Notícias | 6 de maio de 2020 | Fonte: CQCS

CEO’s discutem como pandemia influência no mercado de seguros

O presidente da CNseg, Marcio Coriolano; o presidente da Zurich Seguros, Edson Franco; da Tokio Marine Seguradora, José Adalberto Ferrara, e o CEO da MAPFRE Seguros, Luis Gutiérrez, participaram nesta quarta, dia 6, do webinar promovido pela CNseg.

Os executivos analisaram como os mercados mundiais de seguros estão se comportando diante da nova situação trazida pela Covid-19.

Márcio Coriolano abriu o debate dizendo que o mercado de seguro será atingido dessa crise. “A indústria global de seguros é a principal força estabilizadora que o mundo tem hoje e todo os seguradores implementaram planos de contingência e muitos seguradores estão implementando pagamentos flexíveis para os segurados”, afirmou.

O CEO da MAPFRE Seguros, Luis Gutiérrez, ressaltou o desempenho do mercado segurador no Brasil que “está dando uma resposta que é muito apropriada”. O executivo destacou como positivo a rapidez com que as companhias conseguiram colocar seus funcionários em home office.

Sobre o coronavírus, o CEO da  MAPFRE disse: “Fizemos cenários mas ninguém estava preparado para o que está acontecendo”, destacou. Ele lembrou que a MAPFRE está presente no mundo todo, mas tem atuação principalmente na Europa e na América Latina e que muitas apólices da companhia tinham exclusão da pandemia. “Algumas carteiras tinham cobertura, outras exclusão e, assim como a  MAPFRE, muitas companhias optaram por dar cobertura na carteira de vida”, explicou.

Ele ressaltou ainda que as companhias estão cumprindo a missão de cuidar de pessoas.  “Preservamos a saúde de funcionários e suas famílias, dos clientes e parceiros e mantivemos o atendimento aos nossos clientes”, disse. Ele lembrou ainda que o mercado está fazendo doações e isto está se produzindo no mercado mundial. “Nunca pensamos em uma crise que poderia afetar todo o mundo e todos os setores econômicos”, falou.

Para Edson Franco, CEO da Zurich Seguros, a primeira lição que fica é que não é hora de negacionismo. “Estamos vivendo a maior crise sanitária desde a gripe espanhola e uma crise econômica que não se via desde a segunda guerra e que não será contida em 2020”, ponderou.

Olhando para o mercado brasileiro, Franco disse que o país não é tão diferente de outros países. “Do ponto de vista de governo o que vemos mundo afora são pacotes emergenciais para proteção  de renda, medidas redistributivas de renda, e é o que tem que ser feito”, destacou.

O executivo alertou, porém, que a crise não pode ser desculpa para distorcer relações intervencionistas do estado. “Não podemos entrar em um ambiente de insegurança jurídica com projetos de lei ou emendas sem respeito a princípios técnicos e atuariais”.

Franco disse ainda que o mercado de seguros é o grande fiador que vai ajudar o mundo a sair dessa crise. “O que vamos decidir agora pode servir para crises futuras”, ressaltou. O executivo lembrou que são 4513 projetos de lei propostos por câmaras municipais, assembleias legislativas e câmara dos deputados e senado envolvendo o mercado de seguros. “O momento é grave, mas não podemos sair rasgando contrato. O pânico é péssimo conselheiro”, alertou.

Ele lembrou ainda das ações voluntárias de boa parte das seguradoras ao decidir pela exclusão de pandemia no seguro de vida. “Isso mostra que há sensibilidade social sem necessidade de intervencionismo”, frisou.

Em termos práticos, Franco destacou que, de modo geral, as primeiras ações das companhias foram proteger colaboradores e clientes (garantindo atendimento). “O cuidado com as pessoas vem em primeiro lugar”.

Para ele, um dos efeitos do coronavírus é o maior nível de direcionamento aos canais digitais. “Todo mundo se pergunta que mudanças de comportamento serão permanentes, estamos nos dando conta que nossas empresas poderiam usar menos espaço físico, o trabalho remoto é uma realidade agora. Como vamos nos preparar para ser mais competitivo? Ainda não temos resposta”, sentenciou.

O desempenho do mercado de seguros

José Adalberto Ferrara, CEO da Tokio Marine, destacou a rapidez com que a indústria de seguro conseguiu colocar os funcionários em home office. “Todos nós conseguimos, em 48 horas colocar todos os funcionários em home office e tudo funcionando bem”. Ele ressaltou que a produção flui através dos corretores e eles também estão operando em home office. “Os corretores estão sendo fundamentais para garantir a produção”.

