg já encaminhou à Superintendência de Seguros Privados (Susep) pedido para mudanças na forma atual de venda dos títulos.

Segmentos ? A idéia da Federação é dividir o mercado de capitalização em pelo menos quatro segmentos: a) tradicional, voltado para quem quer utilizar o produto como uma forma de guardar dinheiro; b) popular, para quem a atração maior são os prêmios; c) compra programada, para aqueles que querem atrelar o título de capitalização à compra de um bem de consumo, como um carro ou um imóvel; e d) empresarial, oferecido no mercado por empresas de seguros e cartões de crédito atrelados a promoções. Assim, o objetivo seria o de, dentro desses segmentos, criar faixas de produtos variando por preço.

Layout ? Segundo a proposta da Comissão de Capitalização da Fenaseg, uma vez divididos por categorias, os títulos de capitalização poderiam ser, então, redesenhados. `Hoje, quem compra um título de capitalização do tipo compra programada , por exemplo, cujo objetivo é ter o dinheiro para a compra de um carro ou um imóvel, não tem a garantia de que conseguirá comprar o produto no final do contrato`, explica Rita Batista.

Essa falta de certeza existe porque a legislação não permite a correção dos valores investidos pelo titular durante a vigência do plano. `Por isso, um dos nossos pleitos é o de que o título de capitalização passe a ser reajustado de acordo com o índice que faz a atualização do bem pretendido`, diz Rita.

Outra mudança desejada é a que se refere à transformação da linguagem usada nos contratos de venda de títulos. Além de simplificar a linguagem, o objetivo é de só publicar no contrato aquilo que diz respeito ao título que está sendo adquirido. `Hoje, quem compra um título de capitalização recebe um contrato com dezenas de páginas que traz a legislação geral do mercado`, diz Patrícia Feltrin, diretora da Real Capitalização, empresa do Banco ABN AMRO Real. `Isso faz com que, muitas vezes, o consumidor compre um produto achando que é outro e acabe se frustrando com essa aquisição`, diz Patrícia.

Confusão ? Esse tipo de confusão, segundo as empresas que vendem capitalização no mercado, ocorre muito entre consumidores que compram um produto com pagamento único e com baixo valor imaginando que será uma forma de fazê-los guardar dinheiro, não estando interessados nos prêmios oferecidos.

Ao final da vigência do plano não é improvável que esses consumidores fiquem insatisfeitos ao saber que poderão ter de retorno entre 50% e 80% do valor investido, corrigido pela Taxa Referencial (TR).

`Os produtos com as características descritas se enquadra no segmento popular, em que o título custa pouco, mas tem como apelo os sorteios em dinheiro. Em contrapartida, no final do contrato, as administradoras não devolvem 100% do valor pago.

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