Para ele, existe uma mudança de comportamento. A pandemia está provando que aquele receio que existia na indústria de que a tecnologia iria substituir o corretor está desaparecendo. “A tecnologia está presente para ajudar os corretores a vender mais. Temos que olhar daqui para frente o que vai acontecer com o mercado brasileiro”.

O executivo aposta em uma queda da produção, mas com expectativa de recuperação em 2021.  “Se olharmos esse momento agora e um pouco para frente estamos em um ponto de inflexão em que vamos poder privilegiar o trabalho em home office vamos questionar nossas necessidades de espaço físico”, analisou.

Para Ferrara é preciso enxergar junto com os corretores quais os produtos a indústria de seguro deve desenvolver. O executivo é otimista com o futuro. Para ele existe oportunidade para aumentar o bolo securitário. “Mesmo com a pandemia e a desaceleração econômica, o Brasil continua na linha correta”, afirmou.

Já o CEO da MAPFRE disse que o crescimento do mercado vai depender do impacto da pandemia. “Muitas pessoas dizem que o consumidor está mais disposto a ouvir sobre seguro de vida, mas a venda consultiva do corretor será fundamental porque é preciso analisar a necessidade real desse cliente. O mundo está mudando. O cliente precisa de uma venda consultiva, precisamos chegar nele”, disse.

Para Franco é difícil dizer neste momento qual vai ser o percentual de queda de prêmio em 2020. “Não sabemos a extensão e a duração dos períodos de quarentena, distanciamento social, um agravamento do lockdown ou não. se teremos uma segunda onda de contaminação. São muitas incertezas”.

Ele lembrou ainda que é preciso levar em conta o efeito o prêmio ganho dependendo de cada ramo. “O efeito no mercado de seguros é amortecido mas dura mais tempo. Nesse momento nos cabe ser realistas no planejamento e otimistas na execução. Vamos executar os planos com otimismo”, disse.

como será o futuro?

Para o CEO da Zurich,  ainda não dá pra saber o comportamento do consumidor do futuro. “Algumas quebras de paradigma vieram para ficar e serão incentivadas pelas empresas e governo. Trabalho remoto, autosserviço deve ganhar espaço mas não sabemos se o consumidor que era de loja física será de e-commerce. Não acredito em mudanças bruscas no hábito de consumo do brasileiro”, opinou.

Ferrara ressaltou que a cobertura de lucros cessantes é cobertura associada a raios, incêndio explosão não tem nada a ver com pandemia. “Se obrigarem as companhias brasileiras a pagarem isso, haverá quebradeira. É preciso cuidado com isso”, alertou o CEO da Tokio Marine.

Ele afirmou que seria bom que seguradores, resseguradores, corretores e órgãos reguladores discutissem questões como riscos gravosos que têm demanda reprimida. “Não há seguradora com capital suficiente para bancar isso. A pandemia parece que vai estar presente em nossas vidas. Talvez tenhamos que colocar no clausulado venda para pandemias. Talvez seja algo demandado pelo mercado”, afirmou. E provocou: “Agora com a pandemia que produtos poderíamos pensar juntos?”

Sempre otimista, Ferrara considera que é o momento de se pensar grande. “O mercado vai recuperar? Claro que vai. Se não fosse a pandemia o país estaria com a economia bombando. É um momento de pensarmos grande”, acredita.

Para ele, com a tecnologia que as companhias colocaram à disposição dos corretores, eles podem fazer negócios. “Não há fronteiras. Não tenho a menor dúvida que voltamos a crescer em 2021 porque o país vai voltar a crescer”, afirmou.

Franco disse que as PME’s devem ser as mais afetadas pela crise e devem se conscientizar cada vez mais desta cobertura de risco. “Estamos percebendo que assim como veio um risco sanitário, os riscos silenciosos são os mais perigosos”. E, nesse sentido, ele fala do risco cibernético que pode provocar crises com impacto econômico muito relevante para a sociedade.

“Todos nós temos que abrir um debate sobre o futuro do mercado de seguros sobre como assegurar que o mercado exerça seu papel fundamental de proteger pessoas. Como nós podemos prestar um serviço de cada vez maior seguridade para nossos clientes tanto pessoa física quanto jurídica”.

Para Gutierrez, a sociedade não vai ter uma mudança de 180 graus. “Temos que entender que o mercado de seguros pode escolher as vias de comunicação e temos que estar abertos. Vamos nos relacionar com o cliente do jeito que ele quiser”.

Ele concorda com Ferrara: “Temos que fazer grande. Estamos demonstrando que somos capazes de fazer, então continuemos a fazer juntos. Não existe um mercado para seguradores, um mercado para corretores. Existe o mercado segurador”, finalizou.

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